A Trindade Satânica
Você já comprou algo que posteriormente descobriu ser uma fraude? Já entrou num “negócio” que, afinal, descobriu ser uma completa mentira? Já recebeu dinheiro falso? Em uma de minhas primeiras viagens ao Oriente Médio, um jovem do nosso grupo comprou um cinto “de couro” que parecia genuíno. Após um dia de uso, ele descobriu que, na realidade, o cinto era feito de papelão. Tratava-se de uma falsificação, de uma fraude.
Satanás não é Deus. Mas ele quer ser Deus. Da mesma forma que as pessoas adoram a Deus, Satanás deseja que o adorem e o sirvam. E a única forma que ele tem para alcançar esse objetivo é enganar as pessoas, fazendo com que pensem que ele é Deus. Por isso, desde o início (Gn 3), seu esquema tem sido mentir e fingir sobre si mesmo e Deus. Jesus chamou o Diabo de “mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). Satanás está empenhado numa campanha de fraudes para desviar a humanidade de Deus e para fazê-la adorar e servir a ele, Satanás, como Deus, o que é em si mesmo uma mentira.
A culminação final de toda sua ânsia por adoração aparecerá na metade final do período da Tribulação. Ele agirá através do que pode ser denominado de “trindade satânica”.
Numa tentativa de ser como Deus – uma triunidade de três Pessoas em uma só Divindade – Satanás reunirá uma pseudotrindade, alcançando por breve tempo o que sempre quis: a humanidade adorando-o como se ele realmente fosse Deus. Mas, para isso, ele fingirá ser como Deus e governará por meio de um falso messias (o Anticristo), que será proclamado como tal por um falso profeta, uma imitação do Espírito Santo, que testifica de Cristo (veja Jo 15.26; 16.14). Juntas, essas pessoas demoníacas governarão o mundo por um breve período. Seu domínio, no entanto, não durará por ser uma mentira completa.
Essa “trindade” de forma alguma é como Deus. Não apenas Satanás não é Deus, mas também o Anticristo e o falso profeta são meros homens inspirados pelo Diabo. Não existe outra “trindade” porque ninguém é como Deus. Existe apenas um verdadeiro Deus triuno, YHWH (Yahweh, Javé), que é único em seu ser. A trindade de Satanás é apenas uma pobre imitação.
Da mesma forma que Deus, o Pai, é apresentado na Escritura como sendo o arquiteto da nossa salvação, também Satanás é apresentado como o arquiteto da destruição do ser humano. Ele é inimigo de Deus e, portanto, inimigo do homem. Todo o mal provém dele. Satanás não é bom, e nele não existe amor, graça, compaixão ou misericórdia. Demônios e homens o adorarão porque ele fingirá ser bom e poderoso. Ele faz promessas que não pode cumprir, a fim de levar demônios e homens à destruição, de maneira que não possam adorar ao Deus verdadeiro.
A figura que temos em Apocalipse 13.1 nos apresenta o dragão conjurando a besta que emerge do mar.
O primeiro vislumbre dessa trindade satânica foi revelado ao apóstolo João em Apocalipse 12 e 13. Ali o grande dragão, Satanás (veja Ap 12.9), é descrito como o inimigo do verdadeiro Messias e de Israel porque ele não quer que o reino de Cristo se torne realidade. Em Apocalipse 12, vemos milhares de anos de batalha entre Satanás e Deus. Nos versículos 1 a 5, o dragão está a ponto de destruir o Messias nascido de Israel. Mas Ele é arrebatado para Deus até ao Seu trono antes que o dragão possa prejudicá-lO. Essa é uma breve visão panorâmica do nascimento, ministério, morte, ressurreição e ascensão de Cristo.
Os versículos 6 a 17 levam-nos para adiante, para o período da Tribulação, em que o dragão procura aniquilar Israel, pois sabe que, se Israel for destruído, o reinado do Messias não poderá vir. Mas ele não consegue destruir Israel porque Deus protege miraculosamente Seu povo. Então o dragão volta sua atenção para os “santos”, aqueles que adoram o verdadeiro Messias durante essa época. Para tentar destruí-los, ele convoca a besta, o Anticristo, seu instrumento para enganar o mundo e levá-lo a adorar a ele, Satanás.
A figura que temos em Apocalipse 13.1 nos apresenta o dragão conjurando a besta que emerge do mar. Essa besta representa a forma final de todos os reinos gentios que governaram desde o último rei davídico legitimamente reconhecido em Jerusalém (Jeoaquim, 597 a.C.; veja os capítulos 2, 7 e 8 do livro de Daniel). Mas esse reinado perverso também é personificado por seu cabeça, o Anticristo, que é a encarnação do mal.
Em Apocalipse 13.3ss., uma das cabeças da besta sofre uma ferida mortal que é curada. As pessoas da terra ficam maravilhadas e seguem a besta. Como essa figura representa um império e o seu cabeça, poderíamos ter aqui um símbolo da “ressurreição” de um reino morto há longo tempo (ou seja, o Império Romano), ou então a ressurreição de seu cabeça pessoal, o Anticristo.
Em primeiro lugar, Satanás dará ao Anticristo poder sobrenatural para iludir o mundo, para que por meio dele Satanás seja adorado. Paulo afirmou que esse “homem da iniqüidade” (2 Ts 2.3) virá “com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem” (2 Ts 2.9-10). Assim como o verdadeiro Messias demonstrou Sua autoridade operando feitos miraculosos, também esse falso messias apresentará feitos sobrenaturais. Mas, em contraste com os milagres de Cristo, que se destinavam a conduzir as pessoas à adoração do verdadeiro Deus, estes milagres têm o objetivo de levar as pessoas a adorar o deus falso, Satanás.
Em segundo lugar, pode ser que essa besta também tenha o que parecerá uma experiência de ressurreição. Em Apocalipse 13.3ss., uma das cabeças da besta sofre uma ferida mortal que é curada. As pessoas da terra ficam maravilhadas e seguem a besta. Como essa figura representa um império e o seu cabeça, poderíamos ter aqui um símbolo da “ressurreição” de um reino morto há longo tempo (ou seja, o Império Romano), ou então a ressurreição de seu cabeça pessoal, o Anticristo. No caso da segunda alternativa, o Anticristo poderia usar a sua aparente ressurreição como “prova” de que ele é, de fato, o Messias.
Em terceiro lugar, essa besta procurará governar a partir de Sião, como foi profetizado a respeito do verdadeiro Messias (veja Sl 132.13-18). Ela fará isso erguendo uma imagem “viva” de si mesma no templo, em Jerusalém, com a exigência de que o mundo adore a imagem (veja Ap 13.14-15). Esse é o cumprimento tipológico da “abominação desoladora” de Daniel 11.31 e o cumprimento direto de Daniel 9.27 e 12.11, conforme refletido na profecia de Jesus em Mateus 24.15. Dessa maneira, Satanás finalmente será adorado pelo mundo como “Deus”. Mas tudo será uma mentira.
Vemos também um outro personagem, uma besta com chifres como um cordeiro, mas com discurso como de um dragão (veja Ap 13.11) e autoridade sobrenatural derivada do Anticristo. O que se descreve aqui é um profeta humano inspirado diabolicamente (imitando os profetas bíblicos, que eram inspirados pelo Espírito Santo), que apontará o Anticristo como Messias, como João Batista fez com Jesus. Como os profetas do Antigo Testamento, esse falso profeta será capaz de realizar sinais. Mas os seus sinais serão enganadores, a fim de “provar” a veracidade de seu testemunho. Ele exigirá que o mundo adore a besta (o Anticristo) e receba a sua marca; aquele que se recusar a fazê-lo será morto.
Espíritos demoníacos farão com que os governantes do mundo reúnam seus exércitos no vale do Armagedom, para o ataque final contra o remanescente judeu em Jerusalém (Zc 12-14)
Dessa “trindade” emergirá um engano final. Três rãs, representando espíritos demoníacos, sairão para enganar o mundo e uni-lo à besta numa rebelião geral contra a vinda do verdadeiro Messias e de Seu reino (veja Ap 16.13-16). Esses espíritos demoníacos farão com que os governantes do mundo reúnam seus exércitos no vale do Armagedom, para o ataque final contra o remanescente judeu em Jerusalém (Zc 12-14), a fim de destruir qualquer esperança de arrependimento desse povo e da vinda do reino de Cristo. No entanto, como Satanás deve saber, a reunião desses exércitos será para sua destruição. Esse engano terminará com a usurpação satânica do governo de Deus sobre a terra.
O breve e falso governo de Satanás sobre a terra terminará com a segunda vinda de Cristo. O apóstolo João descreveu esse glorioso advento em Apocalipse 19. O verdadeiro Messias virá do céu num cavalo branco, finalmente liderando Seus exércitos para tomar posse da terra como seu legítimo Rei (veja Ap 5). Uma das grandes designações errôneas de todos os tempos é a descrição da luta entre o Messias legítimo e os usurpadores na “batalha do Armagedom”. Na verdade, não existe batalha no Armagedom. O Senhor simplesmente dirá a Palavra, e Satanás e seus exércitos serão derrotados (veja 2 Ts 2.8). Os homens serão mortos, e a besta e o falso profeta serão imediatamente lançados no lago de fogo (veja Ap 19.19-21). Satanás ainda não será banido, mas aprisionado durante os 1000 anos de duração do reinado (veja Ap 20.1-2), para ser liberto apenas para uma última sedução sobre a terra, antes que ele também seja lançado no lago de fogo para sempre (Ap 20.7-10).
Satanás será aprisionado durante os 1000 anos de duração do reinado (veja Ap 20.1-2), para ser liberto apenas para uma última sedução sobre a terra, antes que ele também seja lançado no lago de fogo para sempre (Ap 20.7-10)..
Embora a Escritura descreva a queda de Satanás como um evento futuro, ele já é um inimigo derrotado. Satanás não tem nenhuma chance real de derrotar a Deus, embora possa ter se iludido imaginando que seria capaz fazê-lo. O que ele pode ter encarado como sua vitória – a morte de Jesus na cruz – revelou-se como sendo sua esmagadora derrota (veja Gn 3.15). Satanás foi derrotado na cruz. Ali, onde o amor de Deus pela humanidade foi demonstrado por meio da morte vicária do Seu Filho, a expiação foi realizada de tal maneira que os escravos de Satanás puderam ser libertos do seu poder, tornando-se livres para servir ao Deus vivo e verdadeiro. Desde então, Jesus está construindo a Sua igreja, composta dos santos de todos os tempos, que governarão com Ele no verdadeiro reino de justiça. Enquanto os santos oram pedindo o retorno do Senhor e o fim do reinado de Satanás, Deus continua concedendo graciosamente às pessoas o tempo para arrependimento e para que se voltem a Ele, antes que seja tarde demais.
Uma peça para a televisão chamada “Shadowlands” (“Terra das Sombras”, transformada num livro e num filme, com Anthony Hopkins no papel principal – N.T.) é um relato biográfico de C.S. Lewis e seu breve mas doloroso matrimônio com Joy Davidman, que faleceu de câncer logo após o casamento. Lewis, considerado um cristão devoto, conta de seu pesar e ira contra Deus por lhe tomar alguém que ele amava. Mas o título da peça já sugere como ele resolveu o seu pesar. Lewis se deu conta de que este mundo não é o real, mas apenas uma sombra da glória por vir. Nunca experimentamos um mundo totalmente “real”, verdadeiro, porque aqui tudo, especialmente nós mesmos, é caído e manchado pelo pecado e, dessa forma, está sob a influência enganadora de Satanás. Entretanto, os que são de Deus olham para Aquele que é real e verdadeiro e antecipam o momento em que o Senhor governará em justiça e verdade.
Jesus descreve o bem e o mal como luz e trevas. Ele afirmou que os homens amam as trevas, em vez da luz, porque suas obras são más, e que se envergonham ou têm medo de chegar à luz da verdade de Deus, onde suas obras são expostas (veja Jo 3.19-21). Mas esconder-se nas trevas apenas nega o pecado, nega a realidade. Reconhecer a própria pecaminosidade é resultado de andar na luz da realidade de Deus. A maravilhosa verdade é que quando reconhecemos o nosso pecado e o confessamos perante Deus, Ele nos perdoa e purifica baseado no sangue de Cristo, de tal forma que não precisamos mais nos esconder nas trevas (veja 1 Jo 1.5 a 1 Jo 2.2).
Satanás é mentiroso. Ele procura fazer com que o bem pareça o mal, e o mal pareça o bem. Nos últimos dias, ele iludirá as pessoas, fazendo com que acreditem que ele é Deus. Atualmente, ele ilude os homens para que creiam em falsidades a respeito de Cristo. Entretanto, confiar em Cristo como Senhor e Salvador é a realidade definitiva. (Herb Hirt — Israel My Glory)
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