“O Arrebatamento da Igreja significa que todos os crentes serão levados para o céu - aqueles que acabaram de ressuscitar juntamente com os que estiverem vivos na ocasião (ITessalonicenses 4.13-18). Se ele ocorre no início do período da Tribulação, então, claramente a Segunda Vinda de Cristo, no final da Tribulação, para resgatar Israel no meio do Armagedom, é um evento separado Segunda Vinda, tornando-se os dois eventos em um só. O que acontecerá: dois eventos separados por sete anos ou um evento com dois propósitos diferentes?
Essa pergunta, embora não tenha nada a ver com o Evangelho da salvação, divide grande parte da igreja evangélica. Felizmente, a questão pode ser resolvida com uma certa facilidade. As descrições nas Escrituras sobre o Arrebatamento e sobre a Segunda Vinda, respectivamente, são tão diferentes umas das outras, em tantos de seus detalhes, que não poderiam estar descrevendo o mesmo acontecimento. Não dá para apresentarmos aqui todas essas distinções, mas seguem algumas delas:
1. No Arrebatamento, Cristo não retorna à terra, mas leva os crentes para o Alto, para se encontrarem com Ele acima da terra, conduzindo-os di-retamente aos céus: "Voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também" (João 14.3). "Depois, (...) seremos arrebatados juntamente com eles, (...) para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor" (l Tes-salonicenses 4.17).
• Por outro lado, na Segunda Vinda, Cristo retorna a esta terra para governar Israel e o mundo, a partir do trono de Davi em Jerusalém: "Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém" (Zacarias 14.4). "Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de faço, e o seu reinado não terá fim" (Lucas 1.32-33). "Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro (...) julga e peleja com justiça. (...) E seguiam-no os exércitos que há no céu. (...) Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro.." (Apocalipse 19.11-15).
2. No Arrebatamento, há uma ressurreição de todos os crentes que morreram até aquele momento: "Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita (...)" (I Coríntios 15.52-53). "...os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro" (l Tessalonicenses 4.16).
3. Por outro lado, na Segunda Vinda não há ressurreição até que o Anti-cristo seja derrotado, ele e o falso profeta tenham "sido lançados vivos dentro do lago de fogo" (Apocalipse 19.20) e Satanás tenha sido aprisionado no "abismo [por] mil anos" (Apocalipse 20.1-3) - sendo que nenhum desses acontecimentos está nem remotamente relacionado com o Arrebatamento dos crentes para o céu. Então, à "primeira ressurreição" que ocorreu no Arrebatamento, é acrescentado um grupo único: "Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos" (Apocalipse 20.3. No Arrebatamento, os corpos dos crentes que estiverem vivos (como os daqueles que tiverem ressuscitado) serão transformados para se tornarem imortais: "Xem todos dormiremos [isto é, nem todos morreremos!, mas transformados seremos todos (...). Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós [que estivermos vivos] seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade" (ICoríntios 15.51-53). "Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles [os santos ressurretos], entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares [o que claramente requer corpos imortais]" (lTessalonicenses 4.17).
Por outro lado, na Segunda Vinda, todos os santos retornarão dos céus com Cristo e, portanto, já terão sido transformados em imortalidade: "Então, virá o senhor, meu Deus, e to dos os santos, com ele" (Zacarias 14.5). "Vi o céu aberto, e eis um que (...) está vestido com um manto tinto de sangue (...) e seguiam-no os exércitos que há no céu (...) para ferir as nações" (Apocalipse 19.11-15).
4. O Arrebatamento ocorre durante um tempo de relativa paz e prosperidade, quando o mundo não está aguardando um juízo vindo de Deus: "Assim como foi nos dias de Noé [a última coisa que eles esperavam era um juízo vindo de Deus], (...) comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento. (...) O mesmo aconteceu nos dias de Ló: (...) compravam, vendiam, plantavam e edificavam. (...) Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar" (Lucas 17.26-30).
• Por outro lado, a Segunda Vinda ocorre em meio à pior guerra que o mundo já viu e logo após a maior de vastação que o planeta já sofreu ou sofrerá: "Nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados" (Mateus 24.21- 22). "E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, (...) e sobreveio grande terremoto. (...) Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. [Os homens] se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes (...) porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" (Apocalipse 6.8-17). "Foram, então, soltos os quatro anjos (...) para que matassem a terça parte dos homens" (Apocalipse 9.15). "...este [o mar] se tornou em sangue como de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar. (...) nos rios e nas fontes das águas (...) se tornaram em sangue. (...) O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo. Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor (...) e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra. (...) Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados; também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento" (Apocalipse 16.3-21). "Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro (...) e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. (...) E vi a besta [o Anticristo] e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta (...). Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo" (Apocalipse 19.11-21).
5. O Arrebatamento ocorre quando as condições no mundo parecem indicar que tudo está bem - quando pouquíssimos estão aguardando o retorno de Cristo, e Ele pega até mesmo a Igreja de surpresa: "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai. (...) Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá" (Mateus 24.36,44).
• Por outro lado, quando ocorrer a Segunda Vinda, nem mesmo o Anticristo é tomado de surpresa - os muitos sinais visíveis alertam a todos de que Cristo está bem às portas: "Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas" (Mateus 24.33). "E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele estava montado no cavalo e contra o seu exército" (Apocalipse 19.19).
6. O Arrebatamento ocorre quando a Igreja está adormecida, com pouca expectativa do retorno do Senhor: "E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram" (Mateus 25.5). "Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá (...) para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo" (Marcos 13.35-36).
• Por outro lado, a Segunda Vinda acontece no final da Tribulação, em meio a uma devastação mundial e a uma aflição desesperadora; o Anticris-to e seus exércitos estão atacando Israel, grande parte de Jerusalém já foi capturada (Zacarias 14.1-2) e Israel está à beira de ser aniquilado. É inconcebível que a Igreja, se ainda estivesse aqui, estaria repousando em complacência e vivendo no engano de que "certamente Cristo não virá agora!"
7. Como o Arrebatamento nos leva instantaneamente, sem que passemos pela morte, para fora deste mundo de pecado, dor e pesar, para estarmos para sempre com Cristo e sermos como Ele, para nunca mais O entristecermos, Ele é chamado "a bendita esperança": "Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tito 2.13). "E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança" (IJoão 3.3).
• Por outro lado, a Segunda Vinda (ou um arrebatamento pós-tribulação naquela época) dificilmente poderia ser chamada "a bendita esperança", uma vez que pouquíssimos cristãos (se a Igreja ainda estivesse aqui) sobreviveriam para desfrutar dessa esperança. Tendo se recusado a receber a marca da besta, 666, "sobre a mão direita ou sobre a fronte", portanto, sendo incapaz de "comprar ou vender", e, recusando-se a adorar a "imagem da besta", eles seriam mortos (Apocalipse 13.15-17). Não faz sentido sugerir que, se você puder comer secretamente o que encontrar nos baldes de lixo para evitar morrer de fome e ainda conseguir estar um passo à frente dos esquadrões da morte da polícia mundial do Anti-cristo, estaria vivendo a "Bendita Esperança". "Oba, serei arrebatado no Armagedom!"
8. Quanto ao Arrebatamento, inquestionavelmente, a igreja primitiva foi ensinada a esperá-lo a qualquer momento e a aguardar ansiosamente pelo retorno de Cristo, quando Ele levará todos os crentes consigo, à casa de Seu Pai, para estarem eternamente com Ele: "Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias. Sede vós semelhantes a homens que esperam pelo seu senhor" (Lucas 12.35-36). "Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nossó corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas" (Filipenses 3.20-21). "E como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura" (ITessaloni-censes 1.9-10). "Aguardando a bendita esperança" (Tito 2.13). "Cristo (...) aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (Hebreus 9.28). Não se aguardaria diariamente e com grande expectativa por algo que não pudesse acontecer antes do advento do Anticristo ou o fim da tribulação de sete anos. Desta forma, deverá haver uma vinda de Cristo que poderá acontecer a qualquer momento.
• Por outro lado, a Segunda Vinda, por definição, como está descrita nas Escrituras, não pode ser aguardada a qualquer instante. Portanto, nenhuma das passagens bíblicas que acabamos de citar, relativas a aguardar e esperar pelo Senhor, poderia se referir à Segunda Vinda ou a um arrebatamento pós-tribulação da Igreja. Essas porções da Escritura, assim, só podem se referir ao Arrebatamento pré-Tribulação.
9. O Arrebatamento pré-Tribulação possui um efeito poderoso e purificador sobre aqueles que têm esta esperança no Senhor. O fato de que ele deve ser esperado a qualquer momento pode somente significar que ele deve vir antes que o Anticristo seja revelado e antes da Tribulação. Se Cristo poderá voltar a qualquer momento, não há tempo a perder, não há tempo para demorar em testemunhar, não há tempo em ser indulgente com o pecado pensando em se arrepender e mudar de vida mais tarde. "Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda" (IJoão 2.28). "E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro" (IJoão 3.3).
• Por outro lado, a expectativa da Segunda Vinda (ou um arrebatamento pós-tribulação naquela época) dificilmente poderia ter um efeito purificador porque ela não poderá acontecer antes de pelo menos sete anos - tempo suficiente para demorar em testemuha, para postergar corrigir-se diante do Senhor, para adiar uma vida em santidade. Na verdade, o Senhor disse que não crer que Ele poderá voltar a qualquer momento teria o efeito contrário ao de crentes que a si mesmos se purificam: "Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se, e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber com ébrios, virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e ew hora que não sabe" (Mateus 24.48-50; Lucas 12.45-46).
10. O Arrebatamento não é somente um acontecimento que devermos esperar que aconteça subitamente, pelo qual devemos ter uma ansiosa expectativa, mas devemos pedir ao Senhor que Ele venha imediatamente. Eis aqui como a Bíblia termina: "O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! (...) Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!" (Apocalipse 22.17,20).
• Por outro lado, a Segunda Vinda não é de uma natureza e de um cronologia tais que possamos pedir a Cristo que venha imediatamente. Como Cristo obviamente não pode retornar à terra em juízo para resgatar Israel, impedir a destruição na batalha do Armagedom e destruir o Anticristo juntamente com seu reino antes do final da Tribulação, clamarmos a Cristo: "Vem, Senhor Jesus!" seria como exigir pagamento por um débito que ainda não venceu e que só vencerá daqui a pelo menos sete anos.
Contudo, "o Espírito e a Noiva" clamam, sim, "Vem, Senhor Jesus!". Podemos somente concluir que deve haver uma vinda de Cristo que poderá ocorrer a qualquer momento. Não pode ser a Segunda Vinda ou um arrebatamento pós-Tribulação. Pode somente ser o Arrebatamento pré-Tribulação.
11. Existem pelo menos dois eventos que ocorrem no céu, nos quais a Igreja deve estar presente e, portanto, não podem acontecer até que o Arrebatamento aconteça. São eles o tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro com Sua Noiva: "Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus" (Romanos 14.10). "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo" (2Coríntios 5.10). "Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos" (Apocalipse 19.7-8).
Esses dois eventos acontecem antes do retorno de Cristo à terra e, assim, exigem um Arrebatamento anterior ao retorno.
• Fica claro que a Segunda Vinda não pode acontecer antes que esses dois eventos vitais, que demandam a presença da Igreja no céu, aconteçam. Somente depois que o Cordeiro tiver se casado com Sua Noiva é que ela O acompanhará de volta à terra para resgatar Israel e destruir o Anticristo e seus exércitos: "E seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro" (Apocalipse 19.14).
Não sabemos o motivo pelo qual tarda o Noivo, mas, exatamente como Ele predisse, a Igreja está adormecida. Naquele contexto, nosso Senhor acrescenta: "Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! (Mateus 25.6). Que cada um de nós
possa estar ansiosamente ouvindo aquele clamor do Espírito Santo em nossos corações. Na verdade, nós deveríamos expressar esse clamor em alta voz, para que o Senhor pudesse vir a qualquer momento para nos levar consigo. Vamos aguardar por Ele em
uma expectativa gloriosa - e estimular outros a fazerem o mesmo. Isto terá um efeito purificador e motivador em nossa vida. (TBC)
Extraído de Revista Chamada da Meia-Noite junho de 2016