VIDA, MORTE, ELEIÇÕES, FALCATRUAS E UM POVO QUE NÃO LIGA.
Pois é. Mais um debate, mais uma pesquisa e as eleições continuam no mesmo rumo que, bem sabemos, dificilmente se reverterá. Se por um lado a candidata que lidera todas as pesquisas é incapaz sequer de falar com coerência e responder a uma simples pergunta; por outro a oposição jaz apática e representada por alguém sem carisma, sem talento e sem a mínima idéia de como revelar a verdade sobre o monstro que cresce alimentado a muitas verbas públicas, propinas generalizadas e escândalos sem fim.
O Brasil prepara-se para entregar, por mais quatro anos, as chaves dos cofres públicos para uma das piores quadrilhas que já se apossaram delas. Se antes os escândalos também existiam; nenhum deles jamais atingiu a magnitude e o peso dos que se sucedem no governo Lula.
Quer tenha sido no escândalo do Mensalão, com a compra de grande parte do Congresso; quer no escândalo das Teles, onde o filho de Lula deixou o humilde posto de sócio numa obscura empresa de games para se tornar um dos homens mais ricos do país – sendo tachado de “fenômeno” até pelo próprio pai em uma entrevista – ou nos demais escândalos que se sucederam quase mensalmente durante todo o tempo da administração do PT e de seus aliados; uma coisa jamais mudou: Lula está sempre nos braços do povo.
É verdade. O brasileiro é fiel. Mesmo roubado. Mesmo pagando, com quatro meses de trabalho árduo e muito suado, os luxos dos que não trabalham, as várias aposentadorias de Lula e as propinas que engordam as contas no exterior de várias pessoas ligadas ao governo (segundo denúncias amplamente divulgadas). O brasileiro segue fiel, manso e dominado; qual gado castrado que segue para o abate ruminando feliz a última porção de capim que jamais digerirá.
Mas, para o brasileiro, o capim é a televisão de plasma – comprada em suaves prestações – e o celular pai-de-santo de “último tipo” – que os impostos e tarifas altíssimas o impedem de usar – é a promessa do “pai” que a “mãe” vai continuar o serviço – mesmo que isso signifique viver com esgoto na porta de casa, sem saúde e com uma educação fantasiosa e regada a índices mascarados.
Enquanto isso, a realidade bate a porta dos famintos de dignidade e dos desamparados que ligam a TV de plasma e aplaudem seu messias operário sorridente – que vem em cadeia nacional banalizar e defender crimes e criminosos com uma desenvoltura sem igual, ávido de poder e pouco se lixando para as necessidades do povo que governa – enquanto mínguam nas portas dos hospitais lotados e mal aparelhados, nas filas dos postos de saúde depauperados ou construídos apenas para iludir e enrolar a população.
Mas, ele ri na TV e pede votos para seus aliados – mesmo os que acabaram de ir para a cadeia – vomita mentiras e se diz “pai dos pobres”, indicando a “mãe” que o sucederá. Enquanto isso, seus filhos, filhas e netos engordam com propinas, jetons, informações privilegiadas, cartões corporativos ilimitados e tudo mais que o poder e a impunidade podem fornecer. Mas, os filhos daqueles que batem palmas e beijam os pés e as mãos deles morrem a míngua pela recusa do uso de um respirador artificial e da realização de um gasto de cerca de 500 reais. O preço de uma vida para essa gente.
Não é a toa que está bom – Lula e os seus candidatos que estão em cana.
Isso mesmo, ao explodir o mais novo escândalo do governo Lula – a continuidade do uso da Casa Civil como centro de negociata e arrecadação de propinas – um jovem fluminense de apenas 14 anos (vítima de leucemia e de uma complicação pós-transplante) necessitava urgentemente de um respirador artificial para socorrê-lo em caso de uma crise respiratória.
A família pobre teve que recorrer ao Judiciário para conseguir o tratamento – negado de pronto pelo governo por ser “caro” – e obteve sucesso em poucos dias. Mas, para surpresa de todos, mesmo com a decisão judicial em mãos e ante o “gigantesco” gasto necessário para manter o respirador na casa daquela família (em torno de 500 reais mensais) a prefeitura, o estado e o governo federal empurravam a responsabilidade um para o outro. Para o governo federal, a despesa era “injustificada” e deveria ser assumida pela prefeitura. Para a prefeitura o valor era “elevado” e deveria ser bancado pelo estado. Este, por sua vez, mesmo estando com Lula – como não cansa de dizer o governador – dizia que a União é quem deveria assumir a despesa “exorbitante”. Afinal. Era apenas a vida de um moleque pobre de 14 anos. Quem sabe, se vivesse, seria mais um marginal. Gastar 500 reais com ele seria cortar os mesmos 500 da “boquinha” para a eleição.
Mas, a realidade é muito mais sábia que todos esses crápulas malditos. O garotinho apenas morreu. Retirou-se dessa realidade sórdida e desse país de descerebrados, desalmados e crápulas podres. Sua morte mostrou de forma dura, e com uma frieza a toda prova, como Lula, Sérgio Cabral e Eduardo Paes – todos aliados e “amigos dos pobres” realmente pensam.
Talvez, se a família do garoto tivesse procurado a Chefe da Casa Civil (ou seu filho) e aceitado pagar a tal “taxa de sucesso” de 6% sobre a verba necessária para o cilindro… O menino vivesse.
Talvez se a família efetuasse contribuições para as campanhas do PT e do PMDB… O menino estivesse agora vivo e feliz.
Talvez se a “mãe do PAC” não estivesse tão preocupada em forçar lágrimas no debate, clamando o desejo de criar oportunidades para as criancinhas, e realmente tivesse feito isso nesses anos todos… o garotinho não morresse.
Talvez se o filho de Lula doasse 600 reais de sua recente mega-fortuna-relâmpago e o próprio Lula não defendesse e não se aliasse tão veementemente a escroques e corruptos… O garotinho estivesse vivo.
Talvez se a família tivesse contratado José Dirceu como consultor ou Palocci como porta voz… O garoto tivesse uma chance ao menos.
Mas, a verdade mesmo é que se talvez o povo ligasse mais para as reais necessidades, para as conquistas verdadeiramente importantes e para a sua própria dignidade – não aceitando ser tratado como gado e enganado com um naco de capim – o garotinho estaria vivo ao lado de seus familiares sem a necessidade sequer de recorrer ao Judiciário.
Mas, a certeza garantida mesmo, é que se tivéssemos vergonha na cara e fôssemos metade da nação que pensamos ser, Fabinho (esse era seu nome) estaria vivo.
Pense nisso.
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Leia o original aqui: http://www.visaopanoramica.com/2010/09/13/vida-morte-eleies-falcatruas-e-um-povo-que-no-liga/#ixzz38VimhkKv