A Perichoresis: O que é a Pericorese?

A Perichoresis:

O que é a pericorese?  

Cornelio A.Dias Edição 05-07-2010 - atualizado - 11:40:34-18:06:19   

Não explicamos Deus ele nos dá a sabedoria para então podermos ensinar. 

Vamos começar o estudo refletindo sobre este tema, a partir da complexa pergunta:

O que significa: Pericorese?

A grande duvida que paira na nossa mente a princípio é: Qual é a importância desta palavra e porque é importante conhecer a mensagem que ela transmite para o saber cristão?

O significado original da palavra pericorese descreve a relação dinâmica entre o Pai e intrínseca ao Filho e um Espírito.

Ela se define por: coabitar e estar inerente. Isoladas, cada um dos termos tem um significado distinto entre si e podem ser empregados em vários contextos literários.

Quando se trata de Trindade, temos procurado encontrar formas e meios adequados para descrever como "Um Deus pode ser representado em três distintas personalidades, ou; como estas três personalidades podem ser apenas diferentes em "um Deus"?

Deste questionamento surgiu à noção de que a Trindade está representada em três pessoas distintas entre si, e esta definição é o erro mais grotesco de interpretação seja ela bíblica ou teológica sobre a Trindade divina.

Três pessoas referem a exatamente três seres vivos formados por substância, essência e pneuma ou seja, corpo, alma e espírito e que somente os humanos tem esta composição estrutural.

A concepção de tri-unidade também está representada na personificação humana quando retratada no modelo corpo, alma e espírito, ou seja, substancia, essência e pneuma, mas, é apenas a personificação e não característica de composição.

Esta sempre foi e continua a ser uma tarefa difícil, a compreensão da subsistência da Trindade. Este é o paradoxo que a humanidade encontrou em Jesus Cristo. Como Jesus pode ser o Totalmente Outro, enquanto ao mesmo tempo Ele, ou ser um de nós?

Cristo na verdade foi um estereótipo do homem, isto é, Ele era dotado de substancia e pneuma, Nele não havia a essência, ou seja não tinha alma, porque a alma foi instituída por Deus para acompanhar o corpo na passagem para a dimensão atemporal quando o pneuma retorna a sua origem, e Cristo e Deus subsiste nesta dimensão, prova disto é que Cristo foi gerado somente com corpo e Espírito e assim ascendeu  a dimensão atemporal.

Durante os primeiros séculos, surgiram debates ferozes sobre a divindade de Jesus e da natureza da sua relação com o Pai.

Por conseguinte, a partir da certeza de que a natureza e a divindade de Jesus foram criadas, ela foi ratificada através do termo de importância decisiva do homoousios; esta divindade percebe da mesma natureza divina do Pai e do Espírito Santo.

Esta coabitação simultânea define a Trindade em duas pessoas distintas, Pai e o Filho, providos de uma única imanência dinâmica, o Espírito Santo.

A pericorese é uma expressão que designa uma potencia dinâmica e voluntária, na qual uma pessoa, mantendo a sua identidade distinta, penetra nas outras e é penetrada por elas. Ela é usada para expressar essa idéia, a de uma (comunidade de ser); em que a individualidade da pessoa é mantida, quando uma pessoa compartilha da vida das outras duas.

Este processo não ocorre entre os seres humanos citando como por exemplo o caso de gêmeos siameses que são gêmeos idênticos, mas, nasce colado um ao outro, decorrente de uma mutação genética, quando um óvulo é fecundado duas vezes e é influenciado por outras alterações que vão acontecendo, impedindo a formação de dois corpos separados; porque ambos são dotados de substancia, essência e imanência distinta e estática.

Outro fator importante que não permite o desenvolvimento da pericorese, se dá ao fato que de que os humanos são constituídos de substancia, essência e imanência dinâmica, ao passo que na Trindade, o Pai e o Filho têm substancias distintas, não possuem essência e sim uma única imanência que interage entre os dois, que lhes dão a condição de serem duas personalidades distintas providas de um único Espírito.

Esta imanência confere lhes o status único de divindade no universo, através desta potencia dinâmica e voluntária que se processa entre o Pai e o Filho através do Espírito Santo. Embora este termo veio muito mais tarde, foi Atanásio, (295 - 373) que desenvolveu o fundamento de que a Perichoresis veio do termo Homoousios.

O termo consubstancialidade é o correspondente ao termo grego homoousios, termo original que designa essa realidade. Este termo provém da junção de homos, que significa “o mesmo”, e ousios, proveniente de ousía, que significa substância ou essência. Assim, o termo tem o sentido de “da mesma substância, com a mesma essência. Esta é a definição do termo homoousios.

Não é a minha definição. (*) Este é um típico exemplo de discrepância [que se destaca pela diferença;], observe:

[homos = "o mesmo" e ousía = "substância ou essência" > ( a unicidade existe pela existência de três pessoas que no entanto possuíam e desfrutavam da mesma substância e essência,) < veja acima no grifo o termo ousía significa substância ou essência, mas, na unicidade são duas coisas distintas, como grifo em negrito.

Esta teoria discorda da sua própria definição!].

No primeiro grifo do parágrafo anterior o termo ousía é a mesma coisa [substância ou essência], já na fusão dos dois termos, homo + ousios, o termos homoousios na unicidade [entre os parênteses] define a substância e a essência com uma coisa só, portanto, qual definição prevalece?

Como podem existir três pessoas com um corpo só e um só espírito?

Impossível. Quando Atanásio definiu a Perichoresis desta maneira ele intrincou toda a teologia.

Ele entendeu que a relação entre o Pai, Filho e Espírito se dava através da adoção do termo credo, Homoousios (homo: igual, ousios: ser), que descreve a habitação completamente mútua em cada uma das pessoas da Santíssima Trindade.

Embora cada pessoa permanece em Si mesmo como Pai, Filho, eles são, no entanto, inteiramente um no outro e eles estão totalmente em si mesmo coabitado simultaneamente pelo Espírito Santo.

Eu entendo que duas coisas existem, mas, a fusão de ambas torna-as, numa só, agora duas pessoas iguais não existe, quiçá uma habitando no corpo da outra! Se forem semelhantes, como Deus criou o homem e com a sua imagem e semelhança, ai sim é totalmente compreensível.

(*) Não é o mesmo processo que ocorre como define a consubstancialidade, que significa a união de dois ou mais corpos na mesma substância, portanto, o Filho não a mesma substância (ousía) do Pai. Por substância entende -se "corpo".

Isto é uma discrepância teológica; visto que, se corpo e substância tem a mesma definição, unir o corpo a substância, significa unir um corpo ao outro. Além disso, indago, de que modo pode se entender a relação mútua [sociedade corporal] entre as duas Pessoas, cujos corpos são distintos entre si?

O Filho é gerado pelo Pai, o que equivale a dizer que não se trata da produção de algo distinto de Deus, como sucede na criação, em que Deus é causa eficiente; gerado, não criado, devia afirmar o Credo.

(*) Por outro lado, não pode se entender esta geração divina de modo material, como que o Filho fosse parte do Pai corporeamente ou tivesse havido uma divisão da essência divina, o Pai dividiu-se, e a uma parte do seu corpo ele denominou la, de Filho?

O conceito de homoousios foi também aplicado ao Espírito Santo, para exprimir a sua relação com o Pai e o Filho: a mesma essência divina, sem divisão.

Desta maneira este conceito pode ser apreendido, porque, ambos, Pai e Filho com substâncias distintas são unidos por uma única essência que eu nem preciso definir como [pneuma] Espírito Santo ou Espírito de Deus e Cristo. Isto é compreensível por ser esta a formação da Trindade em si.

No entanto, enquanto que o Filho é gerado, o Espírito Santo existe por processão [procedência].

O termo é também aplicado à simultaneidade das três personalidades (não pessoas), que constituem uma só substância. Atanásio também baseou-se na passagem de João 14 : 10: "Eu estou no Pai e o Pai está em mim" (ler também João 10: 30), onde uma forte ligação ontológica é estabelecida entre os dois.

Definição que discordo conforme descrevi nos parágrafos acima sinalizados (*)

Ontologia: que é o estudo da natureza do ser, mas, neste caso, ela está mais preocupada com o estudo da natureza de estar com, que é importante tão quanto para Ser.

Que Jesus só era conhecido como, sendo como o Pai pelo Espírito.

Assim Atanásio efetivamente argumentou, que neste contexto também se estende a ontologia e inclui o Espírito.

O Ser e a atividade do Espírito são precisamente o mesmo Ser e agir do Pai e do Filho. Caso contrário, a questão da salvação, a do evangelho e da própria pessoa de Cristo Jesus como Deus conosco, seria questionada e posta em causa dúbia.

Neste ponto da Ontologia quando reza que o Pai está no Filho e o Filho nEle interagido pelo único Espírito, esta sim é a definição de Trindade. O Ser é o Espírito e a sua atividade age no Pai e no Filho.

Ou seja, o Pai tem a sua própria substância [corpo] assim como o Filho, porém, não tem essências individuais [alma] como o ser humano; no lugar da alma, o único Espírito é que habita em ambos simultaneamente.

Seria o mesmo que imaginarmos Deus sendo o Pai de Jesus sem o Espírito Santo.

Quando definimos que Deus é o Pai de Jesus e que com o Espírito Santo o Pai e o Filho são um, e assim por diante, é o único processo que existe no universo, ninguém na Divindade pode ser definida de forma isolada umas das outras.

Nenhum destes dois seres da Divindade pode ser definido de forma isolada um do outro por serem coabitados por um único Espírito.

Alguns podem não gostar do uso de um termo não-bíblico como "Perichoresis".

No entanto, no seu contexto inicial, ele descreve desta maneira como eu defino, o possível o relacionamento entre o Pai, Filho e Espírito Santo.

A Perichoresis  não se destina a responder a todas as perguntas a respeito da Trindade. No entanto, podemos imaginar as implicações disso, considerando o fato de que Aquele que está eternamente em relação pericorética com o Pai e o Espírito ter juntado se a nós como um de nós.

Cristo. Em Jesus Cristo, o Verbo Eterno estava humano, onde Nele, todas as coisas subsistem e são mantidas juntas. Assim, no presente Ele é um Ser Humano-Divino no qual podemos realmente ver Deus como Ele realmente é.

O uso mais antigo sobrevivente do substantivo, perichoresis, foi encontrado em um manuscrito que foi atribuído a Cirilo de Alexandria.

Acredita-se que João de Damasco usou este termo de Cirilo e trouxe à proeminência como um termo teológico.

A intenção inicial da palavra é fornecer um  sentido dinâmico e não estático, na descrição da relação interpenetrante, residente na relação do Pai, do Filho e do Espírito, uma maneira profundamente divina e espiritual.

Ela descreve um movimento de amor que foi irrompido na nossa existência em Jesus Cristo e chamou toda a criação para esta vida divina gloriosa e ainda misteriosa; descrita sobre o tema da perichoresis, onde a vontade no coração do Pai para com toda a humanidade é totalmente  exibida no Ressuscitado; Ascendido e Glorificado Senhor Jesus Cristo.

Esta imagem representa cada ser humano que já existiu. Assim, a missão do Espírito Santo é revelar à humanidade a realidade deste relacionamento sempre importante e nos mostrar o caminho de todas as coisas como realmente elas são. Ele leva-nos a crer e pessoalmente a participar da sua verdadeira processão, onde nós provamos o relacionamento mais real e verdadeiro que existe com Deus e Cristo.

Portanto, o objetivo da perichoresis é mostrar a boa notícia à luz da mais extraordinária e deslumbrante verdade sobre  a divindade de Cristo, que nos deixa apenas ficar perplexos e extasiados.

Quando vivemos a pericorese, ao invés de tentarmos encontrar uma explicação exclusiva sobre a imanência do Espírito Santo na Trindade com o Pai e o Filho, é mais apropriado perguntar, o que é: estar incluído → e perichoresis, que são termos correspondentes que se auto complementam, concluindo que: são duas substâncias distintas (Seres) que coabitam mutuamente entre si através de um único pneuma (Espírito), sem a existência da essência (alma), cujo este terceiro elemento é característico apenas no ser humano.

O que o sistema religioso incluindo o segmento do cristianismo ensina sobre a subsistência da Trindade divina é o oposto do fenômeno definido pela pericorese, que tornou universal o termo "triunidade", ou seja: Deus, Cristo e o Espírito Santo são "três pessoas" distintas, mesmo uma delas sendo invisível e destituída de matéria! 

Quando falarmos ou pensarmos sobre a Perichoresis, não devemos tentar encontrar uma exclusiva e imaginária compreensão sobre a existência da Trindade divina; visto que a sua definição em si própria define o que realmente ela é e o que isto define; portanto, temos que descrever através do verdadeiro Espírito, cuja a sua única definição é: "está incluído!"; que estão inter-relacionados: Deus e Jesus, através do Espírito Santo.

São dois  Seres divinos inseparáveis por uma Essência divinamente espiritual e extrema e si mesma, sendo um somente Pai, um Filho e um Espírito, visto que Deus e Cristo são desprovidos de almas individuais, como os humanos!

Portanto: a única definição sobre a trindade é a de que foi por intermédio  da própria vontade e do poder subsistente do Ser supremo preexistente que é Deus; Ele gerou um Ser que também   subsistia Nele que este que é o seu  Jesus unigênito e que ambos são único e inseparáveis pelo único ser incorpóreo;  imaterial impalpável que é divino Espírito Santo.

A triunidade se explica pelo próprio termo: tres unidades. Esta é a representação que significa o tríplice modo da existência distinta de três seres individuais que separados e autonomos eles ocupam diferentes lugares num enunciado sem ocorrer qualquer modificação em sua acepção própria ou funções.

Qualquer pessoa selada pelo Espírito Santo sente a fisicamente a presença ativa Dele no seu corpo; bem como quando ele se afasta dela por cometer algum pecado e não se arrepender dele! É fato. 

Impossível é de ocorrer uma separação defintiva visto que Deus na sua manifestação fisica como Pai Ele subsiste interligado ao filho pelo Espírito Santo. Eles podem ocupar espaços-tempo separados; mantendo-se inseparáveis pelo mesmo Espírito.

Exemplo disto foi quando Cristo foi gerado semelhante ao ser humano! 

Portanto: a triunidade ela o tríplice modo presente da sua existência mútua e o futuro coabitar que Deus criou para representar o seu espírito na sua semelhança que é a existência de três em um individualmente criado separados e distintos como a sua semelhança; criando o corpo; e nele acrescentou a Ruah HaQodesh ou "sopro; vento; respiração; espírito" para representar a sua Triunidade na triunidade corpo-alma-espírito; nós ser humano mortal.

A idéia da presença implícita de Deus no antigo testamento denota o que é a unidade divina e por isso é que observamos a Trindade de forma explícita somente no Novo Testamento como Pai, Filho e Espírito Santo.

Por isto o homem foi criado à Sua semelhança: uma triunidade; que são três unidades, porém distintas, individuais e separáveis entre si, sendo uma finita que é a matéria; portanto: corpo; alma e espírito.

A alma (psykhé) está no corpo enquanto o Espírito (Pneuma ou Ruaḥ) está nele esta é a Sua Imagem (do homem) da Trindade.

A alma (psykhé) sai do corpo quando o Espírito (Pneuma ou Ruaḥ) é retirado por Deus; ela volta para Ele, esta é a Sua semelhança (do homem) com a Trindade.

Enquanto vivo somos a (imagem) de Deus; morto em Cristo a nossa (alma) voltar para Ele. Um corpo (glorificado) une-se a (alma) (celeste); então Deus nos torna imortal à sua imagem "Real". 

O que significa então: Pericorese?

O conceito de "perichoresis" descreve a mútua interpenetração das hipóstases (Seres) da Trindade que são individualmente e juntas de uma mesma ousia (essência), que deu origem ao conceito de "co-inerência"; quando duas ousias (naturezas/essências) estão presentes em uma mesma hipóstase (pessoa); como foi no caso de Jesus. 

Conclusão:

"perichoresis" humana será a "co-inerência" efetiva entre as duas ousias ou seja; a (natureza e a essência); quando a chamada união hipostática das naturezas - divina e humana transfornar o corpo e a alma do mesmo ser "eu" em um eterno como foi a união das naturezas divina e humana de Cristo como homem em uma única "hipóstase ou numa realidade permanente; infinita e indissociavel fisica e espiritualmente tal qual é a Trindade Deus - Cristo e Espírito Santo.

 

Shalom!

Em Cristo.

Bibliografia:

▶Colyer, E. M 2001, How to Read TF Torrance: Understanding His Trinitarian and Scientific Theology,

Intervarsity Press,  Downers Grove, Ill. (available in our online shop) Colyer, E. M de 2001, How to Read 

TF Torrance: Compreendendo Sua teologia trinitária e científico, InterVarsity Press,  Downers Grove, Illinois.

▶Torrance, T. F 1996, The Christian Doctrine of God: One being Three Persons, T & T Clark, London, UK

Torrance, T. F 1996, A Doutrina Cristã de Deus: Um ser Três Pessoas, T & T Clark, Londres, Reino Unido.

▶Torrance, T. F 1991, The Trinitarian Faith: The Evangelical Theology of the Ancient Catholic Church, T & T Clark, London, UK. Torrance, T. F 1991, a fé trinitária: A Teologia Evangélica da Igreja Católica Antiga, T & T Clark, Londres, Reino Unido.

 Edição Maio 2010

  Publicação Agosto 2014

  Em Cristo.

Shalom. 

 

 "Feito perfeito, é imperfeito; como criação; o meu eu; natureza humana! C. A.Dias.

 

 

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