Capítulo 1
MAPA DAS DISPENSAÇÕES |
Introdução
"Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que MANEJA BEM A PALAVRA DA VERDADE". II Tm 2.15.
Quando Deus criou o Universo e todos os seres vivos, tinha em mente um plano que seria executado em lugares e épocas por Ele determinados. Esse plano visa à glorificacão do Seu nome em todo o Universo e durante toda a eternidade.
O veículo pelo qual Deus revela esse plano aos homens é a Palavra de Deus. Ela é o único documento autêntico que conta a verdade sobre a origem do Universo e do ser humano. EIa revela também o amor de Deus para com a criatura humana, mostrando-lhe o único Caminho para o céu, que é Jesus Cristo. O mundo rejeitou esse Caminho de redenção, seguindo as filosofias vãs da imaginação humana, como o apóstolo Paulo afirma em Romanos cap. 1. Essas filosofias resultaram no caos em que o mundo hoje se encontra. Bem falou Jeremias: "Os sábios envergonhados, aterrorizados e presos; eis que rejeitaram a palavra do Senhor; que sabedoria é essa que eles têm?" Jr 8.9. Felizmente, possuímos a Bíblia que nos orienta quanto à maneira de sair do caos que o pecado nos causou. Todo e qualquer problema pessoal encontra a solução em Cristo, que é nossa Vida, nossa Luz, a Fonte de amor, a Força, a Sabedoria, o Pão da Vida, o nosso Amigo e Guia.
Ao manusear as páginas sagradas, podemos contar com a presença do Espírito Santo, o Autor das Escrituras, de Quem disse Jesus: "O Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas... Ele vos guiará a toda a verdade... há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar". Jo 14.26; 16.13,14. O Espírito Santo já revelou em Hebreus 11.3 que... "Pela fé entendemos que foi o universo formado pela Palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem". Nas Escrituras o Espírito Santo revela todo o propósito de Deus através dos séculos. Por conseguinte, a Bíblia manifesta as grandes e majestosas doutrinas sobre a Trindade, a origem, a queda, e a redenção do homem. Pela Bíblia aprendemos a verdade sobre a Igreja, sua origem e destino, a relação entre a graça e a lei, e bem assim as instruções necessárias para o crente. A profecia é parte integral das Escrituras e podemos afirmar que a Bíblia é o único Livro no mundo que apresenta legítimas profecias, autenticadas pelos acontecimentos históricos posteriores. As "épocas" ou "eras" e "dispensações" bíblicas constituem a "espinha dorsal" das Escrituras. A interpretação certa das profecias dependerá do conhecimento dessas épocas históricas e os respectivos pactos vigentes entre Deus e os homens. A formulação sistemática dessas verdades divinas, que o estudo das dispensações proporciona, muito contribuirá para evitar erros crassos e grande confusão na interpretação da mensagem de Deus aos homens. Agostinho era desta opinião: "Distingam-se os períodos e as Escrituras se harmonizarão."
As divisões gerais que faremos da verdade bíblica nesta obra versam em torno de: 1) a terra; 2) o homem; e 3) os seres espirituais. Trataremos do mundo físico, do planeta Terra e das várias fases de sua existência. Em seguida estudaremos a história do homem, sua queda no Jardim do Éden, e sua redenção. Por fim, consideraremos o mundo dos espíritos, sua origem e seu destino final.
As Dispensações Bíblicas. A palavra "dispensação" encontra-se quatro vezes no Novo Testamento, em I Co 9.17; Èf 1.10; 3.2; e Cl 1.25. A palavra grega é "oikonomia", da qual deriva-se a palavra "economia", que, segundo o Dicionário Prático Ilustrado, significa a "boa ordem na administração, na despesa de uma casa". Originalmente significava a mordomia ou gerência duma casa. (Em grego, casa é "oikos"). No uso bíblico a "dispensação" (oikonomia) representa a administração que Deus faz em Sua grande casa" universal, na qual estão afetos a Ele todas as inteligências, tanto homens como seres angelicais.
O estudo das dispensações revela os vários métodos usados por Deus em Suas relações com as diferentes classes de povo através dos vários períodos determinados por Ele a fim de lograr o Seu propósito. Por conseguinte, é necessário distinguir ou separar esses diversos períodos, a fim de "manejar bem a Palavra da verdade", como Paulo exortou a Timóteo. II Tm 2.15.
"Manejar bem" a Palavra significa, na linguagem de Paulo, "fazer um corte reto". O pedreiro constrói a parede em linha reta. O carpinteiro risca a obra em linha reta. O agricultor ara a terra em linhas retas. Semelhantemente, o obreiro do Senhor que interpreta a Bíblia, terá que interpretá-la corretamente - em linha reta! Para conseguir esse resultado, o intérprete da Palavra terá que entender os períodos ou "dispensações" e isso por sua vez requer o estudo diligente das Escrituras e a observação minuciosa da revelação divina aos homens. O preguiçoso jamais saberá interpretar o pensamento divino. Por isso Paulo assim exortou a Timóteo: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar...” II Tm 2.15. A palavra "procura (no original grego, “spoudason") significa "apressar-se, ser diligente". Manejar bem significa usar as faculdades racionais, a inteligência, como em Isaías 1.18, onde Deus convoca Seu povo, “Vinde, pois e arrazoemos, diz o Senhor".
Paulo avisa contra o perigo de fraude na interpretação das Escrituras em II Co 4.2, dizendo: "... rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a Palavra de Deus..." "Adulterar", no original, é "dolos", que significa "pegar com isca". Portanto, tem o sentido de falsificar e corromper. Na antigüidade falsificavam ouro e vinho. Em todos os tempos levantaram-se falsos "mestres", e falsos "profetas" que por ensinos engenhosos têm conseguido enganar os incautos, causando-lhes a eterna destruição da alma. Pedro referiu-se às epístolas de Paulo dizendo que nelas haviam "certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles." II Pe3.15,16. Como, então, é importante que saibamos, não "deturpar", mas sim interpretar corretamente (fazer o corte em linha reta!) a Palavra de Deus. Isso significa que todas as idéias, noções e opiniões preconcebidas sejam postas de lado e que a própria Bíblia seja o intérprete de si mesma.
Antes de prosseguir ao estudo das dispensações em si, consideraremos de modo sucinto o assunto de:
I. INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
De início diremos que há:
A. Três erros a serem evitados.
1. A interpretação errônea da passagem. Um exemplo disso seria a interpretação popular que se faz da Parábola do Fermento, em Mt 13.33, pela qual a "mulher" (a igreja) põe o "fermento" (o evangelho) nas "três medidas de farinha" (o mundo), com o resultado que "ficou tudo levedado" (isto é, que o mundo todo torna-se convertido a Cristo).
Com esta interpretação não podemos concordar, pela seguinte razão: o evangelho é coisa boa, mas o "fermento", como usado nas Escrituras, é alguma coisa má que deve ser evitada. Por exemplo, em Êxodo 12.8,15-20, o fermento foi excluído das casas hebréias na noite da Páscoa, como também das ofertas de suave cheiro em todo o Velho Testamento. Em Marcos 8.15-21 e Mt 16.11,12; e Lc 12.1, Cristo refere-se ao fermento como símbolo de falsas doutrinas e hipocrisia dos fariseus, saduceus e Herodianos. Paulo em I Co 5.6,8 emprega o mesmo simbolismo para significar o "fermento da maldade e da malícia", em contraste com "os asmos da sinceridade e da verdade". Não é possível que o fermento represente em um caso uma coisa boa e em outro caso uma coisa má. Por conseguinte, a nossa interpretação da parábola do fermento é, que a "mulher" (a falsa religião), introduz, não o Evangelho, mas sim uma doutrina adulterada no meio dos homens. Foi isto mesmo que aconteceu nos séculos posteriores quando a igreja tornou-se o que vemos hoje na Igreja Católica Romana, cheia de invencionices, como a mariolatria, a adoração aos santos, o celibato, a infalibilidade papal, celebração de missa, salvação pelas boas obras, etc. Esse "fermento" penetrou em toda a massa humana exatamente como a parábola predisse. Este é apenas um caso de interpretação errônea, que aparece entre muitos. Outro erro a ser evitado é:
2. A Espiritualização das Escrituras, ou seja, dar uma interpretação espiritual. Essa tendência surgiu entre os primitivos pastores da igreja naqueles primeiros séculos, especialmente na interpretação do Velho Testamento. Em vez de dar um sentido claro e literal a certas passagens, referentes ao povo de Israel, ensinavam que as ditas passagens se referiam à Igreja do Novo Testamento. Há pessoas que crêem que Jesus voltará do céu depois que todo o mundo se converter, pelo fato de aplicarem um sentido espiritual aos nomes "Sião", "Jerusalém", "Jacó", "Israel", etc, como se esses fossem a Igreja. Segundo esta interpretação, Deus rejeitou para sempre a nação de Israel, a mesma está debaixo de maldição, e a Igreja tomou o lugar de Israel no plano e propósito divinos. Conseqüentemente, essa aplicação errônea de termos, significaria que a nação judaica está eternamente separada de Deus. Jamais poderá voltar a gozar do favor divino. Mas em Romanos caps. 9 a 11, o apóstolo Paulo claramente revela a restauração de Israel e que no plano de Deus Israel ainda será muito abençoado. Israel será por "cabeça das nações e não por cauda", Dt 28.13. O conhecimento das dispensações evitará tais interpretações erradas. Passemos a considerar mais um erro de interpretação, o caso de:
3. Cronologia Errônea. Em II Pe 3.10-14 está prevista a renovação dos céus e da terra por fogo, que resultará em novo céu e nova terra na qual haverá justiça. A pergunta é esta: "Quando acontecerá isso?" Na opinião de alguns, esta passagem terá seu cumprimento ao término da presente dispensação da graça. Mas se for assim, então não haverá tempo para o cumprimento das profecias referentes à restauração da nação judaica e o reino de Cristo no trono de Davi por 1000 anos. Conseqüentemente, em nossa opinião, a renovação da terra por fogo terá lugar ao fim do reino milenar de Cristo, Ap 20.11 e 21.1.
II. TRÊS SISTEMAS DE INTERPRETAÇÃO
Certas partes das Escrituras devem ser interpretadas literalmente e outras figuradamente e ainda outras simbolicamente.
A. A Interpretação Literal significa dar à passagem em questão uma interpretação comum, de bom senso, em que as palavras são tomadas no sentido usual e costumeiro. É segundo a "letra". Uma ilustração da interpretação literal é a passagem em Lucas 1.31-33 que fala clara e literalmente que Cristo nasceria da Virgem, seria chamado o Filho de Deus e seria o Herdeiro do trono do Seu pai Davi, segundo a carne, e que reinaria nesse trono sobre os descendentes de Jacó. Esta regra de interpretação literal é a regra recomendada na maioria dos casos. Devemos usá-la sempre que for possível. Há passagens que não se podem interpretar literalmente, por seu conteúdo, ou porque outras razões óbvias fazem-nas exigir uma interpretação figurada ou simbólica. Mas sempre que for possível, deve-se empregar o modo literal. Em contraste com isso, temos
B. A Interpretação Figurada que se dá às passagens que empregam figuras de linguagem. Por exemplo, em Hebreus 4.7 o apóstolo nos exorta: "... não endureçais os vossos corações". Em João 10.9 Jesus disse: "Eu sou a porta" e em João 6.48 Ele disse: "Eu sou o pão da vida". Naturalmente, tais passagens não significam que os nossos corações sejam fisicamente endurecidos, mas sim que sejam sensíveis ao toque do Espírito de Deus; nem que Cristo é uma porta de madeira, ou do curral, mas sim que Ele é a porta de entrada para a vida eterna. Semelhantemente, Ele não é um pão literal e, sim, como pão que sustenta espiritualmente aquele que dEle se alimenta.
C. A Interpretação Simbólica é o que usamos quando se trata de objetos animados ou inanimados, que se usa paralelamente a fim de esclarecer o assunto. Nos capítulos 2 e 7 de Daniel encontramos este tipo de interpretação, usado pelo próprio Espírito Santo. Os reinos gentílicos mundiais desde o babilônio Nabucodonosor até ao tempo do retorno de Cristo são representados pelos vários metais da grande estátua vista pelo monarca e depois pelas várias feras vorazes que o profeta Daniel viu.
Convém lembrar que, mesmo na interpretação figurada ou simbólica, devemos sempre procurar a verdade literal, a mensagem divina, contida na passagem em apreço.
Na Bíblia encontramos três distintas classes de povo com que Deus tem relações: o judeu, o gentio, e a igreja de Deus. I Co 10.32. Obviamente, a interpretação correta duma determinada passagem dependerá de sabermos a qual desses povos Deus está falando. O texto e o contexto da passagem revelarão a resposta.
As Escrituras revelam:
A. Como Profeta, desde o Éden até à cruz. Em Dt 18.18 Moisés predisse a vinda dum Profeta após ele que seria maior do que ele. No Velho Testamento há freqüentes referências a um Ser chamado "o anjo do Senhor", o "anjo de Sua presença", etc. que apareceu a Abraão, a Manoá, a Gideão e a outros, que foi adorado como Deus e que falou como porta-voz ou mensageiro de Deus. Gn 16.7-14; 22.11-18; 31.11,13; Êx 3.2-5; 14.19; Jz 13.2-25. Esse personagem era o Senhor Jesus Cristo, que apareceu temporariamente em forma pré-encarnada e corpórea a fim de trazer a palavra do Senhor a vários indivíduos. O ministério profético de Jesus continuou durante a Sua encarnação e vida de 33 anos aqui na terra. I Co 10.4.
B. Como Sacerdote, desde a Ascensão até à Segunda Vinda.
"Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles." Hb 7.25; "Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade." Hb 8.1. Jesus Cristo é agora mesmo o nosso representante no céu, à destra da Majestade Divina, onde Ele intercede em nosso favor e ajuda o crente em suas fraquezas. "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo."I Jo 2.1.
C. Como Rei, durante o Milênio e em Épocas Sucessivas. Ap 19.16. Durante os 1000 anos de paz, Cristo reinará sobre o mundo, tendo Jerusalém por capital, onde Ele estará estabelecido sobre o trono de Davi, Seu pai. A Palavra também indica que a Sua regência jamais terminará, dizendo: "... o seu reinado não terá fim". Lc 1.33.
QUESTIONÁRIO
1. Em que difere a Bíblia de outros livros, quando se trata de informações seguras sobre a origem do Universo?
2. Qual a ação do Espírito Santo em nosso entendimento das Escrituras?
3. Qual a importância da fé no entendimento sobre a origem do mundo?
4. Quais as três divisões no estudo do plano divino através dos séculos?
1)...............................................................
2)...............................................................
3)...............................................................
5. Que significa a palavra "dispensação"?
6. Como a palavra "dispensação" se aplica às atividades de Deus?
7. Explique o significado da expressão "manejar bem" a Palavra de Deus.
8. Qual o perigo mencionado por Paulo e Pedro em II Co 4.2 e I Pe 3.15, 16 quanto à interpretação das Escrituras?
9. Mencionar três erros a serem evitados na interpretação das Escrituras, definindo cada um com uma frase sucinta.
10. Provar que a interpretação popular da Parábola do Fermento em Mt 13.33 é errônea.
11. Como ficaram distorcidas certas passagens do Velho Testamento que se referem exclusivamente a Israel?
12. Dar um exemplo do erro da interpretação que emprega uma cronologia errônea, explicando porque está errada.
13. Mencionar três sistemas de interpretação da Bíblia:
1)................................................
2)................................................
3)................................................
14. Citar um exemplo da interpretação "literal".
15.Que significa interpretação "simbólica"? Dar exemplos da Palavra de Deus.
16. Quais as três classes de povo a que Deus Se dirige nas Escrituras?
1) .................................................
2) .................................................
3) .................................................
17. Mencionar e explicar cada um dos três períodos do ministério de Cristo, empregando uma frase explicativa para cada um.
1)..............................
2)...............................
3)..............................
18. Quem era o "Anjo do Senhor"?
19. No tempo presente Cristo exerce o ministério de .................................
20. Durante o Milênio (os mil anos) Cristo exercerá o ministério de ...............................
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Capítulo 2
Considerações preliminares
V. OS TRÊS PRINCIPAIS "SÉCULOS" DO TEMPO.
Esses "séculos" não se referem a períodos de 100 anos como pode parecer e sim a períodos muito longos que bem podemos chamar de "eras"'ou "épocas". Esses "séculos" denominam-se o "Século ante-diluviano", o "Século Presente" e o "Século Vindouro", que é o Milênio. Além desses "Séculos" principais, as Escrituras mencionam outros, como sejam as eras criativas, quando Deus criou o mundo, e também uma sucessão de eras ou "séculos" posteriores ao Milênio, chamados de "Séculos vindouros". Ef 2.7.
Definição da palavra "Século". Nas Escrituras essa palavra é usada para designar um período de tempo entre duas grandes mudanças ou transformações bruscas na superfície ou condições do globo, passíveis de alterar as circunstâncias dos seus habitantes. Veja Mt 13.39,49; II Co 4.4; Gl 1.4, segundo a Versão Revista e Atualizada.
O conhecimento do assunto depende da interpretação de quatro palavras gregas usadas no Novo Testamento, as quais em várias traduções têm sido traduzidas por "mundo" ou expressão semelhante. Estas palavras são:
2) "AION" - que significa um período de tempo considerável, uma "era", ou um estado de coisas que marque uma época distinta. Mt 13.39. A eternidade é "aioones" dos "aioones", e significa os séculos dos séculos.
3) "GE" - significa a terra física em que habitamos, o solo, a superfície da terra, ou "terra" em contraste com o "mar", vocábulo que deriva "geografia". Ap 13.3
4) "OIKOUMENE" - que significa a terra habitada, o mundo. Mt 24.14; Hb 1.6, donde deriva o vocábulo "ecumênica".
Como ilustração do término de um "Século" (aion) e o início de outro,
nota-se uma brusca mudança na superfície da terra e suas condições, como por exemplo, na ocasião do Dilúvio, Gn 7.11; 7.23; 8.15-17. Outra ilustração é o desfecho do "século presente" em que nós vivemos, quando os juízos de Deus serão derramados sobre as nações iníquas na ocasião do aparecimento de Jesus no céu, quando Cristo instituirá uma nova ordem de coisas em todo o mundo.
O estudante deve identificar esses três "Séculos" no Mapa das Dispensações. O "Século Ante-diluviano" abrange tudo desde a criação do mundo até ao Dilúvio. O "Século Presente" abrange todos os tempos desde o Dilúvio até ao Milênio. O "Século Vindouro" abrange o Milênio e as sucessivas épocas que se confundem com a própria eternidade.
Passamos a considerar:
SETE PRINCIPIOS - DIRETRIZES NO ESTUDO DA
PALAVRA DE DEUS.
1. Deus é o Criador e Supremo Soberano. As escrituras
em parte nenhuma procuram provar a existência de Deus,
por se tratar de um fato que dispensa provas. Deus é supremo Autor de todo o Universo e Autor de todo este mundo maravilhoso e tudo que ele contém. Ele o sustenta de modo harmonioso e rege sobre todos os seres inteligentes criados, angelicais ou humanos. Deus é o Dirigente bem presente, e conduz os destinos de Sua obra. Nada foi deixado ao acaso. Antes vemos em tudo a operação da onipotência, e onisciência de Deus. Ele Se interessa nos mínimos detalhes com referência às Suas criaturas. Ele observa a morte de um passarinho e a queda do fio de cabelo da cabeça dos seus amados.
2. Existe Um Poder Pessoal do Mal. Em épocas de guerra, quando chegam a morrer milhões de seres humanos, costumam perguntar: "Se existe um Deus, por que Ele permite uma tragédia dessas?” A resposta é muito simples. Deus não é o responsável por essas condições tão terríveis que prevalecem entre os homens. A verdade é que houve no passado uma rebelião neste mundo contra a vontade divina. Um outro ser, Satanás, o grande inimigo de Deus e do homem, é o responsável por essa miséria. Ele é homicida desde o princípio. João 8.44. Ele é o destruidor dos homens e aquele que se opõe a todos os bons propósitos de Deus para a felicidade do homem.
3. A Redenção. Deus é um Ser de absoluta santidade.
A Sua santidade expressa-se por afastar da Sua presença tudo quanto esteja fora de harmonia consigo, sendo Ele um Ser imaculado. Conseqüentemente, quando o homem caiu no pecado, foi banido do Jardim do Éden e da comunhão com um Deus santo. Essa lição é expressa de modo objetivo através do Velho Testamento por meio do sistema de sacrifícios realizados no Tabernáculo e no Templo. O homem ficou excluído do lugar Santo dos Santos que representava a divina presença e somente por meio de um representante, o sacerdote, poderia aproximar-se de Deus, e isto uma vez por ano e somente através do sangue do sacrifício.
O amor de Deus se extendia em direção ao ser que Ele criara na Sua própria imagem, e assim, mesmo antes da queda, prevendo essa calamidade, já havia preparado "o Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo" que daria a Sua vida em resgate da humanidade. Ap 13.8.
4. A Retribuição. Deus não apenas é um Deus de amor, como também de justiça absoluta, e caráter perfeito. Sua justiça exige que se dê plena satisfação pelos delitos cometidos contra a santa lei divina. A pena terá que ser aplicada ao transgressor. Por incrível que pareça, apesar de Deus ter preparado um caminho pelo qual o homem pode voltar ao Seu favor, nem todos os homens estão dispostos a aceitar esta provisão tão amorável. O homem é dotado de livre arbítrio e, querendo ele, pode colocar a sua inexpressiva vontade em oposição ao Ser que o criou. Naturalmente, a rejeição do amor de Deus constitui um pecado eterno e o rebelde sofrerá as mais terríveis conseqüências, isto é, será banido para sempre do santo Deus. "A alma que pecar, essa morrerá". Ez 18.4.
5. Um Povo Escolhido.
Servindo-Se de Sua soberania e sabedoria, Deus escolheu um povo dentre todos os povos da terra, a nação israelita, como meio de revelar a Sua pessoa e o modo de tratar com os homens, especialmente através das Alianças feitas ao longo da história. Dessa forma, o povo de Israel serviu de testemunha da existência do Deus vivo e verdadeiro e da Sua infinita misericórdia. Contudo, tornou-se uma nação indigna e de dura cerviz.
6. O Princípio de Planejamento divino, demonstrado pelas dispensações e pactos. Percebe-se claramente na Palavra de Deus sete períodos distintos chamados "dispensações". Segundo o Dr. Schofield, "Uma dispensação é um período de tempo durante o qual o homem é provado a respeito de sua obediência para com uma determinada revelação de vontade de Deus". Deus dotou Suas criaturas de livre arbítrio e conseqüentemente essa vontade precisa ser provada para que seja determinado se estará concorde com Deus ou em desobediência a Ele. Em Ap 21.27 é revelado o grande propósito de Deus, de ter um reino, um universo sobre o qual Ele presidirá e do qual será banido para sempre tudo que não estiver em harmonia com Ele.
Facilmente podemos entender que, para Deus alcançar Seu objetivo, será necessário que a volição do homem seja posta à prova, e confirmada a obediência a Deus, para que o plano divino não sofra prejuízo por outras repetidas desobediências. Deus não nos fez como um brinquedo mecânico que se põe em movimento por meio de corda. Ao contrário, dotou-nos de capacidade para amá-lo, glorificá-lo e viver em comunhão com Ele. Ele nos deu existência, para manifestar-se a nós e por meio de nós, Is 66.1,2; 57.15.
Após a queda de Satanás, o homem, a nova criatura que acabava de ser criada por Deus, necessariamente seria provada. Portanto, o que lemos no livro de Gênesis acerca da prova e da queda do homem no Jardim do Éden era coisa esperada. As dispensações logicamente são vários estágios empregados por Deus para testar o homem, segundo o grau da revelação divina.
AS SETE DISPENSAÇÕES
Estas dispensações são as seguintes: Inocência, Consciência, Governo Humano, (ou seja, a primeira organização em sociedade), Patriarcal ou da família, a Lei, a Graça, e o Milênio, que será o governo divino. Isto não significa que as Escrituras compõem-se de seções independentes umas das outras. O fato é que as dispensações até certo ponto se sobrepõem, e algumas que vigoravam em passado distante continuam de pé, quanto ao trato de Deus com os homens. É o caso especialmente do governo humano. Refutamos com veemência certas interpretações das Escrituras que chamamos de "ultra-dispensacionalismo". Essas teorias reservam as bênçãos pronunciadas por Deus exclusivamente para o povo que viveu dentro de uma determinada dispensação. Cremos que as bênçãos de Deus são para o Seu povo seja qual for a dispensação em cada momento histórico Cf. Rm 15.4; II Tm 3.16.
As Escrituras revelam:
OITO ALIANÇAS ENTRE DEUS E OS HOMENS:
1) A aliança edênica, que condicionou a vida do homem no estado da inocência. Gn 1.28.
2) A aliança com Adão, que condicionou a vida do homem decaído, oferecendo a promessa dum Redentor, Gn 3.14-21.
3) A aliança com Noé, que estabeleceu o princípio do governo humano e assegurou a continuação da vida sobre o planeta, Gn 9.1-17.
4) A aliança com Abraão, que daria início à nação israelita e concedeu-lhe a terra da Palestina. Gn 12.1-3.
5) A aliança com Moisés, que condena todos os homens "porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." Rm 3.23; Êx 19.1-25.
6) A aliança palestínica, que assegura a restauração e a conversão final de Israel. Lc 26; Dt 28.1 a 30.3.
7) A aliança com Davi, que promete o trono de Israel à posteridade de Davi, promessa que se cumprirá em Cristo, o "Filho de Davi". II Sm 7.16; I Cr 17.7; SI 89.27; Lc 1.32,33.
8) A Nova Aliança, que assegura a transformação espiritual de Israel e de todos que crêem em Cristo, tornando-os aceitáveis a Deus.
7. O Princípio de "Consumação". Deus sempre teve em mente um propósito definido, que é o Seu plano da redenção dos homens. Ele prepara um glorioso destino para Seu povo redimido, tanto na terra como no céu. Esse propósito se concretizará com o segundo advento do Redentor, que reinará sobre o mundo em justiça. Depois de ter assim regido o mundo, durante 1000 anos, entregará o reino nas mãos do Pai. Então será estabelecido um novo céu e uma nova terra, na qual habitará a justiça para sempre. Deus será supremo e terá a obediência de todos no universo. I Co 15.28.
QUESTIONÁRIO
1. Quais são os três "séculos" pertencentes ao "tempo".
1).................................
2).................................
3).................................
2. Como se define um "Século”?
3. Que significa a palavra grega "cosmos”?
4. Que significa a palavra grega "aion"?
5. Que significa a palavra grega "ge"?
6. Que significa a palavra grega "oikoumene"?
7. Dê uma ilustração do término dum "século" e o início de outro.
8. Mencionar os sete grandes princípios-diretrizes no estudo da Palavra de Deus.
9. Explicar o princípio a respeito de Deus, o grande Criador Soberano.
10. Demonstrar a existência dum poder pessoal do mal no mundo.
11. Por que a redenção se fazia necessária?
12. Por que motivo proveu Deus a redenção para o pecador?
13. Desde quando foi instituído o plano de redenção?
14. Qual o atributo de Deus que exige a punição divina para o pecador? Explicar.
15. 0 povo de Israel foi escolhido para servir das três seguintes maneiras:
1)...................................................
2)...................................................
3)...................................................
16. As Escrituras demonstram algum planejamento da parte de Deus?
17. Que significa uma "Dispensação"?
18. Qual a razão porque Deus precisava usar as "dispensações"? Qual a finalidade delas?
19. Mencionar as sete dispensações, na ordem em que ocorrem.
20. Mencionar as oito alianças e dar uma frase explicativa a respeito de cada uma.
21. Explicar o princípio de "Consumação".
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Capítulo 3
Os séculos criativos
I. OS SÉCULOS CRIATIVOS
Segundo a Palavra de Deus a terra em que vivemos já passou por grandes mudanças que alteraram muito a sua superfície. Outras mudanças ainda ocorrerão. Estudaremos estas mudanças, pois nos ajudará em estudo posterior sobre o homem e os espíritos. Ao nos referirmos ao "mundo" entendemos que o termo inclui não somente o planeta, nossa habitação, como também o universo de estrelas, o espaço, a atmosfera, planetas e astros. Muitas referências bíblicas reúnem as palavras "céus" e "terra", dando a entender que a sua criação se deu na mesma época. Gn 1.1; Mt 24.35; Ap 21.1.
Quanto ao método usado por Deus na criação, há diferença de opinião da parte de dedicados servos de Deus. Há alguém que interpreta Gn 1.1 como sendo apenas uma declaração preliminar que antecede a narrativa da criação e que registra a maneira de transformar um mundo sem forma, num belo estado de "cosmos", que se teria realizado através de sete longos períodos chamados "dias". Há outros eruditos que são de opinião que Gn 1.1 refere-se à criação original do sistema solar no longínquo passado, em estado de perfeição; e que Gn 1.2 seria uma referência a uma calamidade que sofreu a terra tornada um "caos"; e que a narrativa detalhada que se segue é a descrição dum período de "reconstrução", de seis dias, no qual a terra foi restaurada à sua original ordem de beleza e harmonia. O esboço que se segue acompanha este pensamento.
A. A Criação Original, Gn 1.1. Esta passagem refere-se à criação dos céus ê da terra, isto é, ao sistema solar, no passado. Deus podia formar o universo, ou colocando em movimento certas forças que gradativamente resultaria num "cosmo" bem ordenado, ou também podia fazê-lo instantaneamente por um só mandamento do seu poder. Não vemos razão porque não foi por este meio. Não há conflito entre a Bíblia e a ciência autêntica. Por quanto tempo a criação permaneceu neste estado de perfeição nós não sabemos porque a Bíblia não o revela. Mas que foi um universo perfeito em todo o sentido, isso cremos, pois em Isaías 45.18 lemos: "Assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a fez para ser um caos, mas para ser habitada." Esta criação original poderia ter sido aquele "Éden, jardim de Deus" composto de um reino mineral, todo glorioso, a que se referiu Ezequiel no cap. 28.12-16, e em que Satanás o "querubim da guarda ungido" andava no brilho das pedras. Esse paraíso mineral faz lembrar do paraíso encontrado em Ap 21 e 22 em que vemos um novo céu e uma nova terra. A descrição do Éden de Ezequiel 28.13 é diferente do Éden, o lar de Adão. Gn 2.8. Mas o nome é o mesmo. Portanto, podemos concluir que o primeiro Éden pertencia a uma criação diferente, mas a terra é a mesma.
Podemos concluir também que foi dessa posição exaltada que Satanás ocupava, que ele aspirou ser igual ao Altíssimo (Isaías 14.12-14), ocasião em que a grande ira de Deus contra esse anjo fez reduzir a terra original a um estado de caos absoluto, fato registrado em Gn 1.2; I Tm 3.6. A terra se teria tornado inabitável. Satanás e suas hostes ficaram sem morada certa. Este fato serve para explicar porque ele retornou ao Éden, seu antigo lar, procurando a expulsão dos novos donos, que eram Adão e Eva, e contra os quais teve ira. Pela mesma razão tem inimizade contra a raça humana até hoje. É a sugestão de alguns que os demônios são espíritos destituídos de corpos físicos, e que sempre o procuram (Mt 8.31), seriam os espíritos dos habitantes da terra no estado original. (Contudo, sabemos que não havia homens na terra original, pois em I Co 15.45 lemos que Adão foi o primeiro homem.)
B. A terra caótica. Gn 1.2. Como já observamos em Isaías 45.18, a terra original não foi criada como um caos. Mas a terra tornou-se em caos, sendo submergida nágua. Não havia luz de espécie alguma. Nenhuma distinção havia entre terra e céus. Nenhuma terra seca havia e nenhum firmamento que dividisse as águas. E também nenhuma vida havia mais, a não ser alguma semente no fundo do oceano. Foi o castigo mais tremendo jamais aplicado a alguma criatura de Deus de que temos notícia. Que demonstração do poder destruidor de Deus quando tem de castigar alguém!
A descrição de Gn 1.2, "a terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo...", significa que sobre a face da terra havia só água. Luz, calor etc. não havia. Por quanto tempo durou essa condição não sabemos, mas presumivelmente podemos colocar neste espaço de tempo todas as eras geológicas que a geologia moderna ensina, que tudo isso existia antes dos "dias" da reconstrução da terra, mencionados no cap. 1 de Gênesis.
C. Os céus e a terra que agora existem. II Pe 3.7. O registro de Gn 1.3-31; 2.1-3 não se refere à obra da criação original e, sim, a um período de tempo em que a terra ficou liberta de sua condição caótica. Foi obra administrada pelo Espírito de Deus. Gn 1.2. Passamos a considerar
Os "dias" de Gênesis cap. 1. As razões para opinar que esses "dias" não eram períodos de 24 horas são as seguintes: três desses completaram-se antes do aparecimento do sol. A palavra "dia" nas Escrituras muitas vezes significa um período de tempo de duração indefinida, como em SI 95.8; Jo 8.56; II Co 6.2; e II Pe 3.8. Não há razão para dizer que o mundo tem só 6.000 anos. À cronologia bíblica data da criação do homem e não da criação do mundo.
É muito importante notar a correspondência existente entre a geologia e a narrativa de Gênesis cap. 1. A geologia afirma ter havido seis sucessivos períodos de criação da terra que se extendem por milhões de anos. Em linhas gerais são os mesmos estágios registrados em Gênesis cap. 1. Para a geologia a vida precede a luz, e a vida deve ter surgido debaixo do abismo. "E o Espírito de Deus pairava sobre as águas." Gn 1.2. A geologia confirma que o primeiro calor, não foi de origem solar, mas de origem química.
O Primeiro Dia. Gn 1.3-5. Nesta passagem encontramos duas palavras: "criar" e "fazer", fato que serve para indicar que a obra de Deus era mais na forma de reconstrução. A palavra "criar" é usada no versículo 1 e depois só no versículo 21, quando Deus "criou" os grandes animais marinhos. A obra do 1º dia não concerne ao sol, a lua e às estrelas, pois esses seres só aparecem no 4º dia. Antes houve o aparecimento de luz em si, separada das trevas.
Os cientistas costumam zombar da narrativa de Gênesis porque essa fala da luz como existente antes da criação do sol, que todos supunham ser a única fonte de luz. Mas hoje em dia a ciência já sabe da existência de luz "cósmica" na terra totalmente independente da luz solar.
O Segundo Dia. Gn 1.6-8. A obra desse dia era a instituição do firmamento chamado "céus", ou seja, a atmosfera em cima de nós, cujas nuvens retêm a umidade (as águas sobre o firmamento), separando-as das águas de sobre a terra. A geologia ensina o mesmo estágio na formação da terra.
O Terceiro Dia. Gn 1.9-13. No terceiro dia o relevo do solo transformou-se em grandes montanhas e enormes vales nos quais se ajuntaram as águas que foram chamadas "mares". A geologia ensina o mesmo fenômeno do aparecimento dos continentes na mesma seqüência da Bíblia. Os continentes produziram relva e árvore frutífera. A geologia também informa que a vida vegetal que produziu os vastos 'depósitos de carvão de pedra alimentava-se, não da luz solar, mas em meio à sombra. A madeira assim formada não ficou dura como é a madeira produzida à luz solar. A narrativa de Gênesis também coloca a vegetação como aparecendo antes da luz solar. Aparentemente a submersão das sementes nas águas não as destruiu e essas tornaram a brotar quando as condições o permitiram. Há abundantes evidências fósseis da existência dessas plantas primordiais, encontradas em toda parte da superfície terrestre.
O Quarto Dia. Gn 1.14-19. Esse dia viu aparecer o sol, a lua e as estrelas. O sol presidiria sobre o dia; a lua e as estrelas presidiriam sobre a noite. Dia e noite, anos e mudanças de estações resultariam daí e o tempo estava iniciado. Os "luzeiros" (vers. 14) seriam os "portadores" de luz e não necessariamente a luz em si. Com essa seqüência a geologia também concorda.
O Quinto Dia. Gn 1.20-23. Deus "criou" todas as aves e os animais marinhos no quinto dia. Também com essa seqüência a geologia concorda. Isto indica que toda a vida animal anterior havia perecido na calamidade que sobreveio à terra original. Muitos fósseis e ossos de aves e animais de espécies diferentes das de hoje são encontrados na superfície da terra.
O Sexto Dia. Gn 1.24-31. A obra dupla do sexto dia incluía animais terrestres e o homem. Estes animais provavelmente são os mesmos que conhecemos hoje. Tanto a geologia como o livro de Gênesis colocam o homem como o último da série a aparecer.
O fato de que toda vida vegetal e cada espécie de vida animal foram feitas "cada uma segundo a sua espécie" e capazes de se frutificar e multiplicar-se (Gn 1.11,24) prova que cada dia, por um ato instantâneo do poder de Deus, produziu uma obra perfeita e completa. Isto é confirmado pelo fato de que depois de cada dia (menos o segundo) e ainda depois da criação completada, Deus inspecionou a Sua obra e a pronunciou "boa". Gn 1.4,12,18,21,25,31.
A Teoria da Evolução. Ao comentar a criação do mundo não podemos dispensar um ligeiro comentário sobre a teoria da Evolução. Citaremos um parágrafo do livro "The Origin and Evolution os Life" (a Origem e Evolução da Vida) por H.F. Osborn. "Desde os tempos mais remotos do pensamento grego o homem avidamente procura descobrir alguma causa natural da evolução, no desejo de abandonar a idéia da criação sobrenatural". Isso constitui um franco reconhecimento do motivo da invenção da teoria da evolução. É para escapar à responsabilidade moral que a criatura tem perante o seu Criador. Infelizmente essa teoria ganhou aceitação totalmente desmerecida e aplica-se na maioria das escolas primárias, secundárias e demais instituições culturais, gozando ainda de popularidade nos púlpitos da ala modernista da religião.
De que consiste a teoria da Evolução? A "Evolução" é a teoria filosófica e especulativa que afirma que os vários elementos e substâncias químicos do mundo inorgânico e todas as inúmeras criaturas vivas do mundo orgânico tiveram origem comum e foram o resultado de efeitos cumulativos de mudanças, em si imperceptíveis e finitos, que resultaram da energia de "forças inerentes da natureza". Essa teoria, que procura superar a narrativa bíblica sobre a criação, parte da pressuposição da existência da matéria e de força no universo, sem oferecer nenhuma explicação sobre a origem de nenhuma dessas. A matéria, segundo a teoria evolucionista, teria existido originalmente num vapor gasoso uniforme e altamente aquecido. A força seria nada mais do que a tendência dessa matéria de manter-se em movimento. Perguntamos se então não seria tão necessário o poder de um Ser Onisciente e Onipotente para criar a matéria e a força, com toda sua suposta capacidade para desenvovimento e diversificação, como para criar os elementos separados, as plantas e os animais? A narrativa de Gênesis é plenamente razoável e científica e não exige mais fé do que exige a teoria evolucionista. De fato, ela é mais racional, e se exige menos fé para crer na eternidade dum Deus pessoal e no Seu poder criador, do que crer na existência hipotética e pressuposta da matéria e da força e no seu poder misterioso de desenvolver-se.
A Evolução Cósmica, isto é, das estrelas, da terra, do mar, do ar, e duma substância original comum, por enquanto nenhuma evidência apresentou para se tornar viável. Todas as pesquisas da astronomia indicam que a lei do universo é calcada na estabilidade e na ordem, e não transformação, provando que a teoria da evolução não passa de uma criação da imaginação humana.
No surgimento do inorgânico para o orgânico, a teoria da evolução requereria que, no remoto passado, e em razão dum acidente maravilhoso e combinação feliz e específica de forças e matéria, produziu-se a primeira centelha de vida que deu origem à primeira planta. Agora, se é verdade que todas as inúmeras formas e espécies de vida encontradas hoje no mundo em que vivemos evoluíram das substâncias inorgânicas, então duas coisas aconteceriam: primeira, as rochas forneceriam provas dessa emergência do inorgânico para o orgânico, e a própria natureza ao nosso redor revelaria certos agrupamentos de átomos que se estenderiam em direção da existência orgânica. Mas o próprio Charles Darwin admitiu que a geração espontânea é coisa "absolutamente fora de cogitação". Não se encontra em parte nenhuma do mundo qualquer sinal de vida orgânica que emergisse por si, dos elementos inorgânicos. O fato é que a matéria inorgânica não demonstra nenhum progresso, nenhum poder e nenhuma tendência de transformar-se em matéria viva.
A evolução admite que não se consegue encontrar o "elo" entre o reino vegetal e o animal. O próprio colaborador de Darwin, Alfredo R. Wallace, disse que a distância entre o reino vegetal e animal é tão grande que nenhuma explicação puderam formular sobre esse problema à base da matéria, suas leis e forças. No entanto, a evolução propõe o tal surgimento do inorgânico para o orgânico como teoria viável para explicar a verdadeira origem das coisas, deixando, no entanto de explicar a origem da matéria, da força, a vida vegetal ou animal!
Se houvesse verdade na teoria evolucionista, não haveriam as diferentes espécies de vida e as linhas divisórias entre elas que verificamos na natureza. Antes haveria somente as formas individuais, uma se transformando na outra. Seria até impossível classificar as várias formas de vida, pois tudo estaria em estado de transmutação. Mas o que verificamos na natureza é um mundo claramente dividido em classes e espécies, cada uma separada da outra por barreiras intransponíveis. Afirmamos que toda a natureza dá seu testemunho contra a Evolução.
O fato é que existe um abismo intransponível entre o tipo de homem mais primitivo e o mais elevado tipo de animal, abismo que a ciência jamais conseguirá transpor. Por muito que os evolucionistas tenham procurado o "elo" inexistente entre o homem e o macaco, jamais o encontraram. O grande químico e cientista, Prof. Virchow, afirma, "temos que reconhecer que não existe nenhuma prova fóssil dum tipo inferior do homem." Todos os argumentos da Evolução são apenas meras suposições. As conclusões seguem aparências, e não as leis científicas das quais querem ser os grandes patronos.
O fato de que todas as diferentes espécies de animais e plantas foram criadas separadamente prova-se pelo fato de que, quando essas são cruzadas, a posteridade é sempre estéril. O cruzamento do jumento com a égua, por exemplo, produz a mula. A mula é produto híbrido e estéril! O fato de a raça humana em sua totalidade ser de uma só espécie e de origem comum, como Paulo informou aos atenienses em Atos 17.26, prova-se pelo fato de que quando as diversas raças se misturam, a sua descendência não é estéril e sim, fértil. Esse fato desfaz o argumento de certas pessoas, que somente a raça branca seja descendente de Adão.
"Adão não foi criado como um bebê e nem tão pouco como silvícola, mas como homem adulto, de inteligência perfeita. De outra forma não teria capacidade para pôr nomes aos animais do campo e às aves do céu. O fato de que seus descendentes demonstraram tão elevada capacidade para cultivar a terra, inventar instrumentos musicais e aparelhos mecânicos, construir cidades e torres e mesmo um navio como foi a arca de Noé, prova que os homens do período ante-diluviano eram inteligentes e capazes de grandes realizações. Gn4.2,17,21,22. Prova de que o homem desde então tem evoluído física ou intelectualmente, não existe." - Larkin.
Os proponentes da Evolução não conseguem explicar Jesus Cristo, que era uma 'Raiz duma terra seca", e o cristianismo que surgiu sobre os ombros de doze homens, em oposição às crenças dos judeus, dos gregos e dos romanos. Também não sabem explicar como apareceu a nossa maravilhosa Bíblia que o próprio historiador H. G. Wells admite ser a fonte da civilização e não o produto da mesma.
E incrível como o mundo acadêmico e religioso, com tendências para o modernismo, tem engolido tão ingenuamente esta fantástica teoria que pelos próprios cientistas abalizados tem sido repudiada muitas vezes. Como pode uma teoria ganhar tal aceitação sem apresentar nenhuma prova? Certamente é um sinal dos tempos e cumprimento da palavra profética de Paulo, "... o aparecimento do iníquo... com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça". II Ts 2.9-12.
7) O Sétimo Dia. Gn 2.1-6. Nesse "dia" Deus descansou de Sua obra da criação do universo e de todos os seres vivos que o habitam.
QUESTIONÁRIO
1. Esboçar em linhas gerais as duas opiniões concernentes à maneira pela qual Deus criou o universo.
2. Explicar Gn 1.1,2 à base da idéia de "reconstrução"
3. Descrever a terra como foi originalmente criada.
4. Que relação existe entre o Éden de Ez 28.13 e o Éden de Gn 2.8?
5. Descrever a posição de Lúcifer nesse paraíso original.
6. Como se deu a sua queda?
7. Descrever a terra caótica, focalizando ao menos quatro detalhes desse seu estado.
8. Demonstrar como as eras geológicas podem enquadrar-se nesse período de caos.
9. Provar que os "dias" de Gn 1.3 a 2.3 eram ou não eram períodos de 24 horas.
10. Demonstrar a correspondência existente entre a ciência da geologia e a narrativa de Gn cap. 1.
11. Que criou Deus no primeiro dia?
12. Que fez Deus no segundo dia?
13. Que fez Deus no terceiro dia?
14. Que fez Deus no quarto dia?
15. Que fez Deus no quinto dia?
16. Qual foi a obra-prima da criação divina?
17. Qual é o significado especial do fato de todas as espécies de vida vegetal e animal serem "cada uma segundo a sua espécie"?
18. Qual é o motivo que incentivou a invenção da teoria da Evolução?
19. Como se define a teoria da Evolução?
20. Quais as condições no universo que os evolucionistas presumem ter existido antes de se iniciar o processo da evolução?
21. Como essa idéia difere da declaração de Gn 1.1?
22. Que é a Evolução cósmica?
23. Como se desmente essa teoria?
24. Mencionar dois grandes fatos da natureza que desmentem a Evolução
1)..........................................
2)..........................................
25. Mencionar dois "elos" que aos evolucionistas estão fazendo muita falta.
1).......................................
2).......................................
26. Qual é o significado do fato que o cruzamento das espécies produz posteridade estéril?
27. Provar que todos os homens têm origem comum.
28. Descrever a capacidade intelectual dos primeiros homens na terra.
29. Que significa a aceitação geral que tem tido a Evolução no mundo acadêmico e religioso?
30. Que fez Deus no sétimo dia da criação?
Capítulo 4
O século ante-diluviano
Dispensação da inocência
Dispensação da consciência
II. O SÉCULO ANTE-DILUVIANO.
Este período de tempo, de duração incerta, estendeu-se desde a criação do ser humano até o Dilúvio nos dias de Noé. O período divide-se em duas Dispensações, a dispensação da Inocência e a da Consciência. Como já verificamos em capítulo anterior, uma dispensação é um período probatório ou moral. Deus constituiu o homem dotado de livre arbítrio e é necessário que a sua vontade "seja provada, para verificar se de fato ele serve a Deus por amor â Sua Pessoa ou não. Em Ap 4.11 lemos, "Tu és digno, senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória e a honra e o poder, porque tu criaste todas as coisas, e pela tua vontade existiram, e foram criadas." Nessa expressão se vê o verdadeiro propósito de Deus em ter criado o mundo sobre o qual Jesus reinará eternamente e do qual será excluído tudo que não se harmonizar com Deus. "O grande propósito da existência do homem é glorificar à Deus e regozijar-se nEle para sempre", afirma o Catecismo de Westminster. Em Isaías 66.12 e 57.15 lemos que Deus Se deleita com os filhos dos homens. Mas Satanás, que fracassou em sua prova (Isaías 14.12-16; Ez 28.,12-15), é o inimigo de Deus e procura destruir os Seus planos. Por tudo isso, o homem, a nova criação de Deus precisa passar pela dita prova.
Nota-se que em certos pontos principais as dispensações têm alguma semelhança entre si. Em cada uma há uma "palavra-chave" que revela a condição moral durante o respectivo período. Cada dispensação demonstra claramente o propósito de "Deus, e cada urna inicia-se com uma nova revelação dEle. Cada dispensação também manifesta a desobediência do homem para com essa revelação e bem assim a separação entre os obedientes e os desobedientes no fim do período. Nota-se uma degeneração moral na linhagem ímpia e por fim a extinção completa da separação entre a linhagem ímpia e a piedosa. Daí resulta a apostasia quase total, e conseqüente juízo divino.
Em conjunto com as dispensações verifica-se a presença das grandes alianças ou pactos entre Deus e os homens. Essas constituem em cada caso a nova revelação de Deus e a nova prova à qual o homem é submetido.
Todo o tempo facultado ao homem é dividido em sete dispensações, as quais são: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, Lei, Graça e Milênio. Grandes crises da historia assinalam as conjunturas dessas dispensações, por exemplo, a Queda do homem, o Dilúvio, a Chamada de Abraão, o Êxodo do Egito, o Primeiro Advento de Cristo ao mundo, o Segundo Advento de Cristo, e o Juízo do Grande Trono Branco.
A. A Dispensação da Inocência.
A Posição do Homem. 1. A palavra chave é INOCÊNCIA. Deus criou o homem como a coroa e glória de toda a criação, em Sua própria imagem, para ser ele o regente e cabeça da criação perfeita do mundo edênico. Gn 1.26,28. Mas Cristo é a "expressão exata do Seu Ser" e a "imagem do Deus invisível". Hb 1.3 e Cl 1.15. Cristo é a imagem de Deus e o homem foi feito à imagem de Deus. Essas expressões nos dão a entender que o homem foi criado em Cristo, a eterna imagem de Deus, e formado segundo Ele, a eterna semelhança ou representação visível de Deus.
Cristo é o original e Adão a cópia." W.C. Stevens. Adão foi feito do pó da terra, consoante o Filho de Deus, embora Esse ainda não se tivesse encarnado. Cristo iria reinar sobre a criação através do Seu representante, o homem. Lc 3.38. Havia íntima comunhão entre Deus e o homem, pois notamos que Deus "andava no jardim pela viração do dia". Gn 3.8.
"O homem foi dotado de inteligência perfeita e capacidade para poder administrar o mundo segundo a mente de Cristo. Deu nomes aos animais, sendo orientado por uma intuição dos propósitos divinos a seu respeito. Dispensava perfeitamente todos os meios comuns da ciência, como sejam livros e escolas e a experiência. O homem sabia por intuição e não por processos didáticos". Stevens. Concluímos, pensando que o primeiro homem era perfeito física, mental e moralmente. Em Rm 3.23 descobrimos que ele tinha a glória de Deus.
Sobre a criação da mulher, comenta Mathew Henry, "A mulher foi feita, não da cabeça do homem, para ultrapassá-lo; nem do seu pé para ser pisoteada por ele, e, sim, do seu lado para ser igual a ele, e de sob o seu braço para ser amparada por ele, e de perto do coração para ser amada por ele."
Ambos eram vestidos de luz, como se prova pela descrição do homem restaurado. Mt 13.43; Dn 12.3; Rm 8.18; Sl 104.2.
2. A Aliança Edênica. Gn 2.16,17. Por essa aliança Deus concedeu ao homem plena inteligência, intuição e capacidade administrativa, pelas quais regeria toda a criação na qualidade de responsável perante Deus.
Certas obrigações foram impostas ao homem, como sejam; 1) ocupar a terra; 2) comer somente de ervas e frutas; 3) guardar o Jardim do Éden; e 4) abster-se de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Era necessária essa proibição única, uma vez que o homem tinha livre arbítrio. A escolha seria o meio de provar essa liberdade. Sua foi a opção de obedecer ou desobedecer a Deus. Contudo, Adão foi muito bem advertido sobre as conseqüências más, caso desobedecesse. "... no dia em que dela comeres, certamente morrerás." Gn 2.17.
3. A Falha do Homem. Gn 3.1-9; I Tm 2.13,14. Depois de certo tempo entrou no paraíso edênico aquele elemento estranho, Satanás, cujo único motivo era introduzir confusão no ambiente de paz. Aproveitando-se da serpente, a mais sagaz das criaturas do Jardim, conseguiu o seu intento maligno.
O ardil usado por ele foi a dúvida que conseguiu introduzir na mente da mulher, por meio de insinuação muito disfarçada. "É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?" perguntou ele. "Será possível que Deus faria uma coisa dessas, proibir a vocês de comer duma árvore neste jardim?" foi sua interrogação maliciosa. Mas Eva não foi obrigada a aceitar essa calúnia venenosa. Ela deveria ter terminado logo a conversa tendenciosa contra a Pessoa do Criador. A sua resposta, "Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dela não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais", deixa bem claro que não somente ela havia aceitado a sua sugestão, mas o veneno já se espalhava em seu coração. A dúvida sobre a Palavra de Deus conduz à distorção dessa Palavra. Por isso ela acrescentou a frase "nem nele tocareis". Ela duvidou da asserção divina, "certamente morrereis" e a mudou para dizer "para que não morrais". Assim ela, infelizmente, deu ouvido a esse ser abjeto e estranho que maliciosamente falou do Criador, daquele que tudo sustenta, e que é o nosso Amigo. O ato de tomar aquele fruto serviu de prova que ela acreditava na palavra de Satanás e duvidou da bondade de Deus. Essa condição espiritual e pecaminosa o casal transmitiu à sua posteridade. Foi o grande pecado de todos os séculos. Verificamos ainda os passos que o homem deu em sua queda. Estes são: 1) ver; 2) cobiçar; 3) tomar; 4) esconder-se; 5) transmitir; e 6) morrer. É o caminho em que todos os pecadores andam. Veja Josué 7.21, o caso de Acã. "Nenhum homem vive para si" e, claramente, se vê esta verdade no caso de Eva, como a mesma levou o marido, Adão, à ruína. Seu pecado foi duplo e ela tem sofrido as maiores conseqüências desse pecado.
4. Os Resultados da Queda. Como resultado da queda o homem teve: 1) Conhecimento do mal. Antes da queda o homem era capaz de pecar, contudo, desconhecia os efeitos que isso provocaria. Ao desobedecer, ele adquiriu esse conhecimento do pecado, e por essa razão foi-lhe proibido comer do fruto dessa árvore do conhecimento do bem e do mal. Gn 3.22. 2) A Perda da Comunhão com Deus. Havendo quebrado à lei de Deus, o homem sentiu-se envergonhado na Sua presença. Essa vergonha destruiu a comunhão com Deus, causando um grave prejuízo. 3) Separou-se de Cristo. Até então Adão havia sido sustentado pela fé na Palavra de Deus. "Não só de pão viverá o homem, mas dé toda palavra que procede da boca de Deus." Mt 4.4. Portanto, quando o homem rejeitou a Palavra de Deus, que lhe era o Pão da vida, ele perdeu essa vida espiritual em Cristo. Cumpriu-se o solene aviso, "no dia em que dela comeres, certamente morrerás". Gn 2.17. Não foi Deus quem os fez morrer em conseqüência do seu pecado. Foi simplesmente o caso da vida eterna que estava neles ficar extinta, automaticamente, por causa da recusa de continuar a alimentar-se com o Pão da vida. O homem torna-se morto em seus delitos e pecados. Foi o mais desastroso dos resultados da queda. 4) O Espírito do homem ficou em estado de morte. O espírito ao homem e vivificado pela vida que Cristo lhe comunica. Rm 8.9,16. Destituído do Espírito Santo, o espírito do homem passa ao estado de "morte" espiritual. Foi o caso de Adão e Eva. 5) A Perversão da Natureza Moral. No lugar da pureza de coração e da perfeição moral, que caracterizavam o homem no Éden, entraram o pecado e a perversão moral. 6) O corpo ficou'sujeito às Enfermidades que no fim resultou na morte "física e conseqüente corrupção. 7) Tornou-se escravo do Pecado e de Satanás. Uma vez que o homem rejeitou a Palavra de Deus e aceitou a palavra do inimigo, naturalmente tornou-se escravo do pecado e do diabo, seu novo "pai". João 8.34,44. A regência do mundo passou das mãos do homem para o Diabo. Adão assim perdeu a sua posição de superintendente do Jardim do Éden, sendo expulso dali. 8) Outros resultados funestos. Foi que o homem perdeu muito de sua inteligência e capacidade administrativa. Ele foi condenado a ganhar o seu sustento através de árduo labor. Gn 3.19. A própria terra foi amaldiçoada por sua causa. A tristeza seria o companheiro constante do homem em toda a sua jornada. E além disso, ainda perdeu as vestimentas gloriosas com que estava originalmente revestido e fugiu da presença de Deus, envergonhado.
5. A Sorte da Mulher. Gn3.16. Além das conseqüências más sobre o casal em geral, a mulher sofreu uma maldição tríplice: a concepção multiplicada, um aumento de dores durante a maternidade e a sujeição ao domínio do homem.
6. A maldição sobre a Serpente. Gn 3.14,15. A serpente recebeu pior maldição do que qualquer outro animal - foi condenada a rastejar-se sobre o ventre e a comer o pó da terra. Haveria guerra perpétua entre ela e o homem, a serpente lhe feriria o calcanhar e ela lhe esmagaria a cabeça. Entendemos que essa é uma profecia referente a Cristo que esmagou a cabeça de Satanás, destruindo-o para sempre.
7. Vedado o Caminho da Árvore da Vida. Gn 3.24. Foi por misericórdia que Deus expulsou Adão e Eva do Jardim e proibiu a sua aproximação da árvore da vida, pois se tivessem comido dessa árvore amargariam uma existência eterna no triste estado em que se encontravam. Era preferível estarem sujeitos à morte física, pois a mesma serve para conduzir os homens a Cristo.
8. Um Raio de Esperança. Gn 3.15. Esta promessa pode ser chamada de "proto-evangelho", pois Deus prometeu a Semente da mulher, que dela mesma, nasceria aquele capaz de esmagar a cabeça da serpente, isto é, Jesus Cristo, o Redentor, que venceria Satanás. É a primeira das grandes promessas messiânicas.
O tipo bíblico desta vitória aparece no ato de Deus sacrificar um animal para prover as túnicas com que cobrir a nudez de Adão e Eva. É um belo tipo de Jesus, o Cordeiro de Deus, que nos proveu uma cobertura para o nosso pecado.
B. A Dispensação da Consciência. Gn 3.1 a 8.14.
1. A Duração desta dispensação é de cerca de 1656 anos, abrangendo o período desde a queda do homem até ao Dilúvio.
2. A Condição do Homem. A palavra chave: CONSCIÊNCIA. Havendo perdido a filiação de Deus e estando separado daquela vida que vem do Criador, e tendo recebido em seu ser o veneno do pecado (o espírito que agora opera nos filhos da desobediência, Ef 2.2), e estando sujeito a Satanás, o homem partiu do Éden em condições bem diferentes das anteriores. Agora o mundo está sob maldição. O homem havia perdido a inocência e pureza da mente e da vida; tornou-se então "como deuses", por estar em comunhão com o "deus deste mundo". II Co 4.4. Agora ele conhece a diferença entre o bem e o mal, mas isso já não lhe traz vantagem alguma. Perdeu a comunhão com Deus; não está mais "em Cristo", alienou a capacidade do conhecimento espiritual. Foi prejudicado no espírito, alma, e corpo, mas uma coisa reteve - a sua livre e espontânea vontade, pela qual poderia escolher entre o bem e o mal. Permaneceu tal qual era antes, um ser livre e responsável perante Deus, por sua maneira de agir.
3. A Aliança Adâmica. Da parte de Deus essa aliança celebrada no Éden foi a solução divina para o problema do pecado que surgiu como conseqüência da queda. Antes disso não havia logicamente sacrifício pelo pecado. Deus proveu uma oferta pela qual o homem poderia reencontrar a pureza e a comunhão com Deus. I João 1.3,7. A liberdade da morte e a regência do mundo foram incluídas neste plano. I Co 15.26; Mt 5.5; Ap 5.10. Essa provisão era o Cordeiro de Deus, morto desde a fundação do mundo. Ap 13.8. "Eis que o pecado (ou seja a oferta pelo pecado) jaz à porta". Gn 4.7. Deus falou isso a Caim. A primeira família, assim ensinada por Deus, entendia isso perfeitamente e manteve esse costume de oferecer sacrifícios expiatórios, de animais, sobre altares de pedra. Sete, Enoque, Noé e outros da linhagem piedosa mantiveram vivo esse testemunho de fé durante todo o período ante-diluviano, de mais de 1 500 anos. Hb 11.4-7.
A maneira correta para o homem expressar o desejo de entrar em comunhão com Deus era aceitar o caminho da redenção, provida por Deus na instituição de sacrifícios de sangue. Gn 3.21; 4.3,4. "Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim..." Hb 11.4. "E assim, a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo". Rm 10.17. Isso significa então que Abel ouviu a Palavra de Deus (Gn 3.15), transmitida por seu pai, Adão, e que creu, demonstrando a sua fé na oferta de sangue, que era um tipo do Grande Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. João 1.29.
4. Duas Atitudes Para Com a Provisão Divina. Abel, pela oferta de sangue, mostrou penitência e um desejo de aproximar-se de Deus. Era um homem de fé em Deus e obediência ao Caminho do Senhor. Gn 4.4; Hb 11.4.
Caim, pela oferta, destituída de fé, dos frutos do campo que cultivava, demonstrou um espírito de autoconfiança e rebelião, desprezando o Redentor, Cristo, como se pudesse prescindir dele.
"Assim já naquele tempo remoto os homens se dividiram em duas classes distintas - uma evangélica e a outra racionalista, uma penitente e a outra impenitente, a classe crente e a que procurou estabelecer a sua própria justiça por meio de obras; a trinitária e a unitária, uma que tem o testemunho de Deus quanto à sua filiação, através da regeneração, e outra que se considera como 'filhos de Deus' quando na realidade são filhos de Satanás." Stevens.
Deus aprovou a oferta de Abel. Hb 11.4. E Caim com isso se irou, grandemente enciumado, pois percebeu que Abel poderia substituí-lo no favor divino, talvez pensando em seus direitos de primogenitura. Deus ainda tentou arrazoar com Caim, procurando acalmá-lo e exortando-o a ainda nessa hora buscar uma oferta de sangue que jazia à porta. Caim recusou essa sugestão e por ser vaidoso e auto-suficiente, ele mais tarde assassinou seu irmão Abel, crime que foi punido por Deus, sendo o réu banido daquelas partes, sob maldição.
5. A Linhagem ímpia a sua Civilização. Caim foi o primeiro a construir cidades e o primeiro a glorificar o nome do homem. Gn 4.17. Ele fundou uma civilização e seus descendentes ocuparam-se em desenvolver os recursos naturais, as utilidades e as artes estéticas.
Jabal, um dos filhos de Lameque distinguiu-se como sendo o primeiro homem a ocupar-se da pecuária e a adotar uma vida nômade habitando em tendas. Talvez em desafio ao mandamento de Deus, teria introduzido na dieta o uso de carne e de leite, com a intenção de escapar ao duro trabalho de lavrar a terra. Seja como for, havia a grande tendência de procurar os confortos e prazeres da vida.
Jubal, outro filho de Lameque, foi o inventor de instrumentos musicais. A música é do Senhor e haverá maravilhosas harmonias no céu, mas aqui no cap. 4 de Gênesis trata-se da linhagem ímpia de Caim. Esses homens, Jabal, Jubal e Tubal-Caim eram todos homens ímpios (4.26); conseqüentemente, vemos o emprego errado de coisas boas em si. Jubal não procurava glorificar a Deus com a música, e, sim, pela música marear os sentimentos do homem para com Deus e impedilo de meditar nas coisas puras. Pember. Sem dúvida há muita música em nossos dias, excitante e carnal e que traz condenação.
Lameque foi o primeiro polígamo, isto é, possuiu mais de uma mulher. Recolhemos impressões acerca do espírito orgulhoso e blasfemo desse homem pelo discurso que fez às suas mulheres em Gn 4.23,24. O Sr. Pember sugere que esse discurso talvez fosse uma canção ou modinha popular entre os antediluvianos. O sentido provavelmente foi o seguinte: Lameque havia brigado com um rapaz e saiu ferido. Mas vingou-se, matando-o. Embora Deus tenha prometido vingança sete vezes contra quem matasse Caim', Lameque fez saber que a vingança seria setenta e sete vezes contra quem apenas ferisse Lameque! Que "valentão" esse Lameque!
"Tubal-Caim era fabricante de artefatos de ferro e cobre. Possivelmente foi o primeiro homem a forjar armas bélicas desses materiais. Aprendemos em Gn 6.13 que a terra se encheu de violência. Isso indica a orgia de crimes, homicídios e obras iníquas que se manifestavam naqueles tempos". Pember.
Os Cainitas, homens inquietos e separados de Deus, esforçaram-se em fazer de sua terra no exílio uma terra agradável, um paraíso artificial, em vez de aguardar com paciência o verdadeiro 'Jardim' de delícias. Tudo fizeram para aliviar os efeitos da maldição divina que pesava sobre eles, em vez de procurar a direção espiritual do Senhor." Pember.
A posição proeminente das Mulheres é notada em Gn 4.19,22. O nome Ada significa "adorno" e "beleza". Zilá significa "sombra" e Naamás significa "esbelta". Não duvidamos que tais nomes lhes fossem dado para destacar a beleza física e o "charme" das mulheres antediluvianas. Na linhagem de Sete não há qualquer menção a mulheres. Tais fatos fazem lembrar a civilização moderna que também está explorando muito os atrativos femininos, por exemplo, em concursos de beleza, nos bailes, cinema e modas, e nos meios publicitários.
6. A Linhagem Piedosa de Sete. Gn 4.25; a 5.32. "Se ele e seus descendentes eram homens de Deus, como se vê em Gn 4.26, mal se começou a invocar o nome do Senhor'. Enoque, o sétimo depois de Adão, é focalizado como um homem de Deus e por seu fiel andar com Deus, foi arrebatado do meio da impiedade prevalecente nos dias anteriores ao Dilúvio. Ele entrou na história como o tipo dos vencedores dos últimos dias que escaparão aos juízos e à Grande Tribulação que sobrevirão à terra.
Como a posteridade de Sete é diferente da de Caim! Não se nota aquelas invejas, brigas, licenciosidade e violência tão generalizadas na outra linhagem. Parados são os barulhos de gado e das músicas profanas que serviam para cauterizar a consciência dos ímpios. Não se notam o tinir da bigorna ou a gabolice dos jactanciosos, e aquele rumor dum mundo que vive sem Deus e falsamente se esforça para livrar-se dos efeitos da maldição divina.
Muito ao contrário, vemos um povo pobre e pacato, trabalhando diariamente na lavoura, conforme a ordem do Senhor, e pacientemente esperando a Sua misericórdia. Nos dias de Enos, a distinção entre as duas linhagens tornou-se tão nítida que os homens da fé começaram a chamar-se pelo nome do Senhor. Gn 4.26; Cf. At 11.26. Era um povo muito humilde e que não figurou nos anais da história do mundo. Em contraste com os 'Cainitas', que teriam alcançado tal 'honra', passaram seus dias aqui na terra como peregrinos e forasteiros, abstendo-se das cobiças carnais. Não construíram cidades. Não inventaram as artes, não desejaram as diversões, mas buscavam um país melhor, isto é, o celestial." Pember.
7. A Promiscuidade dos Descendentes de Sete com os ímpios Cainitas. Deus espera que Seu povo mantenha-se separado do mal. II Co 6.14-18. Evidentemente, os "Setistas" pouco a pouco foram tentados a abandonar o seu andar com Deus, sendo finalmente destruídos pelo Dilúvio. Somente oito almas escaparam a esse castigo, Noé e sua família.
Gênesis cap. 6, vers. 2 registra como se deu a corrupção do gênero humano. "Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as quais entre todas, mais lhes agradaram". Os descendentes de Sete casaram-se com os de Caim, e assim, presos a um jugo desigual, deixaram de manter a separação dos ímpios Cainitas como antigamente faziam. A apostasia que resultou foi completa e Deus foi obrigado, d&vido a extrema maldade dos homens, a destruí-los pelo Dilúvio.
8. O Final da Dispensação da Consciência. A prática da iniqüidade, soltando as rédeas aos baixos pendores da carne, durante tantos séculos, a nova geração adotando os maus costumes das gerações anteriores, resultou na total corrupção do povo antediluviano. O seu cálice de iniqüidade finalmente encheu-se e após um período de 120 anos, em que Noé avisou aos conterrâneos, o castigo divino veio sobre eles. "Então se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei." Gn 6.6,7. Considerando somente Noé e sua família como dignos de permanecer na terra, o Senhor destruiu toda aquela geração pelo Dilúvio que durou um ano e dez dias. Durante 1656 anos a raça humana havia aumentado em números e construído uma grande civilização, mas o alto grau de impiedade causou a destruição de tudo aquilo. É uma lição para todos nós. Vale a pena andar em humildade e obediência perante o Senhor. Gn (6.3 a 8.14)
0 desfecho da dispensação da consciência não significa que Deus deixou de usar a consciência como um meio de falar ao homem. A consciência é conhecida como "a voz de Deus dentro da alma". Noé e sua família haviam presenciado tanto o bem come o mal e eram responsáveis junto com a sua posteridade pela obediência à voz da consciência e a escolher o bem. O Dilúvio marcou o término dum período de intervenção divina na história do homem e um novo começo com Noé e seus filhos.
(O aluno deve localizar esta dispensação da Consciência no Mapa das Dispensações).
QUESTIONÁRIO
1. 0 "Século" antediluviano estendeu-se desde a...................... do ser humano até ao ..................................
2. Quais as "dispensações" em que se divide o Século antediluviano?
3. Como se define uma "dispensação"?
4. Por que é necessário que o homem seja provado?
5. Qual é o propósito de Deus em ter criado o homem? Ap 4.11.
6. Mencionar sete pontos que caracterizam todas as dispensações.
7. Qual é a função de uma aliança durante determinada dispensação?
8. Quantas dispensações há?
9. Mencionar os nomes das dispensações em ordem cronológica.
10. Mencionar em ordem cronológica as grandes crises que assinalam as conjunturas das dispensações.
10. Mencionar em ordem cronológica as grandes crises que assinalam as conjunturas das dispensações.
11. Qual é a palavra-chave que descreve a primeira dispensação?
12. Explicar o sentido de Adão criado "em Cristo".
13. Comentar a "perfeição" de Adão nas questões de inteligência, capacidade administrativa, e intuição.
14. Comentar a criação de Eva, a primeira mulher.
15. Quais as quatro obrigações impostas ao homem sob a aliança edênica?
16. Por que era necessária a proibição a respeito da árvore do conhecimento do bem e do mal?
17. Até que ponto foi Adão avisado sobre as conseqüências duma possível desobediência?
18. Qual era naquele tempo a criatura mais formosa no Jardim?
19. Que fez essa criatura?
20. Qual foi o ardil usado por Satanás para introduzir o pecado no mundo?
21. Qual era o propósito do inimigo?
22. Que fez Eva com a Palavra de Deus?
23. Mencionar os passos na queda do homem.
24. Qual foi o primeiro resultado da queda?
25. Que aconteceu com a comunhão entre o homem e Deus, quando aquele pecou?
26. Qual a relação que tinha o homem com Cristo, antes e depois da queda?
27. Em que sentido o homem "morreu" quando pecou?
28. Que aconteceu com a sua natureza moral?
29. De quem o homem se tornou escravo?
30. Que mudança ocorreu em sua inteligência?
31. A que ficou sujeito o seu corpo?
32. Como sofreu a terra?
33. Em que sentido foi o castigo sobre a mulher, pior do que sobre o homem?
34. Como foi amaldiçoada a serpente?
35. Por que ao casal culpado foi vedado o caminho à árvore da vida?
36. Qual foi o único raio de esperança nessa tão triste situação?
37. Que aconteceu então, que serve de tipo ou símbolo do Redentor?
38. Qual a duração da dispensação da consciência?
39. Qual é a palavra-chave no Século antediluviano e na segunda dispensação?
40. Durante esse período qual era a relação do homem para com Deus?
41. Qual era a relação do homem para com Satanás?
42. 0 homem na época atual, ainda está nessa relação?
43. Como ficou o livre arbítrio do homem?
44. Qual foi a promessa que a aliança adâmica trouxe para a humanidade?
45. Como Deus se referiu a essa Sua provisão, ao conversar com Caim?
46. Qual era a obrigação do homem sob a aliança adâmica?
47. Como o homem demonstraria a sua fé na promessa do Redentor?
48. Que qualidade de coração demonstrou Abel quando ofertou o sangue sobre o seu altar?
49. Por que foi rejeitada a oferta de Caim?
50. Em que resultou a incredulidade de Caim?
51. Quem construiu a primeira cidade?
52. Mencionar dois homens da linhagem ímpia.
53. A invenção de instrumentos musicais é atribuída à linhagem piedosa ou à ímpia?
54. Qual a linhagem que desenvolveu os artífices em ferro e cobre?
55. Quem foi o primeiro poligamista?
56. Que significa a elevação da mulher nessa primeira civilização?
57. Mencionar dois homens da linhagem piedosa no período antediluviano.
58. Qual foi a excelência espiritual a que chegou Enoque?
59. A qual fator o capítulo 11 de Hebreus atribui essa excelência?
60. Essa linhagem piedosa chegou a se chamar por algum nome especial?
61. Que aconteceu com a distinção entre as duas linhagens, mais para o fim do século antediluviano?
62. Devido à apostasia geral da linhagem piedosa, quantas almas justas haviam no fim do período?
63. Como avisou Deus aos homens sobre o juízo iminente?
64. Quantos anos probatórios Deus lhes concedeu?
65. Que aconteceu à civilização ímpia antediluviana?
66. Quais os únicos sobreviventes por ocasião do juízo divino, o Dilúvio?
Capítulo 5
O século presente (pós-diluviano)
Dispensação do governo humano
Dispensação patriarcal
III. O SÉCULO PRESENTE (PÓS-DILUVIANO).
1. A palavra chave é "Governo Humano".
2. A duração desta dispensação foi de 427 anos, desde o tempo do Dilúvio até à Dispersão dos homens sobre a superfície da terra. Gn 10.25; 11.10-19.
3. As Condições do Mundo no início desse Período. Noé, o sobrevivente do Dilúvio, era o pai do Século Pós-diluviano e do mundo presente. Embora sendo da décima geração depois de Adão, ele nasceu apenas 14 anos depois da morte de Sete, o piedoso filho de Adão que deu nome à linhagem piedosa que acabamos de estudar no capítulo anterior. Durante essas oito gerações e por mais de 350 anos em que ele viveu entre os homens depois do Dilúvio, Noé era homem perfeito, um justo que andava com Deus, tornando-se herdeiro da justiça, que é pela fé. Gn 6.9; Hb 11.7. O novo mundo, portanto, teve um pai piedoso. Durante os 600 anos antes do Dilúvio, Noé foi contemporâneo de Metuselá, seu avô. Metuselá, por sua vez, contava 243 anos de idade quando Adão morreu. Assim Noé era conhecedor de todos os grandes acontecimentos do período antediluviano, mesmo dos primeiros tempos no Jardim do Éden, ou pela experiência própria ou por ouvir do seu avô, Metuselá. Por meio de Noé toda a tradição do velho mundo transferiu-se para o novo.
Esse novo mundo foi povoado pelos filhos do grande e justo Noé. Durante 350 anos seus filhos conviveram com o piedoso patriarca, sob a influência do seu santo testemunho. Além de ser um "pregador da justiça", em razão de sua integridade moral e comunhão com Deus, ele era a grande testemunha do juízo de Deus sobre o mundo ímpio que acabara de perecer, podendo apontar esse fato como prova e ilustração nas suas asserções. Seus três filhos, Sem, Cão e Jafete, também foram considerados dignos de escapar a essa catástrofe e testemunharam do juízo que sobreveio ao mundo. É natural concluir que eles também tenham exercido alguma influência santa sobre a posteridade que constituiu a raça pós-diluviana. Notemos a existência de fortes influências no mundo novo para induzir os homens a uma vida de santidade perante o Senhor.
4. A Aliança de Deus com Noé. Gn 8.20-22; 9.9-17. Logo após sair da arca que o salvou das águas, Noé se aproximou de Deus levantando o altar, com sacrifício de sangue. Gn 8.20. Deus atendeu a Seu servo, concedendo-Ihe os termos duma nova aliança com o homem. A primeira cláusula continha três provisões: 1) Deus não mais amaldiçoaria a terra; 2) Deus não mais feriria todo ser vivente, como acabava de fazer; 3) Enquanto durasse a terra, haveria sementeira e ceifa, dia e noite, frio e calor, verão e inverno. Gn 8.21,22. Como sinal de que não mais destruiria a terra por água, Deus fez aparecer o arco-íris. Foram instituídas duas mudanças na natureza: 1ª) O medo do homem foi instilado nos animais, facilitando dessa maneira o domínio do homem sobre eles e 2ª) apresentada a dieta de legumes, foi dada a carne para comer, havendo apenas uma restrição - o sangue do animal seria retirado antes.
A Instituição do Governo Humano foi o sexto item do lado divino desse pacto. No Século antediluviano não havia nenhum governo humano. Todo homem tinha liberdade para seguir ou rejeitar qualquer caminho. Mesmo rejeitando o Caminho, não havia refreio contra o pecado. O primeiro homicida, Caim, foi protegido contra um vingador. (Gn 4.15) Sucessivos homicidas, (Lameque, por exemplo), exigiram semelhante proteção. (Gn 4.23,24) Os homens, durante séculos, haviam abusado do amor e da graça de Deus e gastaram seu tempo entregues a toda qualidade de pecado e vício. Após o Dilúvio, o Caminho, o único Caminho para a vida eterna, ainda permanecia aberto diante deles, e cabia-lhes o direito de aceitar ou rejeitá-lo. Mas se o rejeitassem, continuando desobedientes às leis divinas, eram passíveis de punição imediata por parte dos seus contemporâneos, pois Deus instituiu um governo terrestre que serviria de freio sobre os delitos dos ímpios. A ordem divina foi esta: "Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu". Gn 9.6. A pena capital é a função de maior seriedade do governo humano, e uma vez que Deus concedeu ao homem essa responsabilidade judicial, automaticamente todas as demais funções de governo foram também conferidas. O governo humano, assim constituído, exercendo a prerrogativa da pena capital, foi e é sancionado pelo próprio Deus como um meio de deter os desobedientes. Rm 13.1-7; I Tm 1.8-10. A investidura dessa autoridade e responsabilidade no homem foi uma novidade do novo pacto de Deus com os homens após o Dilúvio. Recentemente tem havido forte pressão pela abolição da pena capital. Infelizmente, até crentes mal informados têm sido contrários à dita pena. Do ponto de vista cristão, argumentam que Deus, desde a morte de Cristo, agora trata com o mundo à base de graça. Mas tal opinião representa uma distorção dos fatos. Deus trata com os homens à base da graça, mas unicamente com aqueles que também aceitam o Filho de Deus como Salvador. Para com os demais homens no mundo, Deus continua contemplando-os à base da lei e os juízos que por ela resultam. Se os governos se livrassem desse sentimentalismo falso que transige com o criminoso e tratassem de aplicar as penalidades previstas em lei, afastando dos seus cargos os juizes corruptos e advogados desonestos e demais elementos comprometidos com o submundo do crime e aplicassem a pena capital naquele que tirou a vida ao próximo, haveria muito menos crime do que há atualmente. As estatísticas comprovam que nos países onde eliminaram a pena capital o índice de crime aumentou proporcionalmente, levando-nos a tornar a afirmar que a instituição de pena capital é uma necessidade para a sociedade humana. É o único freio que o homem não regenerado respeita - o medo da morte.
Do lado humano do pacto, havia um mandamento específico e repetido, que o homem devia guardar. Gn 9.1,7. O homem devia multiplicar-se e encher a terra.
Em comparação com a aliança adâmica, notamos que há: 1) maior domínio sobre o reino animal; 2) uma dieta mais ampla; 3) a promessa de Deus que não mais destruirá toda a carne; 4) e maior repressão sobre os ímpios, incluindo a prerrogativa da pena capital, que seria ao mesmo tempo uma ilustração do governo divino. As três primeiras condições ampliaram a graça e a última trouxe mais perto o juízo. Dessa maneira Deus se esforçava em persuadir os homens a aceitarem voluntariamente o Caminho da Redenção e por esse meio escapar ao juízo entrando na plenitude da graça divina. Mas naturalmente, se o homem persistisse em pecar contra uma mais ampla manifestação da graça, não importando que o castigo estivesse mais iminente, também seria maior a catástrofe que lhe sobreviria.
A duração desta aliança. É notável que desde o tempo de Noé nunca mais tem Deus tratado com alguém que represente a raça humana em sua totalidade, entregando-lhe novos termos duma aliança afeta a toda a humanidade. Por isso, desde os dias de Noé e até que chegasse o tempo de Deus dar novas leis à humanidade, essa aliança (com Noé) continuaria em vigor. Só no Milênio, sob o governo de Cristo, haverá outra aliança que substituirá a de Noé.
Vislumbres Proféticos aqui Observados. Apesar de sua promessa de nao mais destruir a terra por água, Deus deu a entender que a maldade e a impiedade dos homens bem o podiam merecer. Gn 8.21. Na restrição de comer sangue observa-se o seu caráter sagrado já que a redenção seria por meio de sangue. Em anunciar que a "bênção" estaria nas tendas de Sem (9.27), Deus já indicava a linhagem da qual viria a "Semente da mulher", que é Jesus, o Messias.
A Linhagem Piedosa. Outra vez achamos os fiéis servos de Deus que humildemente andaram no caminho da fé. Esses eram os semitas. Como houve dez gerações desde Adão até Noé, assim houve outras dez gerações desde Noé até Abraão, cuja vida marca outra grande crise na história humana. Gn 11.10-26.
A Grande Falha. Logo se concretizou a previsão divina que a impiedade voltaria à terra. O coração corrupto do homem não somente rejeitou o Caminho da redenção, como também deliberadamente desobedeceu ao mandamento especial que os homens se espalhassem sobre a terra. Antes começaram a construir cidades e agregar-se. Nimrode, neto de Cão por Cush, começou (foi o primeiro) a ser poderoso na terra. O princípio do seu reino foi Babel, mas construiu mais sete cidades. Gn 10.10,11. O governo humano foi instituído por ordem divina, mas o IMPERIALISMO de Nimrode e de outros daquele tempo já era diferente, sendo um plano de Satanás que visava unir o mundo e fazer guerra contra o Senhor Jesus Cristo. Vide Ap 16.14; 19.19. Mesmo em tempos tão remotos os homens uniram-se para fazer planos para não se espalharem (Gn 11. 4), planos pelos quais poderiam fazer para si um nome. Cf. Gn 4.17. O ponto alto desses planos para engrandecer o nome do homem foi a construção da Torre de Babel nas planícies de Sinear (Mesopotâmia), torre que imaginavam chegaria até ao céu. Gn 11.4; II Tm 3.1-4; SI 49.11-13.
O Juízo - A Dispersão. Novamente a Trindade conferenciou entre bi. CT Gn 3.22; 6.7. O juízo sobre essa ímpia geração foi determinado. Gn 11.5-7. Veio na forma da confusão de línguas, tornando-se o meio utilizado por Deus para obrigar os homens a se espalharem sobre a superfície da terra. Serviu para refrear o seu caminho pecaminoso e suas ambições carnais. Só durante a Grande Tributação virá a plena medida de juízo sobre o mundo pós-diluviano. Convém observar que esta diversidade de línguas que resultou, não foi porque os homens se espalhassem cada família para região diferente, e, sim, foi a confusão de línguas que provocou a dispersão. Gn 11.6. Foi uma intervenção milagrosa da parte de Deus que produziu a grande diversidade, de centenas ou milhares de línguas. (Em contraste com esse fenômeno, temos no Cap. 2 de Atos dos Apóstolos, a miraculosa concessão do dom de línguas no Dia de Pentecoste, cujo grande alvo era espalhar as bênçãos do Evangelho a toda criatura em todas as partes da terra.) Podemos ainda concluir que, sendo a diversidade de línguas uma forma de juízo sobre o homem, uma vez que todos aceitarem a Jesus como o Redentor e o pecado for afastado, então haverá uma só língua pura sobre a terra. Sofonias 3.9.
A Dispersão aconteceu cerca de 100 a 300e poucos anos depois do Dilúvio, provavelmente "nos dias de Pelegue". Gn 10.25; 11.16-19. É impossível estabelecer com exatidão em que data isso teria acontecido, pois Peleque viveu 340 anos. Mas certamente foi por volta do ano 2000 antes de Cristo. A Dispersão não significou o fim da dispensação do Governo Humano, pois a mesma vigorou até a chamada de Abraão. Gn 12.1. Como terminou essa dispensação?
Será que os homens tornaram-se mais santos? Apesar das restrições impostas por Deus, e a instituição de governo, os homens seguiram o caminho e o espírito de Caim! Venceram o obstáculo da diversidade de línguas, e, ajuntando-se em alianças, estabeleceram o imperialismo. Gn 14.1-9 apresenta os nomes de alguns dos grandes desses dias, sendo um dos mais notáveis, o rei Amrafel, rei de Sinar, conhecido na história pelo nome de Hammurábi, autor do mais antigo e famoso código de leis. Jó, da terra de Uz também viveu nesse tempo. O Senhor Deus ainda tolerará esse imperialismo até o mesmo chegar ao seu apogeu na pessoa do Anti-cristo. Dn caps. 2 e 7. Então, como nos dias de Noé, Deus visitará este mundo com castigo terrível, que será a Grande Tribulação, e marcará o fim do "Presente Século" "Pós-diluviano".
UM ESBOÇO DA DISTRIBUIÇÃO DAS FAMÍLIAS PROCEDENTES DOS TRÊS FILHOS DE NOÉ
(Os seguintes esquemas são da autoria de Paul E. Ihrke, de Chicago, E.U.A.)
OS DESCENDENTES DE CÃO (Gn 10.6-20)
Quatro Raças originaram-se dos quatro filhos de Cão. Essas por sua vez subdividiram-se depois. Povoaram as terras da África, da Arábia oriental, da costa oriental do Mar Mediterrâneo, e do grande vale dos rios Tigre e Eufrates. Não há provas para afirmar que todas as raças descendentes de Cão eram negras. As primeiras monarquias orientais eram dos descendentes de Cão, por. Cuxe.
Existe uma opinião que alguns dos descendentes de Noé emigraram para a China e que de lá passaram para as Américas através do Estreito de Béringue e do Alasca. Certos cientistas são de opinião de que em algum tempo os dois continentes estivessem ligados.
OS DESCENDENTES DE SEM (Gn 10.21-32) SEM - FILHO DE NOÉ
Sem foi o pai de cinco filhos que se tornaram em cinco grandes raças e numerosas tribos menores.
Arfaxade foi o pai dos caldeus que povoaram a região marginal do Golfo Pérsico. Foi progenitor de Abraão, oito gerações anteriores. Um dos descendentes de Arfaxade foi Joctã de quem vieram treze tribos (Gn 10.25-30) as quais ocuparam as partes sul e sudeste da Península Arábica. Alguns destes nomes são mencionados na genealogia de Cão, fato que pode indicar miscigenação entre as raças.
Ela povoou uma província ao oriente do Rio Tigre e ao norte do Golfo Pérsico.
Assur povoou a Assíria às margens do Rio Tigre, tendo Nínive como capital. Eram uma vez senhores de toda a terra ao oriente do Mar Mediterrâneo.
Lude e seus descendentes moraram nas bandas sudeste da Ásia Menor.
Arã povoou a Síria. Teve quatro filhos: Uz, Hul, Géter e Más. Uz morou no meio da Arábia setentrional. Jó foi um dos seus descendentes.
Hul e Géter ocuparam o território próximo ao Lago de Merom ao norte da Galiléia, segundo as informações.
Mas, que é chamado Meseque em I Cr 1.17, possivelmente uniu-se com o Meseque da linhagem de Jafé.
Sem, nascido 120 anos antes do Dilúvio, conheceu a seu pai, Noé, seu avô Lameque e seu bisavô, Metusela, antes do Dilúvio. Lameque, por sua vez, conheceu Adão por mais de cinqüenta anos, e Metusela o conheceu por mais de 250 anos. Esses fatos demonstram a maneira pela qual os conhecimentos históricos do princípio da raça foram comunicados às gerações posteriores. Noé viveu até ao tempo de Abraão. Sem chegou a alcançar o tempo de Isaque e Jacó, filho e neto de Abraão.
OS DESCENDENTES DE JAFÉ (Gn 10.2-5)
As raças arianas ou indo-européias são descendentes de Jafé.
Javã teve quatro filhos: Elisa, Társis, Dodanim e Quitim. Estes quatro povoaram a Grécia. Alguns descendentes de Quitim foram para a Itália, a França, e a Espanha, formando o povo latino.
Madai e seus descendentes povoaram a índia e a Pérsia.
Gomer teve três filhos: Asquenaz, Rifate e Togarma. Os descendentes de Asquenaz povoaram a Turquia, enquanto os descendentes de Rifate povoaram a luguslávia ou Sérvia e a Áustria. Os descendentes de Gomer deram origem aos celtas, os alemães e aos eslavos. Os celtas emigraram para as Ilhas Britânicas, Gales, Escócia e Irlanda. Algumas das tribos germânicas emigraram para a Noruega, Suécia e Dinamarca, tornando-se os escandinavos descritos pelos romanos como altos, loiros e corpulentos. Outras tribos germânicas povoaram a Alemanha ocidental, a Bélgica, e a Suiça, tomando o nome de Goters. Os que permaneceram na Alemanha ficaram conhecidos como "teutões", ocupando o norte e o sul da Alemanha. Os do norte, por sua vez, tornaram-se os "anglo-saxoes" e os holandeses.
B. A Dispensacão Patriarcal. Gn 12.1 a Êx 18.27.
1. A Palavra chave é PROMESSA
2. À esta dispensação teve início com a aliança de Deus com Abraão, cerca de 1963 anos antes de Cristo, ou seja 427 anos depois do Dilúvio. Sua duração foi de 430 anos, quando Israel saiu do Egito. Gl 3.17; Ex 12.40; Hb 11.9,137
3. As Condições no Mundo. Como já observamos, a terra de Sinear novamente tornou-se o centro de desobediência mundial contra a aliança de Deus com Noé. O espírito do pecado tornou-se tão forte e agressivo que já ameaçava de extinção a linhagem piedosa de Sem, que, embora ainda crente em Deus, adotou o culto de ídolos. Gn 31.53; Js 24.2. O décimo dessa linhagem desde Noé (como Noé era o décimo desde Adão) era Abraão, o filho de Terá. Seu lar estava em Ur dos caldeus, o centro da civilização de Nimrode. Nesse ambiente de desobediência onde adoravam a deusa Lua, Deus chamou Abraão. Enquanto ainda estava nessa sua terra natal, a Mesopotâmia, Deus o chamou para sair dali e ir para uma terra que Ele lhe mostraria. Atos 7.2-4. Terá, seu pai, e Ló, seu sobrinho, acompanharam a Abraão e Sara até à cidade de Harã, onde moraram até à morte de Terá. Gn 11.31,32. Em Harã foi celebrada a primeira aliança com Abraão (Gn 12.1-3). Em obediência a esse pacto, Abraão e Sara saíram para a terra de Canaã, sendo acompanhados por Ló. Gn 12.4,5. Os 430 anos que durou esta dispensação datam da sua entrada em Canaã como peregrino e estrangeiro. Hb 11.9,13; Êx 12.40.
4. A Grande Aliança com Abraão. A Dispensação Patriarcal representa o período de tempo no qual Deus deu a Abraão as várias porções da aliança que leva seu nome, e os anos nos quais ele e sua descendência viviam exclusivamente debaixo da mesma. Depois da chamada original em Ur dos caldeus, o Senhor apareceu a Abraão seis vezes: Gn 12.1-3,7; 13.14-17; 15.1-21; 17.1-21; 18. 1-33; e 22.1-18. Essa aliança assim revelada a Abraão e com ele celebrada, foi confirmada a Isaque (Gn 26.2-5), a Jacó (Gn 28.13-15) e a Moisés por todo Israel. Êx 6.1-9.
O lado divino. Esta aliança apresenta os seguintes itens em que Deus Se comprometeu:
1) Durante a vida de Abraão: a) Abençoá-lo, 12.2; b) fazê-lo uma benção, 12.2; c) abençoar os que o abençoassem, 12.3 d) amaldiçoar os que o amaldiçoassem, 12.3; e) dar-lhe a terra de Canaã, 13.15; f) protegê-lo e ser o seu galardão, 15.1; e g) ser o seu Deus, 17.7.
2) Para Abraão no futuro: a) fazer grande o seu nome, 12.2; b) fazê-lo extremamente frutífero. A sua semente natural ser numerosa-como a areia do mar e sua semente espiritual como as estrelas. Gn 13.16; 15.5; Rm 4.16-18. C) fazê-lo pai duma grande nação. Dele sairiam reis. i 12.2; 18.18; 17.6. d) fazê-lo pai de muitas nações, 17.4; e) fazê-lo uma bênção a todas as famílias e nações da terra. Gn 12.2,3; 18.18.
3) Para a sua descendência obtida com Sara. Gn 15.4; 17.19.
a) A possessão da terra de Canaã, desde o Rio do Egito até ao Rio Eufrates, Gn 12:7 – 13:14; 15:18-21; 17:7,8.
b) Jeová seria seu Deus, 17.8;
c) possuiriam aportados seus inimigos, 22.17;
d) por essa descendência seriam abençoadas todas as. nações da terra. Gn 22.18.
Foi nesse item da aliança onde se achava a promessa de que a "Semente" - e não "sementes", como se fossem os "descendentes" de Abraão - seria a "Semente da mulher", isto é, Cristo, o Redentor. Gl 3.16; Gn 3.15.
e) a descendência de Abraão passaria aflições numa terra estrangeira durante 400 anos. Depois desse período, Deus puniria seus inimigos e libertaria o povo, que sairia dessa terra com grandes riquezas. Gn 15.12-14.
4) Para Ismael, filho de Abraão com a escrava Hagar. Esse filho também se tornaria uma grande nação. Gn 17.20.
O Lado Humano da Aliança. A aliança com Abraão era essencialmente uma aliança de "graça'. Rm 4.1-4. As obrigações impostas a Abraão não eram realmente de "obras", pelas quais "mereceria" as maravilhosas promessas que a aliança lhe outorgava, mas sim simples atos pelos quais demonstraria a sua fé nas promessas de Deus. Romanos 4.2,3; Tiago 2.22,23.
As Obrigações Impostas a Abraão são as seguintes:
1) Separação. O primeiro desses atos de Abraão foi a saída de Ur e depois de Harã. Gn 12.1,4. A separação demonstrou a sua fé nas futuras bênçãos prometidas.
2) Morar em Canaã foi outro ato de Abraão. Gn 12.1; 26.2. Por ter desobedecido a essa ordem (12.10-20; 13.1), e ido ao Egito, em razão da ameaça de fome em Canaã, foi punido por causa de sua incredulidade. Depois voltou a Canaã.
3) Circuncisão. 17.9-14. Esse ato constituiu o "selo da justiça da fé" (Rm 4.11), a prova de que Abraão creu que a sua semente seria uma grande nação.
4) Exercer fé que Sara teria um filho na sua velhice. 17.15-17. Abraão tinha que crer que Deus lhe dana um filho com Sara, embora ambos já tivessem passado o tempo de gerar filhos. A sua fé foi a fé especial - na vida dentre a morte - que fez Abraão o pai e grande exemplo daqueles que crêem na ressurreição de Cristo dentre os mortos, crendo assim para a vida eterna. Rm 4.19-24; 10.9.
5) O Sacrifício de Isaque. Gn 22.1,2. Este ato, a última das obrigações a ele impostas, constituiu a suprema prova de sua fé. Abraão "considerou (creu) que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos". Hb 11.17-19. Ele demonstrou a sua fé pelo seu ato. Foi realmente uma repetição da prévia prova de sua fé, constituindo evidência concludente a Deus e ao mundo que Abraão era temente a Deus e que creu na ressurreição dentre os mortos.
Abraão satisfez todas as provas e condições impostas por Deus, cumprindo assim o lado humano da aliança. Por conseguinte, espera-se que todas as promessas referentes a essa aliança serão cumpridas.
5. O Propósito de Deus na Chamada de Abraão.
a. fazer de Abraão um Exemplo e Modelo da fé. E m outras dispensações Deus havia usado outros grandes homens da fé, como sejam Abel, Enoque e Noé para servirem de exemplo em seu tempo. Hb 11.4-7. Abraão foi escolhido para ser exemplo, nessa nova dispensação e também para as sucessivas, de como se aproximar do Deus imutável. Deus ao mesmo tempo queria levantar uma nação que também servisse de exemplo e meio de bênção para todo o mundo. Abraão foi destinado a tornar-se o "pai" dos fiéis ou crentes. Ele já antes de ser circuncidado era homem de fé. Rm 4.11. Portanto, qualquer pessoa, em qualquer nação, que resolvesse andar nas pisadas de Abraão, se tornaria a sua descendência espiritual. Rm 4.12,16,17; 2.28,29; Gl 3.6,7,9. O caminho da fé sempre foi o único caminho para Deus e a vida eterna. Gl 3.11; Ef 2.8; At 4.12. Assim se vê que logo no princípio do "Século Presente", o período em que nós também vivemos, Deus usou a vida de Abraão como ilustração do caminho da fé.
Observemos, por exemplo, os "passos da fé" pelas quais Abraão tornou-se o "amigo de Deus", sabendo que os mesmos passos poderão ser tomados por qualquer pessoa que busca a paz com Deus. 1) Primeiramente, Abraão separou-se de sua terra de idolatria e de seus velhos companheiros, que também é o passo que Deus exige de nós. 2) Permanecendo na terra da Promessa, Canaã, crendo nas promessas divinas, corresponde à fé na promessa de Jesus que "os mansos herdarão a terra." O caminho do Egito conduz à derrota. 3) A circuncisão corresponde ao "despojamento do corpo da carne". Cl 2.11; Rm 2.28,29.
4) Crendo no nascimento de Isaque, em se tratando de pessoas idosas como eram Abraão e Sara, corresponde à nossa crença no nascimento de Cristo em nossos corações.
5) Confiando em Deus para ressuscitar Isaque (Gn 22) corresponde à fé que diz que "Deus o ressuscitou dentre os miortos"! Rm 10.9.
b. Fazer de Abraão o Pai da Nação Judaica. A aliança adâmica prometeu que a "Semente da mulher" esmagaria a cabeça da serpente, Satanás. Gn3.15. Era a promessa do Redentor. A aliança com Abraão seria um encorajamento para os pós-diluvianos a continuarem a crer nessa promessa, e ao mesmo tempo seria mais um passo à frente em sua implementação. Agora ficou estabelecido que a "Semente da mulher" seria também a "Semente de Abraão" (Gl 3.16), isto é, um dos descendentes de Abraão, o Redentor, que redimiria todo o mundo, como de fato aconteceu.
O grande propósito em suscitar a nação judaica era o de fazê-la uma grande bênção para todas as nações do mundo. O fato é que Deus usou Israel enquanto serviu a essa finalidade (até o tempo de Malaquias), e Ele tornará a usar Israel como meio de bênção durante o Milênio, quando os judeus estarão ligados a Cristo a quem presen-temente recusam a aceitar como seu Messias.
c. Demarcar a Terra do Messias. Deus chamou Abraão a fim de também demarcar em definitivo a terra que seria o lar terrestre do Messias, a Terra Santa. As seguintes passagens bíblicas levam-nos a crer que essa terra terá como fronteiras, no sul, o Rio Nilo no Egito, ao oeste o Mar Mediterrâneo, ao norte, o Rio Eufrates, e ao leste, as águas do Golfo Pérsico e o Oceano Indico. Gn 15.17,18; 26.3,4; Êx 23.31; Dt 1.24; Ez 47.18; Gn 2. 8-14; Is 51.3. Esse território jamais foi totalmente ocupado pelo povo judaico o qual ainda espera essa ocupação durante o Milênio.
Essa pequena terra, por ter nela a capital do governo de Cristo durante o Milênio, em Jerusalém, servirá de bênção para todos os povos da terra.
6. Características Especiais desta Dispensação. Podemos dizer que esta dispensação, que durou apenas 430 anos, faz parte dum período de cerca de 4.000 anos. A sua natureza é diferente das prévias dispensações, dos tempos que vão de Adão a Noé. Essas, ofereciam ao homem a opção, ou a fé ou a incredulidade; a obediência ou a desobe-diência. A aliança com Abraão não estebeleceu nenhuma condição, mas sua natureza era inteiramente à base da graça. Nem devem os 400 anos de escravidão no Egito ser considerados como "castigo", mas sim como um período de desenvolvimento dessa nação. Essa experiência era necessária para Deus poder mostrar Sua força. Também era necessário que a "medida da iniqüidade" dos amorreus se enchesse (Gn 15.16), isto é, que a impiedade das nações cananéias amadurecesse. No tempo próprio (nos dias de Josué) os exércitos de Israel entrariam em Canaã para libertar a terra das influências ímpias e estabelecer a religião pura de Jeová.
Esta dispensação serve de ilustração e tipo de muitas coisas em vigor durante a dispensação da Igreja, uma vez que Abraão é o nosso pai na fé. Rm 4.1-17; I Co 10.11; Gl 3.15-22. O fim da dispensação Patriarcal é típico da vida cristã no fim do Século Pós-diluviano, assim como a vida ante-diluviana é típica da vida não regenerada nos dias antecedentes à segunda vinda de Cristo. Lucas 17.26.
QUESTIONÁRIO
1. Qual é a palavra chave do Século pós-diluviano?
2. Por quanto tempo durou a dispensação do Governo Humano?
3. Quem foi o pai do Século Pós-diluviano?
4. Através de quem poderia Noé ter tomado conhecimento dos eventos do tempo de Adão?
5. Mencionar duas fortes influências condizentes à santidade durante os dias de Noé.
6. Qual o nome da aliança dos tempos pós-diluvianos?
7. Na parte divina da aliança, que prometeu Deus quanto à repetição da destruição da terra?
8. Qual o sinal que Deus deu que cumpriria Sua promessa?
9. Quais as duas mudanças na natureza, introduzidas pela aliança com Noé?
10. Que simboliza a restrição de comer sangue?
11. Anteriormente havia algum governo humano?
12. Em que resultou essa falta de governo?
13. Qual o refreio sobre o crime que Deus estabeleceu no período pós-diluviano?
14. Qual é a mais séria função do Governo?
15. 0 governo humano é sancionado por Deus?
16. Será a pena capital de utilidade para a sociedade moderna? Citar provas.
17. Qual era a obrigação do homem junto à aliança com Noé?
18. Mencionar três fatores nos quais a aliança com Noé ficou mais desenvolvida do que a aliança com Adão.
1).....................................
2).....................................
3).....................................
19. Os esforços de Deus visavam o que?
20. A aliança com Noé ainda continua a vigorar?
21. Qual o segredo que foi dado que indica a linhagem da qual viria o Messias?
22. Os homens cumpriram a sua parte na aliança?
23. Como manifestaram a sua atitude?
24. Que fez Deus então para obrigar os homens a obedecer?
25. A grande diversidade de línguas faladas no mundo resultou da dispersão dos homens através do mundo?
26. Como se produziram tantos idiomas em uso no mundo no dia de hoje?
27. Em qual ocasião posterior Deus também deu instantaneamente muitas línguas ao Seu povo?
28. O tempo chegará quando haverá apenas só uma língua na terra?
29. Cerca de que ano aconteceu a Dispersão de Babel?
30. Quem era o líder na rebelião de Babel?
31. Além de construir Babel, que mais fez ele?
32. Qual é a atitude de Deus para com os "impérios"?
33. Que homem de Deus, cujo nome consta como npme de livro da Bíblia, vivia nesse tempo? . 34. Quem será o último a levantar um império neste mundo, e que Deus destruirá ao fim do Século Presente?
35. Qual a palavra chave da dispensação patriarcal?
36. Quais as três dispensações que ocorrem no tempo do século pós-diluviano?
37. Quanto tempo decorreu após o Dilúvio para iniciar-se a dispensação patriarcal?
38. Qual o pecado em que incorreu a linhagem de Sem?
39. Qual era a cidade natal de Abraão?
40. Quanto tempo durou a dispensação patriarcal?
41. Essa dispensação estava afeta a qual aliança?
42. Mencionar quatro aspectos do lado divino dessa aliança.
43. Como era o lado humano desta aliança? Mencionar as cinco obrigações impostas a Abraão que expressariam a sua fé em Deus.
1) ........................................................................................
2) ........................................................................................
3) ........................................................................................
4) ........................................................................................
5) ........................................................................................
44. Quais os três principais propósitos da chamada de Abraão?
45. Quais os "passos da fé" pelos quais Abraão se tornou "amigo de Deus"?
46. Quem era a "Semente de Abraão"?
47. Mencionar dois grupos de descendentes de Abraão.
1)......................................
2)......................................
48. Podemos nós dizer que Abraão é nosso pai? Em razão de que?
49. Em que maneira a nação judaica tem servido de bênção para as nações do mundo?
50. Em qual época estarão os judeus e o Redentor unidos a serviço da paz mundial?
51. Qual o propósito da escolha da Palestina como lar dos judeus?
52. Em que sentido foi a aliança com Abraão diferente das dispensações anteriores?
53. Qual foi a vitória ocorrida no fim da dispensação patriarcal?
54. De que é típico a dispensação patriarcal?
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