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A santificação sob a perspectiva da bíblia-introdução: Aqui |
Thomas Ice
Virtualmente todos os estudantes da Bíblia reconheceriam que o Livro de Atos é uma transição de Israel para a Igreja como instrumento de Deus através do qual Ele propaga Sua mensagem. Há três passagens principais que devem ser entendidas a fim de que se consiga captar do que trata essa transição. Essas três passagens são: Atos 1.3-10, Atos 3.11-26 e Atos 15.6-21.
Deixe-me também dizer logo de início que o Novo Testamento ensina que a Igreja é um mistério (Rm 16.25-27; Ef 3.3-9; Cl 1.26-27), sendo sempre parte do plano de Deus para a história, mas escondida do homem até que o apóstolo Paulo a revelou em alguns de seus escritos. Assim, a Era da Igreja é uma fase temporária na história, na qual o Evangelho é pregado “até que haja entrado a plenitude (isto é, literalmente: ‘o número completo’) dos gentios” (Rm 11.25). Quando o propósito do Senhor Jesus para a Igreja chegar ao fim, Ele arrebatará Sua Noiva para o céu para que Deus termine Suas ações incompletas com Israel durante a 70ª semana de Daniel, também conhecida como a Tribulação de sete anos.
A primeira passagem sobre a transição é encontrada no capítulo um de Atos, antes que a Igreja tivesse tido início, no capítulo seguinte. Lucas nos diz que Jesus apareceu repetidas vezes a Seus discípulos depois de Sua ressurreição, durante um período de quarenta dias, “falando sobre as coisas concernentes ao reino de Deus” (At 1.3). Por que Jesus ensinou a eles sobre as coisas relativas ao reino quando havia tantas outros assuntos que Ele poderia ter ensinado? Parece-me que foi porque esses homens eram todos judeus e a grande esperança do povo judeu é que o Messias venha e reine com eles em um futuro reino terreno; eles devem ter pensado que a vitória do Messias sobre a morte significava que o reino estava próximo. Exatamente essa mentalidade se reflete na pergunta que fizeram a Jesus repetidamente[1] no dia de Sua ascensão: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (At 1.6). Está claro que eles esperavam que o reino judeu, que nós conhecemos como o Milênio, chegasse naquele momento da história. Contudo, Deus tinha outros planos. A resposta de Jesus relativamente a essa pergunta foi: “Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1-7-8).
A exigência para o estabelecimento do reino de Israel é que a nação deve reverter sua rejeição a Jesus como seu Messias nacional e individual (isto é, deve arrepender-se), o que levará ao perdão de seus pecados.
Observe que Jesus não repreendeu a visão de reino que eles tinham, como expressaram no versículo 6: “o reino a Israel”.Cristo não disse que eles tinham a visão errada sobre o reino, uma vez que Ele estava mudando de um reino literal, com Israel no centro, para uma visão espiritual do reino. Em vez disso, a resposta de Cristo foi sobre o tempo do estabelecimento do reino de Israel e Ele voltou seu enfoque para o próximo estabelecimento da Era da Igreja, apresentando a quinta repetição da Grande Comissão.[2]
Deve-se observar que, quando a nação de Israel rejeitou oficialmente a Jesus como seu Messias em Sua primeira vinda, em Mateus 12, Jesus continuou com os mistérios relativos ao programa do reino em Mateus 13. A essência dos ensinamentos dEle em Mateus 13 é que o reino um dia chegará, mas por enquanto está sendo adiado. A resposta de Cristo em Atos 1.8 confirma esse ensinamento. Segue-se que o reino de Israel do Antigo Testamento foi adiado na história, mas, durante esse ínterim, a Igreja é chamada a evangelizar o mundo.
A questão do adiamento do reino é mais tarde esclarecida à medida que o Livro de Atos se move para o capítulo 3. Esse evento parece ter ocorrido apenas semanas depois da fundação da Igreja em Atos 2. Como resultado das circunstâncias observadas na passagem, Pedro está pregando um sermão na área do monte do Templo para os judeus e diz a eles que precisam se arrepender e crer no Evangelho. Pedro acrescenta as seguintes declarações:
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca de seus santos profetas desde a antiguidade” (At 3.19-21).
Mais adiante, Atos 3 estabelece no Novo Testamento que há um futuro reino para Israel, mas essa passagem também esclarece a condição para a vinda do reino judaico. A exigência para o estabelecimento do reino de Israel é que a nação deve reverter sua rejeição a Jesus como seu Messias nacional e individual (isto é, deve arrepender-se), o que levará ao perdão de seus pecados. Até que aconteça esse arrependimento, Pedro diz que Jesus, o Messias designado para a nação de Israel, deve permanecer no céu. Entretanto, quando essa condição for satisfeita, o Messias voltará e estabelecerá “os tempos da restauração de todas as coisas” e “os tempos de refrigério”, que são referências ao reino milenar. Pedro diz que “os tempos de refrigério” e “os tempos da restauração de todas as coisas” também são mencionados em todo o Antigo Testamento pelos profetas. O substantivo “restauração” vem da mesma raiz grega que é usada em Atos 1 como verbo, quando os discípulos ficam perguntando a Jesus se aquele seria o tempo em que Ele “restauraria” o reino a Israel. Isso nos fornece uma ligação clara do capítulo 3 com o reino citado no capítulo 1. Essa passagem confirma, e também desenvolve, o progresso da revelação de Deus relativamente às promessas de reino de Israel no Antigo Testamento, que não estão sendo descartadas pelo estabelecimento da Igreja. Atos 3, mais adiante, estabelece um reino futuro, mas adiado, para o Israel nacional, quando os judeus colocarem sua fé no Messias (Zc 12.10; Rm 11.25-27). O período da Tribulação, que é a 70ª semana de Daniel, será um tempo futuro quando Israel “se arrependerá” e “se voltará” para o Senhor, resultando na remoção de seus pecados pessoais e na redenção nacional.
O Concílio de Jerusalém está registrado em Atos 15 e fornece o contexto no qual acontece nossa última passagem sobre a transição. A questão envolvida é se os gentios tinham que ser circuncidados e convertidos ao judaísmo a fim de crerem no Evangelho, ou se poderiam simplesmente crer no Evangelho como gentios, sem qualquer relação com o judaísmo. Tal questão vai direto ao âmago do propósito de Deus para a Era da Igreja, que começou em Atos 2, e sua relação com Israel. Tiago, meio-irmão de Jesus e chefe da Igreja em Jerusalém, que foi o centro do cristianismo judaico inicial, apoiou a visão de Pedro, Barnabé e Paulo, que ensinavam: “Cremos que fomos [os judeus] salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles [os gentios] o foram” (At 15.11).
Tiago declara o seguinte:
“Expôs Simão [Pedro] como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome. Conferem com isto as palavras dos profetas, como está escrito: Cumpridas estas coisas, voltarei e edificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei” (At 15.14-16).
Em todas as três passagens da transição em Atos, a palavra “restaurar” é usada de alguma forma. Essa palavra é chave para a compreensão de que Deus não terminou Seu tratamento com Israel e um dia irá “restaurar” o reino a Israel.
Tiago constrói seus comentários em torno de uma citação de Amós 9.11, que fala dos últimos e permanentes dias de restauração do povo judeu à terra de Israel: “e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados” (Am 9.15). Quando olhamos para Amós 9.11-12, vemos que Tiago retira a frase “Naquele dia”, que inicia o versículo 11, e acrescenta “Cumpridas estas coisas, voltarei”, em Atos 15.16a. “Naquele dia”, em Amós 9.11, dá orientação sobre o cumprimento dessa palavra quando o Senhor reconstruir o tabernáculo caído de Davi, que está dentro do contexto milenar (compare com Amós 9.13-15). O prólogo de Tiago, “Cumpridas estas coisas, voltarei”, dá orientação sobre a citação do Antigo Testamento com respeito à atual Era da Igreja. Claramente, “Cumpridas estas coisas”, refere-se ao período em que Tiago e seus companheiros crentes estavam vivendo, que é a Era da Igreja. Tiago estava falando ao Concílio, basicamente composto por judeus, que, depois que a presente Era da Igreja tiver sido completada, o Senhor “retornará” e cumprirá as promessas a Israel. Isso proporciona um roteiro bem claro para o história – a atual Era da Igreja, seguida pelo cumprimento das promessas davídicas a Israel no reino milenar.
Em todas as três passagens da transição em Atos, a palavra “restaurar” é usada de alguma forma. Essa palavra é chave para a compreensão de que Deus não terminou Seu tratamento com Israel e um dia irá “restaurar” o reino a Israel. Tiago nos diz que o propósito da atual Era da Igreja é constituir de entre os gentios um povo para o Seu nome, que é a Igreja, a Noiva de Cristo. Quando o número completo de gentios for completado (Rm 11.25), Deus voltará e tratará com a nação de Israel, levando-a à conversão e à chegada do reino milenar. O Novo Testamento não ensina que a Igreja substituiu Israel, mas, em vez disso, reconfirma os ensinamentos do Antigo Testamento de que Israel entrará em seu reino uma vez que creia e clame pelo nome de Jesus como seu Messias durante o tempo da angústia de Jacó (Rm 10.13-15). Tal reunião de judeus levará a um ainda maior número de conversões dos gentios (Rm 11.12), à medida que Jesus retornar para literalmente reinar e governar a partir de Jerusalém, através da nação de Israel, e com Sua Noiva a Seu lado. (Thomas Ice - Pre-Trib Perspectives -http://www.chamada.com.br)
http://www.chamada.com.br/mensagens/transicoes_atos.html
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