Quatro dicas e quatro 'micos' para profissionais que usam redes sociais
"Você usa o Twitter?" era uma pergunta inofensiva que fiz a um executivo de uma multinacional durante um jantar, há alguns anos. Ele ficou incrédulo com minha questão tola. Twitter é coisa para "os meus netos" e "não para mim", ele respondeu.
Não pude resistir. Tirei meu telefone e digitei o nome da empresa dele no Twitter - e fomos inundados com resultados da pesquisa. Em seguida, botei o nome dele - o que o deixou ainda mais apavorado com tudo que viu.
Na sua cabeça, já que ele não estava no Twitter, isso significava que ninguém ali teria interesse nele.
Muitos executivos ainda não percebem que no mundo dos negócios de hoje é preciso entender e participar de alguma forma - mesmo que mínima - de redes sociais. Plataformas como Twitter, Facebook, LinkedIn ou Instagram são hoje o centro das notícias, opinião, ativismo, consumo e muito mais.
Como integrante de vários conselhos de administração de empresas e entusiasta de tecnologias, as redes sociais viraram uma extensão essencial do meu trabalho. Uso o Twitter atrás de notícias e o Facebook para me manter em contato com amigos. O LinkedIn me ajuda a acompanhar colegas e pessoas em quem me interesso profissionalmente. O Instagram é uma forma visual de compartilhar experiências. Já o Pintrest ainda me intriga bastante.
Hoje em dia, "headhunters", que trabalham no recrutamento de bons profissionais, procuram pessoas que tenham desenvoltura para vagas de trabalho importantes. Executivos que usam essas ferramentas são vistos como mais acessíveis e comunicativos - em vez de pessoas ocultas atrás de portas fechadas.
Mas é importante seguir algumas etiquetas. Essas são as regras básicas que eu acho importante:
FAÇA:
- Envie e receba: Redes sociais são plataformas para interação e aprendizagem. Se você está apenas no modo "enviar" - só transmitindo aos outros o que você quer dizer - você está perdendo uma parcela valiosa da rede. Ligar também o modo "receber" - ao ouvir e interagir com os demais - é bem mais frutífero.
- Seja autêntico: Se tiver sem tempo, é melhor compartilhar um só post escrito por você mesmo do que ficar repassando vários feitos por outras pessoas. As pessoas sabem identificar se você está só copiando outra.
- Leia antes de publicar: Já perdi a conta de mensagens minhas com erro de digitação ou grafia, ou coisas que publiquei, quando na verdade achei que estava enviando como mensagem privada. Também, como faço com e-mail, procuro evitar usar redes sociais quando estou irritada. Lembre-se: quando uma coisa é publicada, ela fica lá "para sempre" - especialmente agora que a Biblioteca do Congresso americano começou a arquivar todos os tuítes.
- Conheça a etiqueta de cada plataforma: É importante entender a linguagem e os costumes de cada rede. No Twitter, nunca repita o que outra pessoa falou sem citá-la. No LinkedIn é bom fazer avaliações e críticas, mas lembre-se que está lidando com a reputação profissional de uma pessoa ou empresa. Se você tiver desavenças, tente ser respeitoso.
NÃO FAÇA:
- Não ache que tem direito à privacidade na rede social: As mídias sociais são lugares públicos. Não escreva nada que você não gostaria de ver publicado em um jornal. Eu própria passei por isso recentemente. Mesmo que sua conta seja fechada apenas para seu círculo de amigos, há sempre o risco de que alguém ali compartilhe suas opiniões, fotos e conversas.
- Não dê informações confidenciais: é surpreendente saber o que jornalistas, investidores ou competidores conseguem aprender, só olhando suas fotos ou "status" de Facebook. Qualquer foto que publico nunca mostra nenhum documento importante. Também muito cuidado ao se comunicar com colegas na rede.
- Não compartilhe textos que não leu ou que podem ser falsos: cuidado para não retuitar boatos ou notícias que não foram apuradas com cuidado. Leia tudo que você publicar até o fim. Não esqueça que investidores, parceiros e empregados estão vendo.
- Não agende tuítes e compartilhamentos para depois: É tentador agendar posts para os momentos em que você acha que mais pessoas vão ler, mas também há um perigo nisso. Caso alguma catástrofe aconteça, seu tuíte pode ficar completamente irrelevante ou até soar insensível.
O que aconteceu com aquele executivo que encontrei alguns anos? Hoje em dia ele tem uma conta no Twitter - que ele usa para ficar de olho em tudo que acontece na sua indústria. Ele também está no LinkedIn e no Facebook - que, segundo ele, acabou se revelando uma ótima forma de se manter em contato com os netos.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141020_vert_bus_rede_social_profissional_dg