Excelência não significa que alguém seja superior a todos os demais. Excelência é simplesmente ter o desejo e o empenho de fazer tudo da melhor maneira possível e de viver na plena dependência de Deus. No entanto, um cristão que procura a excelência não precisa simplesmente estar satisfeito com tudo; apesar disso, ele não fica com os braços cruzados, com críticas aos outros e ao que fazem, mas está disposto a se empenhar para mudar a questão para melhor. Esse empenho pessoal, sob a direção do Senhor, pode trazer efeitos impressionantes.
Em nossas igrejas infelizmente há muitos irmãos que se satisfazem apenas com um grau mínimo do desejável. Desses não precisamos esperar algum comprometimento, confiabilidade ou pleno empenho. Eles sempre encontram alguma desculpa. E quando resolvem fazer algo, então o fazem para agradar a alguém ou para receberem atenção.
Onde há falta de esforço por excelência, por exemplo, os professores das classes infantis de estudo bíblico se contentam em ler a história que transmitirão aos alunos apenas cinco minutos antes de ministrarem o estudo. Ou os irmãos que dirigem as reuniões ou cultos o fazem sem se prepararem para tanto em oração e sem escolher músicas e textos bíblicos adequados. Mesmo pastores e professores muitas vezes confiam em sua pretensa experiência e em sua facilidade de encontrar palavras certas, sem tomarem o tempo necessário para um profundo estudo da Bíblia e para oração. Precisamos nos admirar quando tantas vezes há tão poucos frutos espirituais e crescimento?
Uma característica marcante de nossa sociedade é a mediocridade, e esta tem o declínio por consequência. Aqueles que se esforçam pelo melhor não raras vezes são até ridicularizados ou zombados. Isso é observado já entre os jovens que se esforçam para obter boas notas: eles serão considerados depreciativamente como “nerds” pelos seus colegas de classe.
Martin Luther King Jr. certa vez afirmou: “Se alguém foi chamado para ser varredor de rua, ele deveria varrer as ruas com o mesmo empenho que Michelangelo pintava seus quadros, que Beethoven compunha suas músicas ou que Shakespeare escrevia suas obras. Ele deveria varrer tão bem as ruas de modo que todas as hostes celestiais e terrenas parassem para observar e dissessem: aqui viveu um grande varredor de rua, que fez um ótimo trabalho”.
Se Calebe tivesse sido um perfeccionista, certamente os anos quase intermináveis a mais vividos no deserto o teriam conduzido ao suicídio ou, por causa da decepção de não ter conseguido chegar à Terra Prometida pela via mais rápida, a uma profunda depressão.
O jovem Daniel e seus três amigos foram levados de sua terra e aprisionados na Babilônia. Eles foram obrigados a estudar muito para se adaptar à cultura, inclusive à cultura alimentar e à religião. Apesar da difícil situação, Daniel e seus amigos se portaram com excelência diante de seus superiores, pois eles não queriam infringir os mandamentos de Deus. Com isso eles foram reconhecidos como os mais sábios do reino (Dn 1.19-20). Posteriormente, Daniel também realizou seu trabalho com excelência, de modo que até seus inimigos reconheceram:
Diante disso, os supervisores e os sátrapas procuraram motivos para acusar Daniel em sua administração governamental, mas nada conseguiram. Não puderam achar nele falta alguma, pois ele era fiel; não era desonesto nem negligente. Finalmente esses homens disseram: ‘Jamais encontraremos algum motivo para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do Deus dele’.” (Dn 6.4-5)
Daniel procurava primeiramente alcançar essa excelência perante Deus, mesmo diante do perigo de que isso pudesse lhe custar a vida. Do mesmo modo como foi com Daniel, observamos também em Calebe esse “espírito de excelência”. Era o desejo incessante de fazer o melhor. E isso foi reconhecido por Deus. Daniel foi promovido pelo rei ao posto de autoridade responsável nas diversas áreas de atuação do governo. E Calebe, juntamente com Josué, foi reconhecido como excelente líder. Deus abençoa pessoas excelentes.
Nós mesmos deveríamos constantemente analisar a maneira como executamos nossas atribuições no serviço do Senhor para verificar se o fazemos do melhor modo, pois estamos no serviço do Rei de todos os reis, do Senhor de todos os senhores. Por isso:
Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo.” (Cl 3.23-24)