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A santificação sob a perspectiva da bíblia-introdução: Aqui |
Elliot Jager
Embora eu esteja morando em Jerusalém há quase 17 anos, às vezes ainda acho que ela é desconcertante.
As pessoas que não moram aqui provavelmente pensam primeiro na Cidade Velha e seus muros de pedra. Os muros não são antigos segundo os padrões de Jerusalém, pois têm um pouco menos de 500 anos. A maior parte dos muros antigos, dos tempos bíblicos, já não existe. Os conquistadores se sucederam, os muros foram destruídos, reconstruídos, e estendidos ao longo dos séculos.
Hoje Jerusalém é muito mais do que a Cidade Velha – embora seja verdade que, sem a Cidade Velha murada em seu epicentro, não exista nenhuma Jerusalém.
Os sábios judeus falavam de Yerushalayim shel malah, ou a Jerusalém espiritual, celestial, e de Yerushalayim shel mata, a Jerusalém terrena, pedregosa, do dia-a-dia.
Israel lutou sua Guerra da Independência em 1948. Quando a guerra terminou, não havia fronteiras nem paz, apenas as linhas do armistício de 1949, às quais muitíssimos diplomatas e pessoas da mídia se referem, tendenciosamente, como “as fronteiras de 1967”.
Incrustada nas cadeias de montanhas de Judéia e Samaria (a Margem Ocidental), Jerusalém foi uma cidade dividida entre 1949 e 1967. A Jordânia ficou com a Margem Ocidental, a Cidade Velha e seus lugares sagrados, além de grandes partes da Jerusalém Norte, Leste e Sul.
Durante a Guerra dos Seis Dias de 1967, Israel capturou e reunificou Jerusalém, retomando o acesso à Cidade Velha murada.
Dos 830.000 habitantes de Jerusalém, aproximadamente 35.000 residem na Cidade Velha, uma área que compreende pouco mais de 80 hectares. A população da Cidade Velha não reflete o perfil demográfico da cidade em geral. A maior parte dos residentes da Cidade Velha são árabes muçulmanos e árabes cristãos, com alguns armênios e outros.
Segundo estimativas, também vivem ali 6.000 judeus. Durante a ocupação da Jordânia, nenhum judeu poderia se aproximar, quanto mais morar, na Cidade Velha – embora eles tivessem habitado naquele lugar durante séculos.
Dos 830.000 habitantes de Jerusalém, aproximadamente 35.000 residem na Cidade Velha, uma área que compreende pouco mais de 80 hectares.
A maioria dos cristãos que moram permanentemente na Terra Santa é de árabes. Cerca de 10% dos 161.000 cristãos de Israel moram em Jerusalém. Destes, 38% chamam a Cidade Velha de lar.
Em geral, Jerusalém é a maior e mais populosa cidade de Israel, espalhada por mais de 12.500 hectares. Sua composição demográfica é de aproximadamente 62% de judeus, 35% de muçulmanos, e 2% de cristãos.
A população judaica é heterogênea. Cerca de 32% vivem isolados e são fervorosamente ortodoxos (haredi), 21% são ortodoxos modernos (“religiosos nacionais”), e 28% são observantes tradicionais. Os restantes (em torno de 19%) se descrevem como não-religiosos.
A população muçulmana da cidade é quase que inteiramente sunita e tradicional. Quase todos os muçulmanos jejuam durante o mês do Ramadan. A norma atualmente – testemunhamos essa mudança durante a década passada – é que as mulheres cubram seus cabelos.
À noite, com seus muros iluminados, a Cidade Velha evoca pensamentos de um reino de contos de fadas, uma Disneylândia do Oriente Médio. Uma maneira mais prosaica de pensar sobre ela é como um vilarejo envolto pela Jerusalém metropolitana.
A despeito de todos os modernos restaurantes, hotéis cinco estrelas, passeios, galerias de arte, casas de adoração e mosaicos de pessoas na moderna Jerusalém, é esta Cidade Velha – carregada de significação política, religiosa e histórica – que os visitantes mais querem ver.
A moderna metrópole onde vivemos – onde o Knesset (Parlamento) se reúne; onde o Yad Vashem rememora os seis milhões de vítimas judaicas do Holocausto; onde o Museu de Israel ostenta nossos tesouros artísticos, arqueológicos e culturais; e onde a maioria dos turistas se hospeda – é uma consequência comparativamente recente da Cidade Velha murada.
Com minha esposa, Lisa, eu gosto de me perder na Cidade Velha durante a semana do Natal, quando o lugar fica lotado de peregrinos, turistas e viajantes de todas as partes do mundo.
Lisa e eu nos dirigimos para a Porta de Jafa (construída pelo sultão otomano Suleimão em 1538). Há 11 portas, mas apenas sete estão abertas. Além da Porta de Jafa, as portas ativas são Sião, do Monturo, dos Leões, de Herodes, de Damasco e a Porta Nova.
Chegamos até a Porta de Jafa, caminhando através do passeio ao ar livre do sofisticado Mamilla Mall, que começa na rua Rei Davi diagonalmente do lado oposto ao do Hotel Waldorf Astoria, novinho em folha, e é espremido entre o luxuoso Mamilla e o hotel Cidadela de Davi.
Nem os hotéis nem os passeios existiam até bem depois de Israel ter recapturado a cidade em 1967. Antes de 1967, a área era uma “terra de ninguém”, onde os franco-atiradores jordanianos abatiam transeuntes.
Se você seguir nosso caminho pelo passeio do Mamilla Mall, poderá sentir-se viajando através do tempo – passando da Jerusalém cosmopolita, do século XXI, com suas lojas e cafés projetados por arquitetos modernos, para os arcos da Porta de Jafa, entrando na cidade murada da Jerusalém Antiga.
A Cidade Velha é dividida em quarteirões: muçulmano, cristão, armênio e judeu. Somente depois de 1967 foi que os judeus puderam voltar e reconstruir suas casas.
Nós rumamos à esquerda da Porta de Jafa, caminhando pelo shuk árabe (mercado aberto), andando ao longo da Via Dolorosa, onde podemos começar a inalar o aroma de grãos de café torrados na hora, que são vendidos em um estande árabe próximo.
Logo subimos uma escadaria que descobrimos alguns anos atrás, que nos leva a um dos terraços da Igreja do Santo Sepulcro. A igreja foi construída no Século IV, originalmente em uma colina do lado de fora dos muros da cidade. Muitos acreditam que a crucificação e a ressurreição aconteceram ali. Contudo, muitos evangélicos acham que o verdadeiro sítio é o Sepulcro no Jardim, que fica do lado de fora da Cidade Velha, mas a uma distância que se pode fazer a pé.
No ano passado, Lisa e eu fomos até a igreja no dia 26 de dezembro. Ficamos atônitos por ver o grande número de muçulmanos visitantes vindos da Indonésia. Embora a Indonésia seja uma nação maciçamente muçulmana, seja o quinto pais mais populoso do mundo, e não tenha nenhum relacionamento diplomático formal com Israel, Jacarta e Jerusalém cooperam discretamente para possibilitar o turismo e a peregrinação. No islamismo, Jesus é considerado um profeta muçulmano.
De acordo com a história sagrada judaica, o afloramento da rocha no coração do Domo da Rocha é o “lugar do sacrifício”, onde Abraão preparou-se para sacrificar seu filho Isaque, no monte Moriá (Gn 22), e onde Jacó sonhou com anjos subindo a escada (Gn 28.12).
Logicamente que os indonésios querem visitar especialmente os sítios sagrados muçulmanos.
Ao caminharmos em volta dos quarteirões cristão e árabe, nos perdemos, como sempre. Para mim esta é a maneira mais animada de fazer novas descobertas. Desta vez, meu pobre senso de direção valeu a pena. Por acaso, topamos com Bab al-Hadid, uma das sete entradas que os muçulmanos podem usar para terem acesso ao monte do Templo e seus santuários sagrados. Corajosamente, nos dirigimos à arcada, apenas para sermos firmemente impedidos pela polícia israelense.
Como não somos muçulmanos, não temos permissão para usar essa porta, respeitando assim a sensibilidade dos muçulmanos. Os não-muçulmanos devem entrar no platô através de um acesso específico – um caminho de madeira que liga a praça do Muro Ocidental com a Porta Mughrabi acima.
Então, notamos um sinal direcional a alguns metros de distância da proibida arcada Bab al-Hadid, apontando para o que é chamado de Ha-Kotel Ha-Katan, ou seja, “Pequeno Muro Ocidental”. Como a versão maior, este muro é parte do muro de retenção exterior que circundava o complexo do Segundo Templo. Ha-Kotel Ha-Katan é parte de um nicho e diz-se que é tremendamente próximo ao lugar em que estava situado o Santo dos Santos.
Sabemos onde ficava localizado o Santo dos Santos. De acordo com a história sagrada judaica, o afloramento da rocha no coração do Domo da Rocha é o “lugar do sacrifício”, onde Abraão preparou-se para sacrificar seu filho Isaque, no monte Moriá (Gn 22), e onde Jacó sonhou com anjos subindo a escada (Gn 28.12). Estudiosos judeus também crêem que foi ali que Deus Se revelou a Moisés na sarça ardente (Êx 3.1-4).
O Santo dos Santos é o lugar no Primeiro Templo onde ficava a Arca da Aliança, que continha os Dez Mandamentos, e onde os sacrifícios do Yom Kippur (Dia da Expiação) continuaram a ser oferecidos durante os tempos do Segundo Templo.
Muitos judeus ortodoxos crêem fervorosamente que é proibido subir ao monte do Templo por receio de caminhar sobre esse solo santíssimo. Rabinos religiosos nacionais têm a tendência de dizer que, como nós sabemos que o Santo dos Santos ficava na pedra do Domo da Rocha, contanto que os visitantes evitem aquele lugar e tomem um banho ritual antes, é permissível, aliás, é realmente digno de louvor subir ao monte.
Todos os judeus observantes concordam ser religiosamente proibido entrar no próprio Domo da Rocha.
Os peregrinos cristãos, que estão preparados para permanecerem em uma longa fila de segurança que leva à Porta Mughrabi, podem prontamente visitar o monte do Templo, exceto durante as épocas das orações dos muçulmanos, no dia santo muçulmano da sexta-feira, durante o Ramadan ou quando há tensão política forte demais, com uma consequente ameaça de motins árabes.
Quando estávamos no Pequeno Muro Ocidental, fui inundado por pensamentos sobre a história. A primeira capital de Israel, sob o governo do rei Davi, foi Hebrom, na Judéia. Ainda antes disso, durante o tempo dos Juízes, a capital de fato de Israel era Siló, em Samaria, onde a Arca da Aliança descansou pela primeira vez. Em torno do ano 970 a.C., Davi deixou Hebrom e fez de Jerusalém sua capital.
Davi e seu filho Salomão tornaram Jerusalém uma cidade movimentada. Salomão construiu o Primeiro Templo, que foi destruído pelos babilônios no ano 586 a.C. O Segundo Templo, sem a Arca da Aliança para agraciar o Santo dos Santos, é aquele que existiu durante o tempo de Jesus. Ele foi destruído pelos romanos no ano 70 d.C.
Cronologicamente, Jerusalém se tornou sagrada para os judeus primeiro no governo de Davi; depois, aproximadamente 1.000 anos mais tarde, para os cristãos por causa de Jesus; e finalmente, no ano 638 d.C., para os muçulmanos.
Dadas as instruções de segurança, deixamos de subir ao monte do Templo, o qual os muçulmanos chamam de Haram al-Sharif (o Nobre Santuário). Ali teríamos visto o brilhante e dourado Domo da Rocha (construído no ano 691 d.C.); a cinzenta Mesquita al-Aqsa, com seu domo prateado (construída em torno do ano 705 d.C.); e várias outras edificações de grande importância para a civilização islâmica.
Essas edificações foram feitas por califas árabes, que traçaram sua linhagem ao profeta muçulmano Maomé, no final do Século VII, quando os muçulmanos da Arábia capturaram a cidade dos Cruzados Cristãos.
Perder-me e encontrar tanta história me deixa faminto. Então, fomos a um dos muitos restaurantes árabes na Cidade Velha, para comermos um prato de húmus com cobertura de cebola crua e pão sírio recém-saído do forno.
Depois, caminhamos desde o Muro Ocidental, pelo Quarteirão Judeu e pelo Quarteirão Armênio, até nossa loja favorita de artesanato armênio, onde compramos presentes de cerâmica para nossos amigos. A seguir, passamos pela Torre de Davi, que abriga um museu e restos arqueológicos que datam das antigas monarquias de Israel, e seguimos em direção à Porta de Jafa.
O otomano e o britânico foram os últimos impérios a deixar sua marca em Jerusalém. Os otomanos eram turcos muçulmanos, não árabes, que governaram o Oriente Médio de 1299 a 1917. Debaixo da lei otomana, o povo judeu havia se tornado a maioria da população da cidade no ano de 1864. Como a Cidade Velha ficou congestionada, eles começaram a estabelecer núcleos habitacionais fora de seus muros, assim como fizeram os muçulmanos e árabes cristãos.
Na véspera da Primeira Guerra Mundial, os judeus ainda eram maioria. Durante o tempo todo, uma nova cidade, além dos muros da Cidade Velha, estava florescendo. A Rua Jafa tornou-se uma via que ia da Porta de Jafa à estrada que descia de Jerusalém em direção à costa, chegando à cidade portuária de Jafa, a cerca de 64 quilômetros de distância.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os britânicos capturaram Jerusalém dos turcos. No dia 11 de dezembro de 1917, o general britânico Edmund Allenby entrou na Cidade Velha a pé através da Porta de Jafa. Apenas um mês antes, a Declaração Balfour da Grã-Bretanha havia prometido que a Palestina seria reconstituída como a terra natal do povo judeu.
Demoraria 31 anos para fazer os britânicos saírem. E mesmo depois que Israel ganhou sua Guerra da Independência em 1948, levaria até 1967 para Jerusalém ser finalmente reunificada e passar ao controle de Israel.
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