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A santificação sob a perspectiva da bíblia-introdução: Aqui |
Foto: Reprodução Internet
A adolescente de cabelos coloridos de vermelho D.S., de 14 anos, começou a se automutilar aos 13 anos, em outubro passado. Depois de sangrar a palavra “fim” na coxa direita, indicando que queria interromper o processo, decidiu pedir socorro à mãe. A funcionária pública J. conseguiu internar a filha no Centro Psíquico da Adolescência e Infância (Cepai) da rede Fhemig. “Estou apavorada. Mesmo na clínica, ela está se cortando toda. Estou em pânico só de ver as fotos. A internet contribuiu muito para isso acontecer. É um absurdo”, desabafou a mãe, desesperada. Segundo ela, havia outra adolescente internada com o mesmo quadro na instituição, usando luvas rosas para disfarçar os ferimentos.
A pediatra carioca Gabriela Pedrosa, que atua em Belo Horizonte, alerta para a multiplicação dos pacientes batendo à porta do consultório. “A pediatria é a porta de entrada para os casos. A mãe traz a menina, queixando-se que está está indo mal na escola e não quer conversar. Depois da terceira, quarta consulta, a pré-adolescente mostra os cortes e revela o que está ocorrendo. Nos últimos cinco anos, a procura aumentou muito”, diz. Segundo ela, nos anos de 2012 e 2013, foram atendidos dois a três pacientes com o quadro, enquanto ano passado a demanda saltou para dois por mês.
Embora os grupos da internet tenham o suicídio como pano de fundo, a maior parte dos adolescentes que se autoagridem não está realmente tentando se matar e tampouco faz isso para chamar atenção. “O adolescente que se mutila não está tentando o suicídio, apesar de poder ser um desejo seu. O que ele quer, com o ato de se mutilar, é aliviar a sua dor emocional e evitar, justamente, o suicídio”, esclarece Cristina Chen, que defendeu tese de pós-graduação sobre automutilação na Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo, em 2010. Segundo a especialista, ele também não está tentando chamar a atenção para si. Prova disso é que o ritual é feito às escondidas e o adolescente busca de todas as formas esconder os machucados, feitos em locais do corpo que não são tão expostos.
“Até há algum tempo, o fenômeno já existia, mas não se falava nele. Agora, com a internet, tornou-se mais fácil chegar ao atendimento”, defende a psiquiatra Jackeline Giuspi, coordenadora do Ambulatório de Transtornos do Impulso, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, e autora de tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) com este tema, em 2013. Ela criou o ambulatório para prestar atendimento gratuito em 2004 em princípio voltado para adultos. Segundo estudos alemães, ingleses e norte-americanos, 17% da população geral de adolescentes e jovens adultos e 35% dos pacientes psiquiátricos se automutilam. “Nos aplicativos como o Tumblr e até no YouTube, há páginas e páginas justificando que a dor do corpo não é nada perto da dor da alma. Se a garota enfrenta situações próprias da adolescência, como brigar com o namorado ou não gostar do próprio corpo, ela busca uma saída fácil”, afirma ela, que já atendeu até crianças a partir de 9 anos com o problema.
VÍCIO
Aos poucos, o ambulatório passaria a receber casos frequentes envolvendo adolescentes, especialmente depois da divulgação da notícia da brasileira grávida presa na Suíça, em 2009, que dizia ter sido atacada por skinheads. Mais tarde, a moça confessou que se automutilava. “Quanto mais tempo se leva para buscar ajuda, mais difícil é reverter, porque o paciente fica viciado na endorfina liberada no momento do corte. Se arranjava motivos para se cortar, como brigar com o namorado ou ir mal na prova, ele passa a desejar a sensação boa, independentemente de estar triste ou alegre. Começa a se machucar por qualquer coisa. Vira um vício”, diz Jackeline Giuspi, lembrando que a endorfina liberada nos cortes superficiais equivale a meia hora de corrida.
Moda e alívio emocional
A moda da automutilação está ganhando adeptos entre adolescentes que enfrentam dificuldades em atravessar a fase das mudanças, mas também entre aqueles atraídos pela curiosidade de experimentar. “Para ser aceito no grupo da internet, da escola ou do bairro, o adolescente acaba cedendo à pressão social para não perder a amizade. Ele pode sentir dor e nunca mais fazer. Mas, se estiver passando por um processo de incompreensão, pode acabar aprendendo o método como forma de encontrar alívio psíquico e emocional”, diz Cristina Silveira, psicanalista e psicopedagoga.
Em ambos os casos, tanto por modismo ou por transtorno, os pais devem acender a luz amarela para o comportamento dos filhos. “Além da falta de limites, não há mais a figura paterna para dar limite aos filhos. As crianças têm de lidar com situação cotidianas que exigem muita maturidade e que elas ainda não têm. Isso gera uma ansiedade muito grande”, alerta Cristina, que recebeu no consultório adolescente que tentou se matar, no último grau da automutilação.
“Ao perceber que o filho está se cortando, é natural que os pais fiquem assustados. Eles não têm obrigação alguma de saber o que fazer naquele momento. Só recomendo que enxerguem os ferimentos sem preconceitos”, ensina a psiquiatra Jackeline Giuspi,do HC de São Paulo. Segundo ela, ajuda bastante fazer de conta que o filho está apenas chorando. “Ele precisa menos de crítica e mais de espaço para dizer o que está sentindo, para desabafar, sem julgamentos”.
APOIO FAMILIAR
A pediatra Gabriela Pedrosa aconselha que, depois que a situação for identificada na consulta pediátrica, o adolescente deve ser encaminhado a ajuda profissional. “Se for algo leve, terapia resolve. Se estiver deprimido ou com transtorno, vai precisar de atendimento de urgência na psiquiatria, além de apoio em casa”, diz. A automutilação é um sinal de que algo precisa ser melhorado na convivência familiar. “Os filhos precisam muito da presença da família. É preciso ter tempo e tempo com qualidade. Vamos voltar a comer juntos e levantar a cabeça do celular. Voltar a nos olhar nos olhos”.
D.S., de 14 anos, foi internada pela mãe por estar há um ano se automutilando
1 - Por que você começou?
Eu estava me sentindo sozinha, sem ninguém. Não queria mais sair de casa e cheguei a pesar 80 quilos por causa do medicamento para depressão. Estava muito infeliz. Dei uma olhada na Play Store (Google) e encontrei os grupos. Acontecia a mesma coisa comigo e com eles.
2 - Como você está indo na escola?
Estou indo muito mal. Nem comecei ainda a estudar este ano. Estou na quinta série e tomei três bombas.
3 - O que você sente quando se corta?
Sinto um alívio, uma coisa boa. Logo depois, me arrependo e vejo que não é bom. É como uma droga que a gente não consegue parar de usar. Na verdade, eu mesma pedi ajuda para a minha mãe porque estava me cortando muito. Agora, estou conseguindo me controlar e há três dias não faço isso.
EM
Fonte: http://www.plox.com.br/caderno/ciencia-e-saude/influenciados-pelas-redes-sociais-casos-automutilacao-entre-jovens-brasil-au
[...] Eu estava me sentindo sozinha, sem ninguém.[...] Quando um adolescente chega a fazer esta confissão, é sinal de que algo errado está acontecendo na família e com ele próprio. Nem precisa ser intectuais como foram Freud e Yung para chegar à esta conclusão. Se dentro do lar o filho se sente só, como é o exemplo da jovem citada que desabafou com a frase acima; isto é um grave sinal de que há uma barreira intransponível entre ele e os seus pais agravada pela ausência deles e outros fatores adversos. Na cultura pós-moderna, filhos simbolizam problemas pessoais para os adultos, que procuram fórmulas mirabolantes para solucionarem, esquecendo-se, de que eles estão ausentes na vida dos filhos mesmo estando corporalmente presente. Isto vai piorando conforme o problema do comportamento do jovem vai se agravando, a ponto dos pais além de não notarem que algo de entranho está acontecendo no comportamento do filho; e que provalvelmente pode ser por culpa direta deles; ainda decidem entregá-lo para os cuidados de algum terapeuta do comportamento. Eles é que deviam se tratarem antes de gerar filhos! Este problema afeta a sociedade em geral. Estava lendo um artigo semelhante na impresa de Portugal e percebi que este cenário caótico ja está disseminado em muitos países. Este grave mal comportamental dos pais, que defino como transtorno disfuncional familiar [incômodo funcionamento anormal da família] não envolve distinção ou influência religiosa. Costumo defender a fé individual e não a religiosidade, visto que isto ocorre muito no segmento cristão, cujo, é o meu radical. Certa vez na faculdade, ouvi um relato de um experiente professor; capelão; psicólogo; psicanalista e pastor; onde ele mencionou um caso de um jovem de 15 anos, que foi seu ex-paciente e filho de um pastor da sua denominação, que depois de ser tratado por ele através através de todos os métodos cientificos e reliogioso que ele domina conforme grifei; além de ter inscrito o jovem num curso básico de teologia como terapia ocupacional e espiritual; quando já havia indicação de que o tratamento estava produzindo efeito positivo; repentinamente o jovem suicida-se dentro da própria casa! Este professor especialista, se ele não conseguiu e não é capaz de explicar esta tragédia com base em toda a sua formação academica e religiosa, quem poderá fazê-lo? O próprio pai ou a mãe do jovem? A quem atribuir a culpa? ao infortúnio do jovem? Há! Foi o diabo. Lembrei. Todos os nossos erros e fracassos é culpa dele, nunca é pela nossa, ingnorância e incompetência? Quantos filhos as famílias perdem para o mundo do crime, e só percebem quando eles estão mortos; apreendidos ou com a vida destruída pelas drogas e pela criminalidade? E os chefes [não pais lógico, pai e mãe são outra coisa] de famílias estavam onde e fazendo o quê; que não conseguiram evitar a tragédia do próprio filho e tentar ajudá-lo em tempo, já que não foram capazes de evitar a sua desgraça? Quantos pais incompetentes fingem não saber da vida vida corrompida do filho, ignorando as atitudes suspeitas dele, omitindo-se e sendo coniventes, quando deviam, intervir? Há! Estavam trabalhando para dar o melhor conforto possível para eles! E o carinho, atenção, amizade, diálogo, presença constante, participação e influência na vida pessoal e até íntima com os filhos se for possível serve para que? Pais e filhos que interagem entre sí, que têm uma vida saudável e transparente e sem tabus, criam vínculos e laços eternos que formam os alicerces e colunas de uma família estruturada. Como mudar este quadro caótico? Se educar já é complicado, não educar abandonando ao destino, o que será? Depois é fácil dizer que aquele que não presta já nasce! Depois de tê-lo perdido o se haverá de fazer? Há! Chamar a cegonha, como diziam os antepassados para vir cuidar daqueles que ela trouxe ao mundo? Talvez, se ela vir, que também ensine o homem e a mulher a serem pais responsáveis e não chefes de [tribos] digo, pais de filhos!
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