ARTIGO - Publicado em 29/07/2015 às 18:42 - Atualizado em 29/07/2015 às 18:42
‘Os benefícios da poluição’ e outras 10 declarações absurdas do governo chinês
“O pai está perto, a mãe está perto, mas nenhum deles está tão perto quanto o presidente Mao.” Assim dizia o slogan onipresente durante a “Grande Revolução Cultural Proletária”, um período em que a campanha de dez anos do regime comunista para destruir a cultura tradicional chinesa resultou em dezenas de milhões de mortes, suicídios, prisão, tortura e humilhação pública.
Décadas mais tarde, a propaganda comunista ainda está repleta de contradições e falácias que visam a fortalecer o estado autoritário. São “exercícios deliberados de pensamento duplo”, como George Orwell os teria chamado.
Listamos abaixo 11 das coisas mais inacreditáveis que o Partido Comunista Chinês ou a mídia estatal da China afirmaram em anos recentes:
1. Celebrando os benefícios da poluição atmosférica
Enquanto os chineses lamentam os cinzentos céus da China e os efeitos sufocantes da poluição atmosférica, a China Central Television (CCTV), emissora estatal da China, conjurou uma lista de cinco supostos benefícios da poluição atmosférica.
1. A poluição atmosférica unifica o povo chinês com um problema universal do qual podem reclamar.
2. Ela uniformiza a população, já que ricos e pobres são vulneráveis.
3. Ela aumenta a consciência sobre o custo de um progresso rápido.
4. Facilita humor na forma de piadas relacionadas com a poluição atmosférica.
5. Ela educa as pessoas: “Nosso conhecimento da meteorologia, geografia, física, química e história progrediu”.
Não muito mais tarde, o Global Times, um jornal estatal, informou que a poluição do ar dá à China uma vantagem militar por borrar a linha de visão do espaço, limitando assim a penetração de satélites espiões estrangeiros.
No fim das contas, é uma excelente maneira de ver o copo meio cheio.
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2. O massacre de Tiananmen e o trabalho de Photoshop adulterado
A agência de notícias Xinhua, porta-voz do Partido Comunista Chinês, adulterou a história fazendo Photoshop na famosa foto “Tank Man”. A imagem original, fortemente censurada na China, mostra um manifestante, Wang Weilin, bloqueando o avanço de uma linha de tanques em 04 de junho de 1989, antes do Massacre da Praça Tiananmen, em que milhares de manifestantes pró-democracia foram mortos.
A Xinhua produziu uma versão adulterada da foto “Tank Man”, com milhares de pessoas na beira da estrada, dando a impressão de que eles estão cumprimentando os tanques que se aproximavam.
3. “Quer você acredite ou não, de qualquer maneira, eu acredito”, diz oficial
Em julho de 2011, dois trens-bala colidiram em Wenzhou, província de Zhejiang. Seis carruagens descarrilaram, incluindo quatro que caíram de uma ponte. Um relâmpago atingiu o primeiro trem, fazendo com que este fosse obrigado a parar. O trem que vinha logo atrás acabou batendo com forte intensidade no veículo parado. O acidente causou a morte de mais de 40 pessoas; mais de 200 ficaram feridas.
Nenhum dos grandes jornais estatais mencionaram o acidente em suas primeiras páginas de domingo. As autoridades rapidamente esmagaram e enterraram as carruagens quebradas que tinham caído no chão. Na internet, os internautas chineses especularam amplamente como sendo uma tentativa de encobrir provas. Três horas depois das autoridades afirmarem que não havia mais sobreviventes, uma jovem foi encontrado viva em meio aos destroços.
Em uma conferência de imprensa no dia seguinte, o porta-voz do ministério das ferrovias Wang Yongping afirmou: “Eles me disseram que enterraram o carro para facilitar os esforços de resgate”. Quando interrogado sobre a criança resgatada, Wang disse: “Foi um milagre. Se acredita ou não, de qualquer maneira, eu acredito.”
Poucos outros acreditaram nisso.
A indignação generalizada ocorreu porque os funcionários não investigaram adequadamente o acidente. Um usuário no Sina Weibo, escreveu: “Este é um país onde uma tempestade pode causar a falha de um trem, um carro pode fazer uma ponte colapsar, e beber leite pode criar pedras nos rins … a China hoje é um trem que viaja no meio de tempestade de trovões e nós somos os passageiros a bordo.”
4. Vítimas de estupro deveriam procurar tratamento “discreto”
Após ter sido revelado o estupro de seis crianças realizado por um professor, o Conselho Municipal de Educação Ruichang pagou suas despesas médicas. Os pais também exigiram uma indenização por dano psicológico, e tentaram processar o governo. O vice-prefeito da cidade criticou os pais, dizendo: “Se fosse o meu filho [a ser estuprado], eu iria levá-lo para tratamento em algum lugar discreto que ninguém conhecesse, e não pediria um centavo do governo.”
5. ‘O governo irá cuidar dos idosos.’ Somente uma brincadeira.
Na cultura chinesa, filhos e filhas tradicionalmente cuidam de seus pais idosos. Assim, o ideal comum para os pais era ter vários filhos para cuidarem deles na velhice.
Entretanto, para fazer avançar a política do filho único da China, o regime chinês criou um slogan de propaganda bem conhecido em 1985 que dizia: “Ter um filho é melhor; o governo vai cuidar dos idosos”. Em 1995, o slogan tinha mudado para: “Ter um filho é melhor; o governo vai ajudar a cuidar dos idosos”. Em 2005, tornou-se: “[Vocês] não podem depender do governo para cuidar dos idosos”. E em 2012, a realidade era: “Adiar a aposentadoria é o melhor… Cuide-se.”
Assim, os casais jovens que obedientemente concordaram em ter apenas uma criança em 1985, foram deixados pendurados sem qualquer compensação justa.
6. Mídia estatal afirma que água cheia de carcaças de porco é ótima
Em março de 2014, milhares de cadáveres de porcos inchados, supostamente mortos por um vírus suíno, foram encontrados flutuando no rio Huangpu, em Xangai. Os trabalhadores do saneamento passaram diversos dias tirando-os da água. Uma exploração agrícola chinesa admitiu ter atirado os suínos na água, alegando que tantos porcos haviam morrido recentemente que não podiam enterrar todos eles.
Enquanto os moradores se preocupavam com a contaminação do Rio Huangpu, a partir do qual Xangai obtém a maior parte de sua água potável, a CNN revelou que a mídia de notícias estatal chinesa afirmou que a água estava bem e não apresentava quaisquer sinais de poluição.
Um usuário do Weibo, espantado, perguntou: “Desde quando encontrar porcos mortos em decomposição em um grande rio não é um problema de saúde pública?”
Outro acrescentou: “Uma vez que, aparentemente, a água não foi contaminada, grandes líderes, por favor, vão em frente e tomem o primeiro gole.”
7. O People’s Daily afirma que o mortífero químico PX tem um sabor “ligeiramente doce”
Após protestos generalizados contra a construção de usinas de paraxileno (PX) químicas na China em 2013, o Diário do Povo negou a potência da PX, dizendo que era “um líquido transparente e incolor com um odor perfumado” e que “tem até um gosto ligeiramente doce”. O jornal também alegou que o produto químico é menos prejudicial do que o café, que é “possivelmente cancerígeno para a bexiga humana”, e que não havia provas suficientes de que o PX era cancerígeno.
Embora possa não ser cancerígeno, de acordo com o cartão de segurança química internacional para o PX, a inalação de PX pode causar tonturas e náuseas, e a ingestão pode causar uma sensação de queimação. A exposição a longo prazo pode “ter efeitos sobre o sistema nervoso central” e possivelmente “toxicidade para o sistema reprodutivo humano e seu desenvolvimento”.
8. O governo chinês manipula a tragédia de Ferguson
Depois que Michael Brown, um homem negro que vivia em Ferguson, Missouri, foi assassinado por tiros de um policial branco, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Marie Harf foi interrogada em uma conferência de imprensa, sobre se os EUA davam boas vindas a críticas de países como a China ou o Irã. Ela respondeu: “Como eu disse, isto é realmente uma questão doméstica, mas resumindo, quando temos problemas e questões neste país, lidamos com eles abertamente e honestamente … Eu não tenho nenhum comentário adicional em um processo que é puramente nacional e não envolve o Departamento de Estado”.
Harf estava dizendo que assuntos domésticos não têm nada a ver com o Departamento de Estado, que lida com as relações externas. Entretanto, a CCTV relatou: “Os EUA disseram que outros países não têm o direito de interferir com seus assuntos internos”, adulterando, assim, suas palavras. O regime chinês se opõe regularmente ao que afirma ser interferência estrangeira nos assuntos internos do país. Ao retratar os EUA como hipócrita, o governo chinês desvia a atenção dos crimes abismais contra os direitos humanos em prática na China.
9. Um herói chinês em meio ao terremoto foi fabricado pela mídia
Em 2008, o terremoto de Sichuan matou cerca de 90 mil pessoas, incluindo 10 mil crianças que foram atingidas quando suas escolas, construídas sem a execução apropriada das normas de construção, entraram em colapso. Suspeita-se amplamente que desfalques das autoridades locais encorajaram os trabalhadores a usar materiais precários na construção daquilo que é conhecido por “edifícios tofu”, na gíria chinesa.
Logo depois, surgiu uma história sobre um professor de escola secundária e membro do Partido Comunista, Tan Qianqiu, que havia carregado quatro alunos em seus braços enquanto o edifício ruía, salvando suas vidas em troca da sua própria. A Agência de Notícias Xinhua descreveu Tan como “um anjo de um conto de fadas”. O professor foi nomeado como “membro do Partido com excelência em aliviar terremotos e desastres”.
No entanto, um relatório da Southern Metropolis Daily, um dos poucos jornais na China dispostos a opor-se às autoridades, revelaram detalhes que contradizem a narrativa oficial. Apenas um dos quatro estudantes supostamente salvos pelo professor, na verdade, sobreviveu. Um deles, chamado Fu Qiang, foi morto pelo terremoto, e outros dois, Tian Jian e Yu Gang , simplesmente não existem. Liu Hongli, o único sobrevivente, também negou a história: “Simplesmente não houve tempo suficiente para o Sr. Tan correr da frente da sala de aula para me salvar.”
Os editores dos Southern Metropolis Daily responsáveis por reportar a verdade foram, mais tarde, presos.
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10. O Google foi bloqueado “devido a novas razões de segurança”, afirmou o Global Times
Após o encerramento do serviço Gmail do Google dentro da China, o porta-voz do regime chinês em língua inglesa Global Times, disse que se a China havia bloqueado o Gmail, “deve ter sido motivado por razões de segurança recém emergidas”, e que os usuários devem “aceitar a realidade”.
A chamada “razão de segurança” foi, provavelmente, a ameaça que o Google representa ao mecanismo de censura e firewall de Internet massiva do regime chinês.
11. O regime chinês conjurou o incidente da auto-imolação para difamar praticantes de Falun Gong
Em janeiro de 2001, cinco indivíduos incendiaram seus corpos na Praça de Tiananmen. Duas horas mais tarde, os meios de comunicação estatais relataram que se tratavam de cinco praticantes de Falun Gong que haviam colocado fogo em seus corpos a fim de ir para o céu. Entretanto, exames mais cuidadosos demonstram que o ocorrido foi uma fraude encenada pelas autoridades chinesas para colocar rapidamente o sentimento público contra o Falun Gong, uma prática de cultivo e meditação pacífica perseguida na China desde 1999 devido ao grande número de adeptos. O Desenvolvimento da Educação Internacional, uma ONG afiliada às Nações Unidas, declarou: “O regime aponta para um suposto incidente de auto-imolação na Praça Tiananmen, em 23 de janeiro de 2001 … No entanto, obtivemos um vídeo do incidente que, no nosso ponto de vista, é uma prova de que este evento foi encenado pelo governo”.
O China Uncensored, um canal do Youtube amplamente conhecido sobre assuntos chineses, oferece provas detalhadas das inúmeras falhas no relato da notícia de auto-imolação, citadas por Chris Chappell, apresentador do documentário “Fogo Falso”.
Por exemplo, uma investigação do Washington Post revelou que Liu Chunling, um dos imoladores, nunca tinha praticado Falun Gong, e um exame cuidadoso do vídeo mostra que Liu Chunling não morreu por causa do fogo, mas devido a um objeto pontiagudo, jogado por um homem desconhecido, que o atingiu na cabeça. Algumas semanas após o primeiro relatório, a mídia estatal elevou o número de praticantes do Falun Gong supostamente envolvidos para sete indivíduos.
Após o incidente da auto-imolação, o regime chinês também proibiu Yellow Peril, uma novela de 1991 escrita por Wang Lixiong que descreve uma guerra civil na China que, finalmente, termina em apocalipse nuclear. Logo no início da novela, o Ministério de Segurança Pública suborna um doente terminal para que se imole na Praça Tiananmen de modo a incriminar os seus adversários políticos, um caso indesejável de previsão do que ocorreria uma década depois, na vida real.
O incidente da auto-imolação em Tiananmen foi usado pelo regime chinês para escalar a campanha contra o Falun Gong.
Fonte: https://www.epochtimes.com.br/beneficios-poluicao-outras-10-declaracoes-absurdas-governo-chines/#.Vb_WnfNViko
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