Sofrimento e Perseguição
Aqueles dentre vocês que acompanham regulamente as notícias sobre as perseguições podem achar, depois de um certo tempo, que tais notícias acabam sendo difíceis de ler. Em resposta às solicitações dos leitores sobre como lidar com tantas informações horríveis, quero compartilhar a maneira como trato com elas.
O horror de algumas histórias, juntamente com o sentimento de desesperança que elas deixam em sua esteira, pode ser desgastante. Ouvi falar que muitos leitores reclamam que não querem mais ler; as histórias são muito deprimentes. Imagine, então, como é para um jornalista escrevê-las e editá-las durante anos.
O incessante fluxo de más notícias me levou à única coisa que pode bloquear o efeito do contínuo impacto emocional: entregar tudo a Deus. Às vezes, quando minha filha de 19 meses de idade dorme em meus braços, eu oro pelos pais na Nigéria, cujos filhos foram mortos em suas caminhas pelos extremistas muçulmanos. Quando meu filho de 4 anos de idade chora depois de levar um tombo, eu me lembro de orar mais tarde pelas crianças na Somália, que choram por suas mães e pais que perderam a vida nas mãos de islâmicos assassinos.
Um vento um pouco frio pode me levar a orar pelos cristãos nos campos de trabalho da Coréia do Norte, que padecem com as temperaturas geladas dia e noite, sem alimentos, vestes ou medicamentos adequados.
Quando os cristãos sofrem por causa de sua fé, como observou o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 4.17, eles são preparados para um eterno peso de glória. Jesus falou a Pedro que sobre a pedra da confissão do apóstolo Ele edificaria a Sua Igreja (veja Mateus 16.18).
E sobre aquele fundamento podemos colocar as afirmações mais comoventes dos autores bíblicos, de que Deus é o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação (2Co 1.3). Assim, podemos orar pedindo que o Senhor console com Sua presença aqueles que pranteiam. Em 2 Coríntios 4.14, Paulo também disse: “Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus”.
Os crentes que sobreviverem às perseguições, finalmente serão trazidos à presença do Senhor, juntamente com seus amados que morreram em Cristo. Podemos orar para que os que pranteiam sintam a certeza de estarem sendo restituídos àqueles que eles perderam.
Oro para que Deus esteja perto dos órfãos na Somália, na Nigéria, no Egito, no Paquistão, no Quênia, na Índia, no Iraque, na Colômbia e em outras nações, com a consolação de Sua presença, e oro para que aquelas crianças conheçam a esperança de abraçar seus pais novamente na eternidade. Assim, também oro pelos pais e outros familiares que sofreram a perda brutal de seus filhos, netos, irmãos e irmãs, sobrinhos e sobrinhas. Senhor, esteja perto deles de uma maneira tangível, que a Tua presença possa remover o veneno da desesperança e do pesar, e que os corações deles sejam permeados pela fé de que, em breve, estarão novamente junto daqueles por quem tanto sofrem.
Não é necessário evitar orar com lágrimas.
Não tenho certeza de que as recompensas celestiais pelo martírio sejam alguma consolação para aqueles que ficaram para trás, mas elas expressam a vitória que temos em Cristo. Para cada uma das sete igrejas a que o Senhor se dirige no livro do Apocalipse, Ele inclui recompensas para os que venceram em fiel obediência, inclusive a fidelidade na perseguição. E essas recompensas podem dar alguma indicação sobre o que Deus está preparando para os que perseverarem. Contudo, mais extraordinário do que as recompensas é Aquele que as está dando: “um semelhante a filho de homem, (...) com olhos, como chama de fogo; (...) e a voz, como voz de muitas águas” (Ap 1.13-15).
É para Ele que os jovens e os velhos, em Cristo, sofrem hoje. Se Ele não fosse também Deus, que lhes deu o penhor do Espírito Santo como garantia, eles teriam pouco ímpeto para permanecerem fiéis. É a Ele, que também sofreu a crueldade por amor deles e de nós, que devemos interceder. (pelo editor de Morning Star News — Chamada.com.br)
Extraído de Revista Chamada da Meia-Noite maio de 2015