Exegese do Livro de Aos Romanos Capítulo 8: 5 - 8

 

Exegese do Livro de Romanos Capítulo 8: 5 - 8

 

A luta do Espírito contra a

 

carne 

São Paulo,  12 de Outubro de 2009.

Por Cornelio A.Dias

PARTE I

Introdução:

A finalidade deste estudo é buscar compreender os motivos que incentivaram o Apóstolo Paulo em escrever esta epístola, direcionada para a Igreja estabelecida em Roma.

O mais provável era uma crise de identidade espiritual que imperava sobre os cristãos de Roma, explicita no conteúdo da carta, cuja gravidade é observada na perícope de 5 a 8 do capitulo 8 de Romanos, motivo pelo qual este autor escolheu este capitulo explorando o contexto teológico dos versículos cinco ao oito com base no texto original.

A esses irmãos, Paulo se dirigiu nesta carta, a fim deles se firmarem sobre os alicerces da sua santíssima fé. Nesta epístola, podemos apreciar alguma coisa da doutrina primitiva dos irmãos que compunham a igreja de Deus em Roma naquela época, doutrina sobre a qual precisamos edificar na atualidade. Os argumentos apresentados por Paulo na carta aos Romanos no todo são complexos. 

 O estudo exige bastante atenção para entender o que ele disse, e não o que gostaríamos de ouvir, porém vou abordar somente a perícope [trecho de um texto] acima mencionada. Estudando assim, receberemos a grande recompensa de fortalecer a nossa fé e aumentar a nossa apreciação pela graça de Deus. O estudo é prático, visando entender, alguns pontos principais, de cada versículo da perícope, para elaborar esta exegese, e farei aplicações práticas para ajudar assimilar no nosso dia-a-dia cristão; [contexto histórico-religioso].

Para uma melhor compreensão desta questão é necessário conhecer um pouco do contexto histórico da época em que ela [carta] foi escrita,  como se segue:

1º. Roma era Capital do Império Romano, maior que Atenas, Alexandria e Antioquia. Exercia domínio em todas as questões imperiais: políticas, sociais, militares, comerciais e religiosas. O calendário romano data a origem da cidade em 753 a.e.C envolta em grande mistério.

2º. Foi edificada como resultado de conquistas militares e sustentadas pela capacidade de sua força bélica, competência administrativa e rapidez nas comunicações. Durante o primeiro século depois da era cristã [d.a.C], Roma tinha mais de 1.500.000 habitantes, dos quais 800.000 eram escravos.

3º. Através da sua força militar, conservava as estradas relativamente livres da ação dos salteadores, a ponto do primeiro século d.C. ter sido considerado a época da “Pax Romana”, o que facilitou a propagação do Evangelho nas regiões do Império.

 

1. A Fundação da Igreja

Não há dados históricos sobre a origem da Igreja em Roma, o N T não traz nenhuma referência.

Para Irineu, os fundadores foram Paulo e Pedro, mas, não há nenhum registro que apóie essa tradição. A tradição mais aceitável é a de Ambrosiasto, um escritor que viveu no século IV d.C. e que era membro da Igreja em Roma. 

Segundo ele, essa comunidade eclesiástica havia aceitado a fé de acordo com o tipo judaico, sem ter a participação de qualquer apóstolo mais conhecido da época.

Portanto, a suposição histórica mais provável é a de que os que estiveram em Jerusalém, no dia do Pentecostes e também fizeram parte dos três mil convertidos, retornaram a Roma e juntos formaram a primeira Igreja dos seguidores de Jesus Cristo. Porém, ainda existe uma outra tradição histórica de que havia em Roma uma colônia de quarenta mil judeus descendentes dos chamados “libertos”. Eles haviam sido levados como escravos para Roma, pelo Imperador Pompeu. Depois foram libertos e então organizaram sinagogas na cidade. Parte desses judeus voltou para a Palestina e a outra parte permaneceu em Roma tornando-se seguidores de Cristo.

 Naquela época, as viagens entre Roma e Jerusalém eram muito comuns, o que deu ímpeto à expansão do Evangelho entre judeus e romanos. 

 

1.1 A composição da Igreja: 

Nos seus primeiros anos de fundação, a Igreja em Roma era tipicamente judaica e semelhante à Igreja em Jerusalém: os crentes se reuniam todos os dias, de casa em casa, para oração e instruções acerca da nova fé, no entanto; o Cristianismo fez tantas invasões dentro da fé judaica tradicional que depois de alguns anos, levantou-se um verdadeiro conflito entre judeus crentes e descrentes.

O historiador romano Suetônio relata que o imperador Cláudio ordenou a expulsão dos judeus de Roma por volta do ano 49 d.a.C., por causa dos tumultos no setor judaico que, supostamente, se originaram pela pregação do Evangelho de Jesus Cristo. Com a expulsão dos judeus, a Igreja em Roma tornou-se basicamente uma Igreja gentia. É natural, portanto, que Paulo tenha escrito uma epístola essencialmente dirigida aos gentios, Rm: 11:13; 1:5-6. Mesmo assim, é evidente que o principal objetivo de Paulo era alcançar tanto gentios quanto judeus. Afinal, após a morte de Cláudio, no ano 54 d.a.C., os judeus tiveram permissão para retornar a Roma, sob o governo de Nero.

Quando Paulo escreveu Romanos, por volta de 56 d. C, ele ainda não tinha estado em Roma, mas vinha pregando o evangelho desde sua conversão em 35 d.C.

Durante os dez anos anteriores, ele tinha fundado Igrejas através de todo o mundo mediterrâneo. Agora, estava chegando ao fim de sua terceira viagem missionária.

 

PARTE II:

Introdução a Epístola de Romanos

2.  Contexto histórico do Livro de Romanos

 

Autoria do livro de Romanos:

Paulo a ditou para Tércio conforme Rm: 16:22.

As evidências internas desta afirmação são basicamente duas:

1. A reivindicação da autoria pelo Apóstolo Paulo está na introdução da Epístola, Rm: 1:1, como é comum em suas epístolas;

2. O conteúdo, estilo literário e vocabulário são próprios de Paulo.

Já as evidências externas são várias:

Irineu citou a epístola de Romanos 4:10 num dos seus escritos, atribuindo a autoria ao apóstolo Paulo.

. Policarpo bispo de Esmirna, citou a Epístola aos Romanos como de autoria paulina.

No manuscrito mais antigo das epístolas paulinas, o papiro 46, proveniente do Egito, consistindo de dez epístolas, a carta aos Romanos vem em primeiro lugar.

Paulo nos dá algumas informações sobre a circunstância da carta. Ele fala de planos para visitar Roma depois de terminar a sua viagem Rm: 1:10-15.

Estava se preparando para levar as ofertas das Igrejas da Macedônia e da Acaia aos santos necessitados em Jerusalém.

Depois de visitar Jerusalém, queria iniciar outra viagem para a Espanha, parando algum tempo na Itália no caminho Rm: 15:22-33.

Esta epístola é, portanto, uma declaração madura de sua compreensão do evangelho.

Em Roma, a Igreja havia sido fundada por outros cristãos; e Paulo, através de suas viagens, conheceu muito a respeito dos crentes de lá. Rm: 16.3-15.

 

2.1 Data, lugar e ocasião da Epístola:

Paulo escreveu essa Epístola quando realizava sua terceira viagem missionária. Mais precisamente na cidade de Corinto, capital da província romana de Acaia, no território da Grécia.Entre 55 – 58 d.C., era inverno e Paulo estava hospedado na casa do seu fiel amigo Gaio Rm: 16:23.

Concluímos que Paulo teria escrito essa carta durante o tempo citado em At: 20:2-3, quando permaneceu na Grécia por três meses. Na ocasião Paulo enquanto estava em Corinto, em 56 d. C, fazendo uma coleta para ajudar os cristãos necessitados de Jerusalém Rm: 15:25-28,31; e 2 Co: 8:9, ele planejou ir a Jerusalém com essa coleta, e depois visitar a Igreja em Roma, Rm: 1:10-11 e Rm: 15:22-24. Depois de ser revigorado e apoiado pelos cristãos de Roma, planejou viajar para a Espanha para pregar o evangelho, Rm: 15.24. Ele escreveu para dizer aos romanos sobre sua visita iminente. A carta, provavelmente tenha sido entregue por Febe Rm: 16.1-2. 

 

2.2 Esboço do livro de Romanos:

Introdução Rm: 1:1-17.

Identificação de Paulo Rm: 1:1-7.

Desejo de Paulo de visitar Roma Rm: 1:8-15.

 

Resumo da Epistola de Romanos:

1. Todos pecaram Rm: 1:18 e Rm: 3:20.

2. Justificação apenas pela fé Rm: 3.21 e Rm: 5:21.

3. Praticando Justiça na vida Cristã Rm: 6:1 e Rm: 8:39

4. Deus e Israel Rm: 9:1 e Rm: 11:36.

5. Aplicações práticas

6. A própria situação de Paulo Rm: 15:14-33.

7. Recomendações pessoais Rm: 16:1-24.

8. Bênção Rm: 16:25-27.

 

A santificação, a justa maneira do cristão viver diante de Deus:

1. Mortos para o pecado, vivos para Deus Rm: 6:1-14. 

2. Livres do pecado, servos da justiça Rm: 6:15-23. 

3. Livres da lei, unidos com Cristo Rm: 7:1-6. 

4. Luta íntimas Rm: 7:7-25.

 

A vitória através do Espírito ligado ao propósito e ação de Deus:

1. Libertação do pecado e da morte pela atividade do Pai, Filho e Espírito Santo Rm: 8:1-14.

2. A disposição da carne versos a do Espírito Rm: 8:14-17.

3. Orientação e testemunho do Espírito Rm: 8:14-17.

4. A consumação da redenção esperada pela criação e crentes igualmente Rm: 8:18-25.

5. O ministério intercessor do Espírito Rm: 8:26-27.

6. O propósito de Deus para aqueles que o amam Rm: 8:28-30.

7. Triunfo dos crentes sobre toda oposição Rm: 8:31-39.

 

2.3 Tema central da epístola: ⇒A justiça de Deus revelada em Rm. 1:16-17:

Além desse tema central, outros temas apresentados pelo apóstolo nesta epístola são

Condenação a falta de justiça da parte do homem, judeus e gentios: não há nenhum justo Rm: 1:18 – 3:20;

Justificação a justiça de Deus em Cristo tornada a justiça do homem: todos podem ser justos Rm: 3:21 – 5:21;

Verdadeiro sentido da circuncisão;

O conflito entre as duas natureza pecaminosa “antiga” e a santa “nova”;

A lei e a graça;

Santificação vida através do Espírito Santo: nossa identificação com Cristo;

A soberania de Deus;

O propósito de Deus para Israel.

 

2.4 Destinatários e propósitos da Epístola:

A carta foi destinada aos cristãos de Roma, Rm: 1:7, constituídos de judeus e gentios, sendo que os gentios representavam a maioria.

As razões de Paulo escrever esta epístola foram para obter o apoio da igreja de Roma na realização do seu trabalho missionário no Ocidente. Ele desejava ir à Espanha e áreas circunvizinhas.

Colocar-se contra os judaizantes “judeus cristãos que desejavam que todos os gentios convertidos ao Evangelho se tornassem prosélitos do Judaísmo”, mediante a natureza apologética da Epístola.

Esses judaizantes ainda sentiam obrigações perante os rituais judaicos e criam na salvação através das obras.

Por fim aos conflitos surgidos entre judeus e gentios da Igreja em Roma, através da proposta de um equilíbrio apropriado entre a liberdade cristã e o antinomianismo, Rm: 3:8; 6:1; Rm: 7:1-12. E fazer uma exposição lógica e compreensiva das verdades fundamentais do Evangelho.

 

2.5 Versículos chave da Epístola

Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.

Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé, Rm: 1:16, 17.

Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo Rm: 5:1.

 

 2.6 Visão geral da Epístola: 

A epístola de Paulo aos Romanos é de grande importância, porque nela temos os alicerces do cristianismo firmados.

É provável que tenha sido escrita quando o apóstolo esteve em Corinto, pouco antes da sua última viagem para Jerusalém, Rm: 15:25, isso corresponde mais ou menos ao ano 60 da era cristã, quando nenhum apóstolo tinha ainda estado naquela Cidade Romana.

Todavia, ali já moravam alguns salvos que tinham chegado de diversas partes do Império Romano.

Desses irmãos, alguns receberam o evangelho do próprio Paulo em outros lugares e foram até mesmo seus companheiros e cooperadores, Rm: 16:3-4.

Outros já se haviam convertido antes do apóstolo Rm 16:7, e todos esses se reuniam então naquela cidade, a capital do Império Romano, formando a Igreja de Deus ali. 

 

PARTE III:

Estrutura do Livro de Romanos: 

Na Carta aos Romanos observa que Paulo destaca uma seqüência extraordinária da doutrina da salvação, apresentada em quatro aspectos:

⇒ Aspecto Teológico Rm: 1:18 e 5:11  O apóstolo apresenta a condição perdida do homem, sem a menor possibilidade de obter a salvação por méritos próprios, tanto para os judeus quanto para os gentios.

∗ O pecador só pode ser justificado mediante a fé na obra propiciatória de Cristo. Esta fé proporciona ao homem uma nova vida de santidade e poder.

⇒ Aspecto Antropológico Rm: 5:12 e 8:39  A comparação que Paulo faz entre o primeiro e o segundo Adão nos revela uma verdade fundamental: * O primeiro Adão foi vencido pelo pecado, mas o * segundo, que é Cristo, venceu o pecado por todos os homens.

Assim, o segundo Adão nos proporciona um novo tipo de vida com abundante graça, com o dom da justiça e com poder para reinar em vida, Rm: 5:17.

⇒ Aspecto Histórico Rm: 9:1 e 11:36 Havia um grupo de judeus cristãos que, arraigados ainda às exigências da religião judaica, queriam impor sobre os gentios convertidos os mesmos preceitos e ritualismo judaico.

Paulo apresenta, de forma clara, a doutrina da salvação em relação a Israel, demonstrando que a obra salvadora de Cristo tem alcance universal.

⇒ Aspecto Ético Rm: 12:1 e 15:33  Neste item, o apóstolo revela algumas implicações do Evangelho no viver cristão diário.Paulo apresenta as responsabilidades éticas dos cristãos para com a Igreja, a família, a vida pessoal e a sociedade.

 

3.1 Gêneros literários da carta de Romanos: 

A «carta» é um gênero literário antiquíssimo. As mais antigas que se conhecem datam do ano 2000 antes de Cristo. São de todos os tipos, não faltando as que têm um conteúdo especificamente religioso. Vai ser este o gênero literário que Paulo vai escolher para os seus escritos.

Há de sublinhar que as cartas de Paulo encerram gêneros literários bem diferentes. Gêneros que vão desde o tratado teológico sobre a fé da Carta aos Romanos até ao simples ‘bilhete postal’ da Carta a Filemon, passando pela multiplicidade temática das duas Cartas aos Coríntios. 

Estes gêneros literários devem-se não só às circunstâncias em que as cartas são escritas, mas também ao temperamento de Paulo unido à espiritualidade própria de um novo convertido. 

Não podemos deixar de considerar também os métodos da exegese rabínica em que Paulo era mestre, por ter frequentado a famosa escola de Gamaliel. 

Deste modo, utiliza frequentemente a linguagem da diatribe cínico-estóica, “espécie de debate onde o interlocutor, imaginário na maior parte das vezes, é vivamente contestado”, termo de origem grega (diatribe, “discurso ou conversação filosófica”) e da antítese e do exagero semita

As grandes antíteses do conteúdo teológico de Paulo são: Vida-Morte, Carne-Espírito, Luz – Trevas, Sono -Vigília, Sabedoria – Loucura da Cruz, Letra – Espírito, Lei – Graça 2: Cor. 3, 1-16. 

Paulo não se limita a proclamar a fé, mas, tem o cuidado de mostrar como o evangelho está em conformidade com as escrituras 1 Cor: 15: 3, 5. As referências ao A.T aparecem em «citações explícitas», «citações implícitas» e «alusões». No conjunto das suas cartas encontramos umas 75 citações explícitas, introduzidas por uma fórmula como, por exemplo: «está escrito», «a Escritura diz»…

As cartas, escritas todas em grego, têm, geralmente, um ar coloquial e familiar. Não se lhes podem atribuir especiais pretensões literárias, mas de fato, ultrapassam o âmbito do meramente privado ou pessoal. 

Com frequência os seus escritos transformam-se em reflexões, ensaios ou discursos teológicos, servindo, deste modo, para continuar – à distância – a atividade evangelizadora do apóstolo. 

Quanto à estrutura, Paulo tem uns estilos inconfundíveis, próprios, destes gêneros literários que são as cartas: 

Saudação – Paulo dirige-se a uma determinada comunidade cristã, começando habitualmente com uma referência ao seu nome e à sua autoridade apostólica, uma pequena oração em forma trinitária e, muitas vezes, algumas referências a nomes individuais: 

Corpo da Carta – aqui desenvolve a sua doutrina, faz as suas exortações e responde aos problemas e questões da comunidade (esta parte constitui a quase totalidade da carta e mostra-nos qual o seu objetivo).

Conclusão – no final também há sempre uma referência a pessoas concretas, uma saudação particular ou uma bênção, espécie de ação de graças de origem litúrgica Fl: 4: 2-23

Do gênero literário de Romanos ainda temos as seguintes considerações:

O caráter literário da carta aos Romanos se distingue de modo acentuado, das outras cartas paulinas. Do ponto de vista temático e do rigor da estrutura, ela se assemelha a epístola aos Gálatas.

Contudo, a motivação e a situação concreta de Gálatas faltam inteiramente em Romanos. 

Muitas tentativas têm sido feitas no sentido de enquadrar Romanos em uma determinada forma literária da antiguidade: memorando, carta retórica, nota diplomática, carta protréptica (exortativa) e ensaio epistolar, dentre outras. 

Admonição protéptica – Admoestação, conselho em tom ríspido.

Como prottreptikós logos designa-se um escrito propagandistico que pretende, em primeiro lugar, conquistar adeptos párea determinada disciplina, especialmente para a filosofia. Isso se faz mostrando as vantagens e as desvantagens de tal caminho e comparando-o com outros.

De acordo com isso chamamos de admonição protréptica todo texto que adota como tema a escolha fundamental do caminho cristão.

Com exceção do corpo da carta Romanos que se insere como um todo neste gênero literário, pertence a ele apenas trechos mais curtos, porém sempre em posição central. Rm: 1:17, 36.

Em Romanos 1: 11 trata -se do caminho cristão da fé em Jesus Cristo da fé em Jesus.

Não obstante, Romanos não parece encaixar-se plenamente em nenhum desses gêneros literários contemporâneos.

Quiçá, a Epístola possua, de fato, semelhanças com todos esses gêneros, indicando, assim, que Paulo utilizou diversas convenções literárias de seu tempo. (Carson, Moo & Morris, 1997).

Contudo, a despeito das dificuldades de definição de gênero literário para Romanos sete, algumas características literárias e mesmo algumas sugestões de gênero literário parecem bem plausíveis e bastante constatáveis a luz do próprio texto da epístola, como veremos a seguir. Começaremos, no entanto, com algumas correções de gêneros literários atribuídos a Romanos.

Diatribe Termo de origem grega (diatribe, “discurso ou conversação filosófica”) que, inicialmente, se refere aos discursos preambulares moralistas dos filósofos estóicos e cínicos na Grécia antiga.

Deste tipo de discursos, possuímos hoje  as Diatribai de Epíteto. 

Um filósofo próximo dos cínicos, Bion de Borístenes (século IV a.C.) introduz o sentido que hoje damos a diatribe: texto agressivo ou premeditadamente ofensivo para com um determinado interlocutor.

A sátira greco-latina haverá de recorrer a este tipo discursivo, como nas Sátiras Menipeas de Varrão, ou as Tusculanas de Cícero.

Entre nós, a diatribe literária confunde-se com a sátira ou com a comum invectiva, não sendo frequente a referência direta ao gênero, a não ser em casos pontuais, como o de Joaquim José da Costa e Sá (1740-1803), que nos deixou uma Diatribe critica sobre a latinidade dos poetas: extraídas das obras de João Jorge Walquio (Lisboa, 1775).

O tom de invectiva de As Farpas, de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, aproximam-nos facilmente do modelo da diatribe.

Diatribe Polêmica: A diatribe, isto é, gênero de debate quer popular entre filósofos cínico-estóicos.

As características da Diatribe encontradas em Romanos são as seguintes: o discurso direto feito a um oponente ou interlocutor Rm: 2.1,17 perguntas retóricas e o emprego de “de maneira nenhuma!” (mh ge/noito [mè génoito]) para rejeitar as inferências encontradas nessas perguntas Rm: 3:3-4; 5:6; 6.1,21; 5:7; 7:13; 9:14; 11.1,11.

A diatribe tinha intenção polêmica, mas estudos recentes têm chamado a atenção para o papel educativo da diatribe e levantado a questão de se ela deve mesmo ser considerada um gênero literário. 

¹Em todo caso, não obstante partilhe alguns aspectos da Diatribe, Romanos como um todo não deve ser classificado como tal.

Carta-Tratado 

Romano já foi considerado um tratado teológico atemporal, ou seja, um “compêndio de teologia cristã” (Melanchthon) que transcende o tempo. 

Não obstante, Romanos não pode ser resumida, mesmo diante de suas características tratadícias e sistemáticas, a um tratado de teologia sistemática da igreja cristã primitiva. 

A epístola aos Romanos possui características de correspondência particular e está inserida em uma moldura de carta (1.1-17; 15.14-16.27), além de ter sido escrita a destinatários em uma situação específica.

Contudo, também não pode ser considerada uma mera carta ou epístola, pois desenvolve com maestria sistemática sua teologia (1.16,17:1.18-8.39).

A parte doutrinal não está apenas estruturada com exatidão e de modo lógico, mas também revela apurada técnica de composição que encaixa as subdivisões ramificadas umas nas outras claramente: 3.9-20 resume 1.18-3.6ss; 5.1 refere-se a 3.21-4.31; 8 repete os pensamentos de 5.1-7 sob novos aspectos; 9-11 aplica o tema da “justiça de Deus” de 1.18-8.39 ao povo de Israel. Paulo também fecha os grandes blocos coesos por meio de textos hínicos (cf.8.38s; 11.33-36). 

A pergunta sobre se Romanos deve ser considerada como uma carta ou como um tratado, não faz sentido nesse caso. Pois a epistola aos Romanos sobrepõe as duas coisas. Mas de tal forma que as porções de caráter de tratado estão subordinadas à finalidade da carta, sendo um componente integrador da mesma.

De modo que Romanos não é um tratado em forma de epistola, mas, grosso modo, uma epistola em forma de tratado (Vielhauer, 2005). 

 

3.2 Circunstâncias gerais do Livro de Romanos:

Mensagem aos Romanos: Romanos é um livro de ensinamento profundo e rico. Nela Paulo mostra o problema de todos os homens: “Não há justo, nem um sequer” Rm: 3:10; “… pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” Rm: 3:23; “… o salário do pecado é a morte” Rm: 6:23; “… a morte passou a todos os homens, pois todos pecaram” Rm: 5:12.

Mas a mensagem é esperançosa, não pessimista. Paulo descreve o evangelho como “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” Rm: 1:16.

Pecadores são “justificados gratuitamente, por sua graça” Rm: 3:24. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” Rm: 5:8. “… o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” Rm: 6:23.

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1; (Carson, Moo & Morris, 1997).

A carta aos Romanos anima os santos nas suas batalhas diárias contra a tentação e outras provações: “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira… muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” Rm: 5:9-10. “… muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de… Jesus Cristo” Rm: 5:17.

Paulo afirma que todas as três pessoas divinas lutam para o nosso bem: “… o mesmo Espírito intercede por nós” Rm: 8:26-27. “… Cristo Jesus… também intercede por nós” Rm: 8:34. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Rm: 8:31. 

A participação ativa de Deus em nossa salvação leva a conclusão vitoriosa: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” Rm: 8:37.

Mesmo tratando de alguns fatos complexos e difíceis de serem compreendidos pelos leitores até hoje, Paulo comunica sua confiança total na sabedoria de Deus: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos” Rm: 11:33.

Como é o costume nas cartas de Paulo, o epístola de Romanos oferecem diversas aplicações práticas tais como os princípios apresentados: 

A Condenação é causada pelo pecado.

A Justificação é o método da salvação.

A Santificação envolve e produz a separação.

A Dispensação é a expressão da soberania divina.

A Glorificação é o objetivo do serviço.

Livres da ira pelo amor de Deus, Rm: 5:1-11.

Livre do pecado  pelo batismo Rm: 6:1-14.Livres da lei  através de Cristo Rm: 7:1-6.

Livres da morte  pelo Espírito Rm: 8:1-11.

Reconhecendo a grandeza da graça salvadora de Deus, devemos nos conduzir como servos fiéis, mostrando reverência para com o Senhor, e bondade para com os outros homens. 

 

3.3 Sobre a carreira do Apóstolo Paulo Rm: 1:5:

⇒ Origem: Tarso, na Cilicia At: 22:3. Tribo de Benjamim Fp: 3:5.

⇒ Treinamento: Aprendeu a arte de fazer tenda At: 18:3.

⇒ Estudou com Gamaliel At: 22:3.

⇒ Religião anterior: Hebreu e fariseu Fp: 3:5.

⇒ Perseguidor dos cristãos At: 8.1-3; Fp: 3:6.

⇒ Salvação: Encontrou o Cristo ressuscitado no caminho para Damasco At: 9:1-8.

⇒ Recebeu o derramamento do Espírito Santo na rua chamada direita At: 9:17-18; 22:12-16.

⇒ Chamado para Missões: A Igreja de Antioquia foi instruída pelo Espírito Santo a enviar Paulo ao trabalho At: 13:1-3.

⇒ Levou o evangelho paras os gentios Gl 2:7-10.

⇒ Papéis: Falou em nome da Igreja de Antioquia no concílio de Jerusalém At: 15:1- 4,12.

⇒ Opô-se a Pedro Gl 2:11-21. Discutiu com Barnabé por causa de João Marcos At: 15:36-41.

⇒ Realizações: Três viagens missionárias prolongadas At: 13-20.

⇒ Fundou inúmeras Igrejas na Asia Menor, na Grécia e, possivelmente, na Espanha Rm: 15: 24, 28.⇒ Escreveu cartas para inúmeras Igrejas e vários indivíduos que agora compõe um quarto do NT.

⇒ Fim da vida: Depois da prisão em Jerusalém, foi enviado para Roma At 21:27; 28:16-31.

De acordo com a tradição cristã, foi libertado da prisão, o que lhe permitiu mais obras missionárias; aprisionado novamente, permaneceu preso mais uma vez em Roma e foi decapitado fora da cidade.  

Ruínas de uma prisão. 

 

PARTE IV:

Estudo da perícope de Romanos 8: 5 – 8:4.

4. Introdução do estudo de Romanos 8: 5 – 8: 

O apostolo Paulo inicia o versículo 5 da perícope escolhida para a exegese, usando um advérbio de afirmação, “pois”, construindo uma frase coordenativo-conclusiva – explicativa, Rm:  8.5 – Pois os que são segundo a carne têm na mente as coisas da carne, mas os que são segundo o Espírito as coisas do Espírito, onde ele afirma algo que foi dito antes, e através de uma analise do contexto próximo, entende se que a mensagem antitética deste versículo afirma o que ele havia dito no versículo 5 do capitulo 7.

Coincidentemente, Rm:  7.5 também inicia comPois”, e ainda no contexto próximo observei que o estudo iniciou em Rm:  6, quando o apostolo discorria sobre a lei do pecado pela graça, Rm:  6.1; a lei, a escravidão e a graça, Rm:  6.15; e a analogia do casamento, Rm:  7.1 ele foi traçando um paralelo entre o casamento; a lei conjugal e a condição em que dá o adultério, e da explicação destes assuntos é onde Rm:  7.5, “Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que foram pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte” entra com a função sintática, afirmativa, explicativa e conclusiva.

Este capítulo > Rm:  7.5 é o contexto mais próximo da perícope a se desenvolver a seguir, e concomitantemente responde, afirmando e concluindo a lógica de Rm:  7.5, na ordem cronológica como se segue:

8.6 – Pois o modo de pensar da carne é a morte, mas o modo de pensar do Espírito é a vida e a paz.

8.7 – por isso o modo de pensar da carne é inimizade contra a Deus, pois não esta sujeita a lei de                Deus e nem pode.

8.8 – os que estão na carne não podem agradar a Deus; cuja intenção do autor é a de exortar e                   admoestar os cristãos romanos a quem a epístola inicialmente se destina..

O objetivo principal do estudo dos versículos cinco ao oito do capitulo oito de Romanos, é justamente explorar exegeticamente a mensagem que o Apóstolo Paulo transmitiu ao escrever a epístola destinada aos cristãos romanos exortando-os a respeito da necessidade de apreender sobre a importância da vitória através do Espírito sobre a carne, ligado ao propósito e ação de Deus; da libertação do pecado e da morte pela atividade do Pai, Filho e Espírito Santo, e da disposição da carne versos a do Espírito.

O Apóstolo Paulo ensina não só para os cristãos romanos da época ao qual se destina a epístola, mas o teor doutrinário da mensagem, estende-se também serve para os cristãos de todas as épocas até os dias de hoje, onde ele fala sobre a libertação da morte pelo poder do Espírito, e que há uma nova lei operando em nós e que pode ser definida da seguinte forma:

A lei do Espírito ⇒ Ainda que exteriormente vivamos na carne, interiormente vivemos no Espírito. A nossa vida é caracterizada pela presença contínua do Espírito.

A lei da vida ⇒ No tempo antigo reinava a morte; agora, a vida.

A lei dada por Cristo ⇒  “em Cristo” é a maneira como o apostolo termina este capítulo.Deus enviou Cristo à semelhança da carne do pecado e Jesus venceu o pecado em sua própria carne.

Ele cumpriu todas as ordenanças exigidas pela lei. Desta forma, toda a exposição desta parte mostra o cristão exprimido entre o poder da morte e o poder da vida.Vive como aquele que vive na carne, mas não segundo a carne, e sim segundo o Espírito, são dois estados diferentes comparados pelo apostolo.

O grande valor da obra expiatória de Cristo é que Ele passou a morar em nossos corações depois de ter destronado o pecado. 

 

4. 1 Conteúdo do texto de Romanos – 8: 5 – 8:

O que está no texto é um conteúdo estritamente doutrinário e exortativo, observando a analise acima, dos substantivos principais usados no texto, percebemos na delimitação da perícope que começa no versículo 5, referindo se a situação que envolve as pessoas para quem o texto é dirigido.

O conteúdo doutrinário do trecho da epístola na época em que foi escrita significava o reflexo da gravidade do problema espiritual que a Igreja daquela época enfrentava e da urgência com que o apóstolo sentia para ajudá-los a sair daquela crise.

Os elementos doutrinários da epístola significava na época que foi escrita, a maneira errada de como os cristãos de Roma confessavam a sua fé cristã, a intenção de Paulo era despertá-los para uma compreensão correta da forma como devia se portar perante Deus e o seu objetivo último era de arrependerem daquelas práticas errôneas e entregarem se aos propósitos e desígnios do Espírito Santo de Deus para que Ele transformasse as suas vidas em verdadeiros adoradores de Cristo.  O significado é usado dentro do texto pelo autor, por enfatizar que os desejos da carne operam sobre os espiritualmente carnais e enquanto que são libertos destes desejos agradam ao Espírito de Deus.

Para entender a mensagem do texto o próprio o próprio autor responde, que aqueles que são da carne, ou seja, que vivem ainda na prática do pecado, a sua intenção é deixar evidente que aqueles que assim agem, constituem se inimigos de Deus e a morte será o seu castigo, e o seu ultimo objetivo é mostrar para todos os cristãos de todas as épocas, que realmente são de Cristo, vive uma nova vida transformada pelo Espírito de Deus e herdarão a vida eterna.

O que está escrito implica que na fase de conversão a pessoa precisa estar disposta a submeter-se a ação transformadora do Espírito de Deus, e para entender o que ele quer dizer é necessário que haja uma reavaliação dos seus conceitos, morais, sociais, culturais e dos costumes, ou melhor, uma mudança radical dos hábitos de vida até que se complete esta transformação.

Esta condição de viver segundo a carne implica diretamente na libertação do (πνευμα) (espírito) que está constantemente em conflito com a influencia do que é carnal (σαρκα), ou seja, se a obras da carne são pecaminosas o espírito acabar por ser contaminado por elas, e isto impede a purificação do espírito, e isto foi observado enfaticamente pelo Apóstolo Paulo observando a preocupação com a situação da Igreja em Roma e a qualidade de vida cristã dos membros daquela Igreja. Se com a carne pecamos através dos nossos atos e hábitos, assim  contaminamos também o nosso espírito. O corpo santificado produz a libertação e purificação do espírito.  

 

PARTE V:

5. Análise Sintática do texto de Romanos – 8: 5 – 8:

⇒  Significação das palavras chaves do texto:

» 1. “carne

» 2. “espírito “ 

» 1. Carne  σαρκς – sarkós.

⇒  repetições de frase e palavras:    “vivem” segundo a carne;  “vivem”  segundo o espírito; 

Carne ΣΑΡΚὸΣ σαρκὸς, ® sάρx, “sarx”, (carne); sαρkwoς  “sarkinos”, (feito de carne), (carnal); sαρkikóς  “sarkikos”, (de acordo com a carne), (pertence ao ambiente da carne), (carnal); kρéας “kreas”, (carne), (bife). CL ⇒ sarx, que em Homero quase sempre ocorre no plural, (a única exceção é od., 19.450), significa a “carne” do homem, em distinção com seus ossos, tendões e etc. 

σρξ sarx1. carne, corporeidade de acordo com seu lado material (σμα) sendo o todo orgânico, o corpo, portanto, não deve ser confundida com ele, então, a forma externa da natureza humana e, portanto, a natureza humana, na sua encarnação. 

Como utilizado por Paulo, tudo o que é peculiar à natureza humana, na sua encarnação corpórea é dito que a ela pertencem, e, portanto, ele usa como a antítese distintas para πνεμα (pneuma) (espírito), para significar a condição pecaminosa da natureza humana (este significado específico ocorre apenas em Rom 8:6,7. Cl 2:18. Hb 9:10). 

2. carnal - carne, em seguida, corporeidade de acordo com seu lado material (que, como um todo orgânico é chamado σμα (corpo), σρξ (sarx) denota a natureza humana e tudo o que é peculiar a ele, e em acordo com a sua encarnação corpórea e, portanto, pecaminosamente condicionado a natureza humana. 

» 2. Espírito  πνεῦμα  – pneuma. Espírito ΠΝΕΥΜΑ ⇒ pneῦma,(espírito), (vento); pύω (pneo); πνέω (“pneo); πυoή  (vento); (hálito); έκπνέω “ekpneo”, (expirar); ὲμπνέω “enpneo”, (ofegar); μνeυματυκός “pneumatikos”, (espiritual); πυeυτικω “pneumatikos”, (espiritualmente); qeόπνeυsτoς “theopneutos” (soprado por Deus), (inspirado por Deus). 

CL A raiz pneu-, da qual se deriva a palavra neotestamentária para “Espírito”, denota o movimento dinâmico do ar. Seus derivados os seguintes significados: pneo, “soprar” (do vento e do ar) em geral, como também sobre um instrumento musical; “respirar” (também no sentido de ter vida); “emitir fragrância”, etc; “inalar”, calor, ira, coragem, benevolência e etc. 

πνεμα pneuma 1. Espírito-s a partir de πνέω (pneō) a soprar, respirar, para tirar a respiração, respirar, e assim viver, daí, a respiração como o sinal e condição de vida, a respiração. 

O que não pode ser apreendido pelos sentidos, mas só é reconhecido por suas operações ou manifestações, como é visto na vida. 

No NT πνεῦμα (pneuma) está em toda a tradução do רוח (Ruach), e é o princípio da vida brota de Deus, e diz-se ser possuído por todas as criaturas inferiores, Gn 6:17, 7:22. Sl; 104:29, 30. Ec: 3:19, 20. Is; 42:5. 

 

5.1 Outros usos da palavra pneuma podem ser assim distinguidos:

1. Deus (João 4:24, I Coríntios. 3:16) Como a fonte da vida em todas as suas manifestações.

2. Cristo Co: 6:17. 2 Co 3:17, 18. 

3. O Espírito Santo. Geralmente com o artigo, mas nem sempre ou necessariamente assim.

4. As operações do Espírito Santo. Os dons espirituais (1Co 14:32). Passagens marcadas com asterisco (4 *) são hagion pneuma. 

5. A nova natureza, como o maior dos seus dons. Este é o uso Paulino: o espírito em oposição à carne Jo: 3: 6. Rm 8:4.

6. Alma (psicologicamente). Espírito como transmitida ao homem, fazendo-o “uma alma vivente” Gn 2:7. Sl: 104:29, 30. Ec: 12:7.

Quando levado de volta para e por Deus, o homem torna-se “uma alma morta”.

O termo hebraico nephesh (alma) é traduzido como “corpo” em Lv: 21:11. Nm 6:6; 19:11, 13. “Cadáver”, Num 9:6,7,10. Hb: 2:13. E “mortos”, Lv: 19:28, 21:1, 22:4. Nm: 5:2; 6:11. 

7. Personagem, como invisível, e manifestou apenas em suas ações 2 Tm: 1:7. Rm 8:15, Etc. 

8. Outras características invisíveis (por metonímia), tais como sentimentos ou desejos, Mt 26:41, Etc ou por aquilo que é sobrenatural. 

9. Toda a pessoa (por sinédoque) uma parte ser colocado para o conjunto Lc: 1:47. 

10. Adverbialmente, quer no caso dativo, ou com uma preposição, como ἐν δόλῳ (pt dolōi) astuciosamente 2:Co: 11:16. 

11. Anjos, ou seres-espírito Hb 1:7, 14. At: 8:29. Ap: 1:4, Etc.

Quanto à 1 Pe 3:19, a seguir devem ser observados: 

1. fantasma o vento, o ar respirado por diante, o princípio de vida (predicado de homem e animal), respiração como sinal e condição de vida, a respiração. 

2. espiritual Aqui plural, Genitivo dos espíritos, isto é, demônios, das atuações do ser  “invejoso”, confundindo-os com o Espírito Santo.

3. espiritualmente (Genitivo de (espírito,) do Espírito, que é “[a mente] do [Espírito é vida e paz]”.

4. vento [s.]-s o ar que respiramos, o vento.

5. respiração vento, o ar, o ar que respiramos, a respiração, a vida, um Espírito, um ser espiritual.

6. vida  (vida)vento, ar respirado por diante.

Quando não utilizados para o “vento”, que exprime a imaterialidade, o que não pode ser apreendido pelos nossos sentidos, e que é reconhecido apenas por suas operações ou manifestações.

Ele é visto na vida, a vivacidade, as atividades da vida, se essas atividades ser mental, moral ou física. O πνεῦμα (pneuma) de Deus é a fonte da vida em todas as suas manifestações. A retirada deste πνεῦμα (pneuma) é o θάνατος (thanatos) a morte, ou seja, é (o oposto da de ζωή (Zōē) que é a vida.

 

5.2 Categorias e formas gramaticais de Romanos – 8: 5 – 8:

O substantivo (σαρκὸς) (carne) é mencionado cinco vezes em Rm: 8:5-8, sendo: duas vezes no versículo cinco, uma vez no seis, uma vez no sete, e uma vez no oito, já o substantivo  (πνευμα) (espírito)três vezes no mesmo texto, sendo: uma vez no versículo cinco e uma vez no seis, o primeiro termo, a palavra carne, (σαρκὸς) refere se à vida cristã contaminada por fatores da vida terrena, enquanto que o segundo termo, a palavra (πνευμα) refere se ao sentido espiritual da vida cristã; aquele transcende, que não se pode contaminar por fator alheios a vontade humana.

O autor usa o verbo viver na terceira pessoa do indicativo do presente no plural, “vivem”, que denota a situação presente que as pessoas se encontram, mencionado duas vezes neste versículo, onde não há mudança de tempo verbal bem como de sujeito e destinatário. 

O verbo tem uma conotação direta com os substantivos: “carne” e “espírito”, comum na estrutura; das duas frases:

| “vivem” segundo a carne;

| “vivem” segundo o espírito; disposto no texto narrativo, classificado como gênero menor, pela homologia que á a repetição das mesmas palavras e conceitos no mesmo texto.

 

5.3 Conjunções encontradas no texto de Romanos – 8: 5 – 8

Coordenativas ⇒ aditivas ⇒ e, nem,

⇒ adversativas ⇒ mas,

⇒ conclusivas ⇒ pois,

⇒ explicativas ⇒ que,

Subordinativas ⇒ causais ⇒ pois,⇒ consecutivas ⇒ (aqueles) que.

Coesão por artigos definidos e indefinidos:

a) carne, (o) Espírito, (a) vida, (a) morte, (a) paz. 

Coerência narrativa: Pois o modo de pensar da carne é a morte, mas o modo de pensar do Espírito é a vida e a paz.

Coerência figurativa: por isso o modo de pensar da carne é inimizade contra Deus, para a lei de Deus não esta sujeito e nem pode.

Classificação das orações:

(oração subordinada adverbial causal) ⇒ Aqueles que estão na carne pensam de acordo com a carne,

oração subordinada adverbial comparativa) mas de acordo com o Espírito, aqueles que estão no Espírito.

(oração coordenada sindética adversativa) mas o modo de pensar do Espírito é a vida e a paz /  mas de acordo com o Espírito, aqueles que estão no Espírito.

(oração coordenada sindética conclusiva) por isso o modo de pensar da carne é inimizade contra Deus: 

 

 PARTE VI:

Estudo analítico de Romanos 8: 5 - 8:

Tema central do texto de Romanos 8: 5 – 8:

 

A natureza carnal e a natureza espiritual.

Definição de Natureza:

Natureza é a essência ou condição própria de um ser ou de uma coisa.

Cada criatura que Deus fez possui uma natureza própria. Essa natureza manifesta se por meio do corpo, através daquilo que ela faz naturalmente, sem esforço nem aprendizado, apenas baseado nos instintos naturais da sua espécie: reprodução, defesa, sobrevivência, instinto materno, etc.

Exemplo: tartarugas, peixes, pássaro João de barro, etc. Tudo o que uma criatura faz, sem ninguém precisar lhe ensinar, manifesta a sua natureza.

A natureza humana:

Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. Gn: 2:7 O primeiro homem criado por Deus foi feito Alma vivente.Este homem possuía espírito, alma e corpo, mas o que predominava nele era a alma: a sua mente, sede da sua vontade, pensamentos, emoções e sentimentos.

A sua natureza humana se compunha de sua ligação corpo e alma – espírito.      

 

O homem criado por Deus: 

 

C O R P O

       

A L M A

      

ESPÍRITO 

 

Se o homem tivesse comido da árvore da vida, ele se tornaria um ser espiritual capaz de transmitir vida. Ele teria então também uma natureza divina, porque o Espírito de Deus habitaria para sempre nele.

O pecado degenerou a natureza humana, tornando a pecaminosa carnal.

Quando o homem pecou, o espírito morreu, e sua alma e corpo foram dominados pelo pecado.

Sua natureza (instintos e desejos naturais), se voltou para o mal. Sua natureza humana se tornou perversa e incrédula, e seus impulsos e instintos naturais passaram a ser maus e cheios de desejos egoístas e pecaminosos; “concupiscências”. 

A Carne O Espírito  Rm: 8: 5 – 8.Natureza Carnal: 

» Os que inclinam para a carne cogitam das coisas carnais. Rm: 8: 5 – 5. 

» O pendor (inclinação ou tendência) da carne leva à morte. Rm: 8: 5 – 6.

» Inimizade contra Deus. Rm: 8: 5 – 7.» Não sujeito à lei de Deus. Rm: 8: 5 – 7.

» Sujeita à natureza humana. Rm: 8: 5 – 8.

» Não pertence a Cristo. Rm: 8: 5 – 8.

 

6.1 O que é a natureza carnal e viver na carne?

Esta natureza degenerada é chamada na bíblia de carne ou natureza carnal.

O homem peca por instinto, sem esforço, nem aprendizado.Ninguém precisa ensinar uma criança a gritar, brigar, mentir, ser egoísta, vingativa e desobediente; ela nasce assim, pois todos nascem naturalmente maus.

A natureza degenerada não é o corpo físico, mas a força dos impulsos e instintos naturais que dominam este corpo.

A Bíblia usa a palavra carne tanto para o corpo físico como para a natureza carnal, em algumas versões, é preciso entender a diferença entre as duas coisas.

Os que vivem de acordo com a carne aspiram às coisas da carne; mas os que vivem de acordo com o Espírito aspiram às coisas do Espírito.

De fato, a carne aspira ao que conduz à morte; mas o Espírito aspira ao que dá vida e paz.

É que a carne aspira à inimizade contra Deus, uma vez que não se submete à lei de Deus; aliás, nem sequer é capaz disso.

Os que vivem sob o domínio da carne são incapazes de agradar a Deus.

De fato, Deus fez o que era impossível à Lei, por estar sujeita à fraqueza da carne: ao enviar o seu próprio Filho, em carne idêntica a do pecado e como sacrifício de expiação pelo pecado, condenou o pecado na carne, para que assim a justiça exigida pela Lei possa ser plenamente cumprida em nós, que já não procedemos de acordo com a carne, mas com o Espírito.

O homem consegue, com esforço e dedicação, disciplinar seu corpo quanto a exercícios e alimentação, mas não consegue controlar a inveja, o ciúmes, a ira, a sensualidade, a murmuração que a natureza carnal desperta em seu corpo.

Não é possível ser um cristão carnal e espiritual ao mesmo tempo.

Estar na carne Aqueles que se inclinam para as vontades da carne, uma vez recusando ser libertos do domínio dela, estes desprezam o espírito do próprio Cristo, razão porque não podem ser considerados filhos de Deus.

A natureza pecaminosa da carne.

Concentra-se nas coisas da carne Rm: 8:5.

É levado para morte Rm: 8:6.È inimigo de Deus Rm: 8:7.

Não está sujeito à lei de Deus Rm: 8:7.

A pessoa que anda neste caminho do pecado não pode agradar a Deus Rm: 8:8.

Concluindo Significa que a pessoa não tem o Espírito de Cristo e não Lho pertence. Quem é dominado pela natureza pecaminosa da carne não pode agradar a Deus, Rm: 8:8.

Agora já não se trata do efeito da carne sobre o espírito, como no versículo 7, mas de uma escolha própria. Ou se caminha na direção do Espírito, ou abre mão dele e se torno inimigo de Deus.

Não há meio-termo, Rm: 8:9.

 

6.2  O que é a natureza espiritual e viver no espírito?

Natureza Espiritual:

» Os que inclinam para o Espírito cogitam das coisas espirituais. Rm: 8: 5 – 5.

» O pendor do Espírito leva à vida e à paz Rm: 8: 5 – 6.

» Não obedece a lei do Espírito Rm: 8: 5 – 7.

» Não tem a mente controlada pelo Espírito Rm: 8: 5 – 7.

» Não pode agradar a Deus Rm: 8: 5 – 8.

O Espírito de Deus ressuscitará o corpo daqueles em que ele não habita (8).

Coerentemente com o tópico anterior, o crente, mesmo que ainda lute contra a carne, que ainda não foi abolida de todo, já não pode ser condenado, pois está em Cristo.

A natureza espiritual é a coabitação do Espírito Santo na natureza humana e viver no Espírito é não permitir a natureza humana suplantar o Espírito.Isto se dá quando o cristão se entrega à verdadeira conversão, a natureza humana rende-se ao poder do Espírito, e diante da primazia do Espírito Santo a santidade começa o seu processo de evolução, que se completará na ressurreição do corpo mortal, como aconteceu com Cristo no 3º dia. 

Mc: 14:58   Nós ouvimos-lhe dizer: Eu derrubarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.  Jo: 2:21   Mas ele falava do templo do seu corpo.

A lei tinha a propriedade de mostrar o pecado, mas não era capaz de nos livrar dele.

Já a lei do Espírito, nos conduz para longe do pecado.

Um sinal do inicio da vitória da natureza espiritual sobre a natureza humana é o recebimento do batismo com o Espírito Santo.

Agora, pela graça do Espírito de Deus, podemos escolher pender para um lado ou para outro, livremente.

Se nos inclinamos para a carne, fazemos -nos inimigos de Deus, e se pendermos para o Espírito, as influências da carne não mais predominará e então nenhuma condenação há.

A natureza renovada pelo Espírito.

A pessoa concentra-se nas coisas do Espírito Rm: 8:5.

É o caminho de vida e paz Rm: 8:6.

Significa que para pessoa que tem o Espírito de Cristo não há condenação.

Livres no Espírito Ora vós não estais sob o domínio da carne, mas sob o domínio do Espírito, pressupondo que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse não lhe pertence.

Se Cristo está em vós, o vosso corpo está morto por causa do pecado, mas o Espírito é a vossa vida por causa da justiça.

E se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito que habita em vós. 

Portanto, somos devedores, mas não à carne, para vivermos de acordo com a carne. É que, se viverdes de acordo com a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis. 

Concluindo Significa que a pessoa que se inclina para o Espírito tem a vida e a paz. Rm: 8:6.

 

6.3 ⇒  Conexão do texto de Romanos – 8: 5 – 8 com textos de outros capítulos: 

Vida no Espírito:

A libertação conseguida por Cristo será completada com a ressurreição dos mortos, Rm: 8:1-39.

Libertação do pecado e da morte Rm: 8:1-11.

Não há condenação Rm: 8:1.

Agora na época presente de Cristo, para os que estão em Cristo, ele já recebeu a condenação, de modo que está protegido aquele que nele está.

A lei do Espírito da vida nos libertou Rm: 8:2-4.

Explica por que não há condenação. Em Cristo somos libertados da lei do pecado e da morte.

A lei do pecado e da morte não se refere à lei de Moisés Rm: 7:7-13.

Refere-se ao domínio do pecado e da morte sobre nós enquanto estávamos por nossa conta, fora de Cristo Rm: 7:23.

A lei do Espírito não podia nos libertar:

A inadequação da lei do Espírito não é devida a alguma falha de sua parte, mas é por causa das condições em que ela tem de operar.

Nosso pecado impossibilita a libertação pela lei do Espírito.

Deus nos libertou enviando seu Filho.

O pecado foi condenado e o julgamento foi executado em Cristo.

Venceu o pecado em seu próprio reino. A exigência da lei é cumprida em nós (i.e, a morte do pecador veja Rm: 1:32; Rm: 6:4; Rm: 8:4 (NVI).

Esta bênção é para aqueles que andam segundo o Espírito, e não segundo a carne.

Razão por negar a bênção àqueles que andam segundo a carne Rm: 8:5-8. 

 

Duas categorias: 

1º ⇒ Aqueles que têm suas mentes voltadas para a carne. 

Aqueles que têm mentes voltadas ao Espírito (NVI).

Como sabemos onde nossa mente está?Pelo que nos preocupa, nos impulsiona, nos absorve, como gastamos nosso tempo e energias; no que nos concentramos, o objeto do nosso pensamento, afeição, propósito e foco.

 

 Dois destinos:

A Vida 

A morte.

Porque a mente carnal é inimizade contra Deus, insubordinada e desagradável.

⇒ Não pode ser mentalmente carnal e submeter-se a Deus: uma contradição lógica.

Porém, vós estais livres Rm: 8:9-11: No espírito, se o Espírito de Deus habita em vós.

Paulo pensa melhor sobre estes irmãos: Se Cristo habita em nós, o corpo vai morrer por causa do pecado, e o espírito está vivo por causa da justificação.

O nosso corpo era a única propriedade sobre a qual o pecado ainda tinha algum poder, agora será ressuscitado. 

 

6.4 ⇒ Contexto próximo de Romanos – 8: 5 – 8 abrangendo os capítulos anteriores: Rm 6:19:

No contexto próximo abrangendo o capítulo posterior de Rm 6:19, apresentarei alguns versículos que corresponde ao texto da perícope, aproveitando a dinâmica Bíblica e dos seus recursos, para enriquecer o estudo, apresentando textos paralelos obedecendo aos parâmetros que correspondem com a teologia usada pelo apóstolo Paulo, na epístola destinada aos cristãos romanos.

Nenhum fruto da carne, literalmente falando, terá efeito algum para a justificação da salvação diante de Deus, tais como as obras de caridade ou qualquer outra beneficie praticada em favor dos necessitados, pois não são as obras através da lei, mas sim pelas obras do espírito através da carne que se alcançará a justificação do pecado tendo a salvação como recompensa divina. Rm 3:20 “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.

Pelo conhecimento da lei veio o pecado, e os nossos membros serviram a imundície e a maldade, ora santificados pelo espírito devemos apresentar os nossos membros para servirem a justiça.

Rm 6:19 “Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação”.

Rm: 8:1 “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

Rm: 8:3 “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne”;

Rm: 8:4 “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”. 

 

6.5 ⇒ Referencial do contexto próximo:

Rm: 8:5 Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. 

Rm: 8:6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. 

Rm: 8:7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. 

Rm: 8:8 Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. 

Rm: 8:9 “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. 

Rm: 8:12 “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne”. 

Rm: 8:13 “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. 

Contexto próximo de Romanos – 8: 5 – 8 abrangendo capítulo posterior

Rm: 13:14 “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências”. 

 

6.6 ⇒ Contexto remoto de Romanos – 8: 5 – 8:  

No contexto remoto, apresentarei apenas três referencias remotas que mais se aproximam do texto da perícope, visto que há inúmeras menções dos termos “carne” e “Espírito” na Bíblia Sagrada, mas de contextos teológicos diferentes da teologia usada pelo apostolo Paulo, na epístola destinada aos cristãos romanos, como se segue: 

Gl: 5:17 “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito, e o Espírito o que é contrário à carne. Estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis”.

Gl: 6:8 “O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção, o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna”. 

1: Jo: 2:16 “Pois tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”.  

 

6.7 ⇒ Justificativa do texto de Romanos 8: 5 – 8:

O apóstolo nestes versículos fala do contraste que há entre o que é da carne e o que é do Espírito. Vem a propósito aludir aqui as palavras do Senhor Jesus “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito”.

Neste trecho o apóstolo está tratando das duas classes em que se pode dividir o gênero humano considerado cristão, isto é, os que ainda têm necessidade de se converter, que são segundo a carne, e os convertidos, que são, nessa sua condição, segundo o Espírito.

Cada qual tem os seus gostos e inclinações, mas como é solene a posição daquele que ainda precisa se converter, visto que as suas inclinações o conduzem à morte. Atualmente sofre morte espiritual, mais tarde sofrerá a morte física, e finalmente o que se chama a “segunda morte”, o castigo eterno.

Muito diferente é o caso do crente, pois lhe pertencem a vida e a paz.

O apóstolo não está aqui descrevendo exatamente a nossa experiência, mas manifestando as respectivas posições ou caracteres de quem está identificado com a carne, e de quem está no Espírito.

O caráter da carne é o de inimizade contra Deus e tanto assim é, que lemos que a carne “não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8:7). É, como já temos visto, irremediavelmente má. No versículo 8 lemos:

“Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”, isto é, enquanto estivermos identificados, aos olhos de Deus, com o pecado na carne que caiu debaixo da Sua condenação na cruz, não podemos agradar-Lhe.

Qual é então a posição do cristão?A resposta a esta pergunta encontra-se no versículo 9: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito”.

Assim é que Deus nos considera; somos salvos, e como tais não estamos mais na carne.

 

6.7 ⇒ Outros significados dos termos: Carne e Espírito, conforme o dicionário da língua portuguesa:

 

CARNE: 

Substantivo feminino: 

⇒ Tecido muscular dos seres humanos e dos animais.

⇒ A parte vermelha dos músculos.

⇒ A porção comestível de mamíferos, aves, peixes ou qualquer outra espécie animal.

⇒ Fig. A parte comestível dos frutos ou mesocarpo; polpa.

⇒ A parte material dos seres humanos, em oposição ao espírito.

⇒ Instinto sexual, amor físico; sensualismo, concupiscência, “… ainda mais lhe assanhava o desejo da carne, fazendo da esposa infiel um fruto proibido”…. (Aluísio Azevedo, O cortiço).

⇒ Parentesco próximo, consanguinidade: Somos da mesma carne. 

 

ESPÍRITO: 

Substantivo masculino.

⇒ A parte imaterial do ser humano; alma.

⇒ Rel. Suposta entidade imaterial, superior às coisas terrenas.

⇒ Rel. Para os espíritas, a alma dos mortos desencarnados.

⇒ Rel. Qualquer entidade sobrenatural seja do bem, seja do mal (espírito demoníaco, espírito iluminado).

⇒ Princípio vital: que existe à parte da matéria e que insufla vida aos seres e coisas materiais; sopro.

⇒ Pensamento, memória, mente: Não se me tira essa idéia do espírito.

⇒ Fil.  Campo da subjetividade e da consciência, em oposição ao das coisas corpóreas ou materiais.⇒ Gram.  Grau de intensidade na aspiração das vogais iniciais em grego.

⇒ Sinal diacrítico próprio da língua grega que é colocado sobre ditongos ou vogais iniciais,  indicando se são ou não aspirados, e sobre a consoante inicial rô.

⇒ F: Do lat. spiritus, us, ‘sopro’ ‘exalação’ ‘sopro vital’ ‘alma’ ‘espírito’. Hom. /Par: espírito (sm.), espírito (fl. de espiritar). Idéia de ‘espírito’: psic(o)-, psiqu(e)-, psicanálise, psiquiatria.

⇒ Em espírito: Sem a presença física, em pensamento, pela lembrança: Estava longe de nós naquele dia, mas presente em espírito.

⇒ Espírito brando: Fon.  Em grego, emissão de som sem aspiração; o sinal que a indica.

⇒ Espírito das trevas: O demônio. 

⇒ Ling.  No grego, sinal diacrítico que indica aspiração. 

⇒ Ling.  No grego, sinal diacrítico que indica ausência de aspiração. 

⇒ Espírito maligno: O demônio. 

⇒ Espírito Santo: Teol.  No cristianismo, a terceira pessoa da Santíssima Trindade.

⇒ Render o espírito: Morrer.  

 

 PARTE VII:

Exposição Exegética de Romanos - 8: 5 - 8

 

  Perícope:

 

8.5 οἱ γὰρ κατὰ σάρκα ὄντες τὰ τῆς σαρκὸς φρονοῦσιν, οἱ δὲ κατὰ πνεῦμα τὰ τοῦ πνεύματος.
8.6 τὸ γὰρ φρόνημα τῆς σαρκὸς θάνατος, τὸ δὲ φρόνημα τοῦ πνεύματος ζωὴ καὶ εἰρήνη. 
8.7 

διότι τὸ φρόνημα τῆς σαρκὸς ἔχθρα εἰς Θεόν· τῷ γὰρ νόμῳ τοῦ Θεοῦ οὐχ ὑποτάσσεται, οὐδὲ γὰρ δύναται·

8.8 οἱ δὲ ἐν σαρκὶ ὄντες Θεῷ ἀρέσαι οὐ δύνανται.

  7.1 Tradução da perícope:

8.5 - Pois os que são segundo a carne têm na mente as coisas da carne, mas, os que são segundo o Espírito as coisas do Espírito.

8.6 - Pois o modo de pensar da carne é a morte, mas, o modo de pensar do Espírito é a vida e a paz.

8.7 - por isso o modo de pensar da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeita a lei de Deus e nem pode.

8.8 - os que estão na carne não podem agradar a Deus.


  7.2 Versões existentes de Romanos:


 Versão Almeida Revista e Atualizada.

8.5 - Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito.

8.6 - Porque o pendor da carne dá para a morte, mas, o do Espirito, para a vida e paz 

8.7 - Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.

8.8 - Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus 


 Versão Almeida Revista e Corrigida

8.5 - Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito.

8.6 - Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.

8.7 - Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade o pode ser.

8.8 - Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. 


 Versão Nova Tradução da Linguagem de Hoje.

8.5 - Porque a pessoa que vive de acordo com a natureza humana tem a sua mente controlada por essa mesma natureza. Mas as que vivem de acordo com o Espírito de Deus têm a sua mente controlada pelo Espírito.

8.6 - As pessoas que têm a mente controlada pela natureza humana acabarão morrendo espiritualmente; mas as que têm a mente controlada pelo Espírito de Deus terão a vida eterna e a paz.

8.7 - Por isso as pessoas que têm a mente controlada pela natureza humana se tornam inimigas de Deus, pois não obedecem à lei de Deus e, de fato, não podem obedecer a ela.

8.8 - As pessoas que vivem de acordo com a sua natureza humana não podem agradar a Deus, Versão Bíblia de Jerusalém.


 Versão Bíblia de Jerusalém

8.5 - Com efeito, os que vivem segundo a carne desejam as coisas da carne, e os que vivem segundo o espírito, as coisas que são do espírito.

8.6 - De fato, o desejo da carne é a morte, ao passo que o desejo do espírito é a vida e a paz,

8.7 - Uma vez que o desejo da carne é inimigo de Deus: pois ele não se submete à pois ele não se submete à lei de Deus, e nem o pode.

8.8 - pois os que estão na carne não podem agradar a Deus.


Texto Original

8.5 - os Pois segundo (a) carne que são as (coisas) da carne, mas, os que são segundo o Espírito as coisas do Espírito. 

8.6 - o Pois modo de pensar da carne (é) morte, o, mas modo de pensar do Espírito (é) vida e paz.

8.7 - por isso o modo de pensar da carne (é) inimizade contra Deus, à, pois lei de Deus, não está sujeito, nem pois pode.

8.8 - os e em (a) carne que estão a Deus agradar não podem. 


Minha versão do texto original [perícope:]

8.5 - Pois os que são segundo a carne têm na mente as coisas da carne, mas, os que são segundo o Espírito, as coisas do Espírito.

8.6 - Pois o modo de pensar da carne é a morte, mas o modo de pensar do Espírito é a vida e a paz.  

8.7 por isso o modo de pensar da carne (é) inimizade contra Deus, à, pois não esta sujeito a lei de Deus e nem pois pode. 

8.8   os que estão na  carne não podem agradar a Deus. 


 

7.3  Análise das versões: 

Nas versões Almeida Revista e Atualizada e Versão Almeida Revista e Corrigida, temos a presença dos verbos:  pender e inclinar, que são sinônimos, usados nos versículos 5 de ambas as versões cujo significado é tender para algo, enquanto que a Versão Nova Tradução da Linguagem de Hoje e a Versão Bíblia de Jerusalém, que utilizam os termos “viver de acordo” e “viver segundo”, cuja tradução mais se aproxima do texto original que é “de acordo com”, quando se referem à relação entre a carne e o Espírito.

Quanto aos substantivos “carne” e “Espírito” tirado do texto para analise, não há distinção entre todas versões e o texto original.  

 

7.4 Transliteração de Romanos 8: 5 - 8:

 Romanos 8.5. 

οι   γαρ  κατα      σαρκα       οντες     τ                της    σαρκος         φρονουσιν,                   

oi   gar   kata      sarka     ontes       ta               tes     sarkós       phronousin,

os  Pois  segundo (a) carne  que são   as (coisas)  da      carne         tem em mente,

 

οι  δε     κατα                     πνευμα,        τα               του    πνευματος.

oi  de     kata                     pneuma,       a                tou    pneumatos

os mas   (que são) segundo  (o) Espírito,  as (coisas)   do      Espírito.


 Romanos 8.6.

τ      γρ     φρόνημα             τς  σαρκς  θάνατος,     τ      δ     φρόνημα             το

para   gar     phronema           tes  sarkos   thanatos,    para   de     phronema           tou

o       Pois    modo de pensar   da   carne    (é) morte,   o       mas   modo de pensar  do

 

πνεύματος   ζω  κα    ερήν.

pneumatos  Zōē  kai    eirenei.

Espírito      (é)    vida  e paz.


 Romanos 8.7.

 

διότι  τ    φρόνημα    τς  σαρκς   εχθρα       ες   θεòν,      τ      γρ        νόμω

dióti para  phronema  tes  sarkós    echthra    eis   theón,     to       gar        nomos

por  isso   o   modo    de   pensar   da  carne  (é)  inimizade contra  Deus, à  pois lei

 

το   θεò,    οχ   ποτάσσεταιοδ   γρ   δύναται.

tou   Theou,  não   upotássetai,  oude   gar   dunatai.

de    Deus,   não   esta sujeito,  nem    pois  pode. 


 Romanos 8.8.

ο δ  ν    σαρκ       ντες          θε     αρεσαι  ο    δύνανται.

oi   de pt    sarkí        ontes          theó    aresai  ou    dunantai.

os   e  em   (a) carne  que estão   a Deus agradar não  podem.


 

7.5 Fichamento de Romanos - 8: 5 - 8: 

 οι – oi = aqueles  - artigo definido - nominativo - masculino – plural.

γαρ  - gar = para – conjunção subordinativa - atribuindo um motivo (usado no argumento, explicação ou intensificação, muitas vezes com outras partículas). 

κατα  - kat-ah =  de acordo com -  preposição  - para baixo (no lugar ou tempo), nas relações variadas.

σαρκα – sarka = carne - carnal (mente) - substantivo - acusativo - feminino – singular. 

οντες -  ontes = que são; sendo; ser; vem; tem - particípio do verbo - presente - nominativo - masculino – plural. 

τὰ  – ta = aqueles - artigo definido – acusativo- neutro - plural

της  - tes = de - artigo definido - genitivo - feminino – singular.  

σαρκος -  sarkós = carnal carne - substantivo - genitivo singular feminino.  

φρονουσι&nu - phronousin = pensar - verbo - indicativo – ativo - terceira pessoa do plural. Outros significados = para exercitar a mente, distrair ou ter um sentimento ou opinião. 

οι – idem.

δε – de =  mas, também, além dissoconjunção coordenativa.  

κατα  - idem. 

πνευμα  - pneuma = Espírito, a vida - substantivo - acusativo - neutro - singular.

τα – idem.

του – tou = do  - artigo definido - genitivo - neutro – singular.

πνευματος - pneumatos = do Espírito - substantivo - genitivo - singular – neutro.


ROMANOS 8. 6

* πνευματος - pneumatos = do Espírito - substantivo - genitivo - singular – neutro.

το – para  = o - artigo definido - nominativo - neutro – singular.

γαρ – gar  = para – conjunção subordinativa - atribuindo um motivo, usado no argumento, explicação ou intensificação, muitas vezes com outras partículas.

*φρονημα – phronema = mentalidade - substantivo – nominativo - neutro – singular. (inclinação) mental ou propósito - (ser, estar carnalmente, ser espiritualmente).

*της – tes = de -  artigo definido - genitivo - feminino – singular.

*το – idem.

*δε – de = mas – e- também - além disso - conjunção coordenativa.

*φρονημα – idem.

του  - tou = do  artigo definido - genitivo - neutro – singular.

*ζωη – zoe = vida - a vida - substantivo - nominativo - feminino – singular.

*και – kai = e – também - até mesmo - para então - conjunção coordenativa. Muitas vezes usado em conexão (ou composição) com outras partículas ou pequenas palavras.

*ειρηνη – eirenei = pazsossego - descanso substantivo - nominativo - feminino – singular.


 ROMANOS 8. 7 

* διότι - dioti = porque (que) – pois – portanto - na conta - muito isso, ou na medida em que - conjunção subordinativa. 

τ – para  = o - artigo definido - nominativo - neutro – singular.

 * φρόνημα – phronema = mentalidade - mente - substantivo – nominativo - neutro – singular

τς – tes = de -  artigo definido - genitivo - feminino – singular.

* sigma;αρκς – sarkos = carne;  carnal (mente), substantivo - genitivo - feminino – singular.

* εχθρα - echthra = hostil – hostilidade - a inimizade - o ódio - substantivo – nominativo -  feminino – singular.

* εις  -  eis =  rumo a - preposição de lugar, tempo, (indicando o ponto alcançado ou entrou), ou (figuradamente) efeito (resultado, etc); também em locuções adverbiais

*  θεον – Theós - Deus - uma divindade - pela Hebraica - um magistrado muito - superior - substantivo - acusativo masculino singular.

* τω – to artigo definido - dativo - masculino – singular

* γαρ – gar  = para – conjunção subordinativa - atribuindo um motivo, usado no argumento, explicação ou intensificação, muitas vezes com outras partículas.

* νομω - nomos = lei - substantivo - dativo - masculino – singular - lei (através da idéia do uso prescritivo), caso genitivo (regulamento), em especial, (de Moisés incluindo o volume, e também do Evangelho, ou figuradamente (a princípio) da lei.

του - tou = do  artigo definido - genitivo - neutro – singular. artigo definido - genitivo masculino singular.

θεου – idem.  

ουχ  - ouch = não – nunca - nenhum homem - nenhum (pode) – nada – adjetivo – advérbio.

υποτασσεται – upossetai = submisso - subordinar - obedecer - estar sob obediência - colocado sob, até subjugar, (ser, fazer) sujeito (a, até), ser (posto) em sujeição (que, por força), eu vos apresentar obediente - verbo - indicativo - presente - passivo - terceira pessoa do singular. 

ουδε - oude = é capaz - (nem, não), nem (ainda), (também, até mesmo, então) não (mesmo, tanto como), nada, tanto quanto  - entretanto, não seja nem um, nem, nem sequer - nem (na verdade), nunca, nunca mais – adjetivo – advérbio.

*  γαρ  - idem. * δυναται – dunatai = é capaz  de - poder ou possívelpode – talvez - ser possível - de poder - verbo - indicativo - presente - media ou passivo depoente - terceira pessoa do singular. 


ROMANOS 8. 8 

*  οι – oi = aqueles - artigo definido - nominativo - masculino – plural.

* δε - de = mas – e- também - além disso - conjunção coordenativa.

*εν – pt =  em por – preposição – dativo.

*σαρκι – sarki = carne – carnal - substantivo – dativo  - feminino – singular.

*οντες – ontes =  que são - sendo - ser – vem – tem - verbo - particípio - presente – ativa - nominativo -masculino – plural. 

* θεω - Theós = Deus - uma divindade -  figurativamente, um magistrado - substantivo - dativo - masculino – singular. xx* αρεσαι – aresai =  por favor - para ser agradável (ou implicitamente, para buscar a sê-lo) - verbo - depoente - média aoristo ativo ou passivo – nominativo

 *ου – ou = nãopode – nunca – adjetivo – advérbio. 

* δυνανται -  dunamtai = são capazes - pode, talvez, ser possível - verbo - indicativo - presente - media ou passivo depoente - terceira pessoa do plural.  


 

 Objetivo do Texto:

O objetivo do texto é confrontar as duas diferentes realidades cristãs de vida espiritual, conforme rege os mandamentos bíblicos, sendo que o primeiro caso é o do cristão que ainda não experimentou a verdadeira conversão em contraste com aquele cristão verdadeiramente renascido em Cristo, tendo mortificado os desejos da carne, ou seja, aquele que é perante o que não é um fiel seguidor de Cristo.

Há dois substantivos importantes no texto, que expressa duas situações opostas, a primeira, “receber alforria” e a segunda “ser condenado’, e leva a oposição que o autor que mostrar no conflito existente entre a lei do Espírito da vida com a lei do pecado e da morte.

Assim, ao regime do pecado “carnal”, Paulo opõe o novo regime da lei do Espírito, e diz que em nós transborda o Espírito da lei de Deus, através do perdão e da santificação.

Este preceito da lei divina que pode ser traduzido como “o que é justo”, cujo cumprimento só é possível pela união com Cristo através da santificação, isto porque não vivemos segundo a carne, mas andamos no Espírito, ou seja, temos a mente controlada pelo Espírito.

A Igreja em Roma vivia esta crise espiritual naquela época, mas nada impede que o teor doutrinário do texto seja aplicado na Igreja de Cristo nos dias atuais.

É interessante notar que a palavra “lei” aparece 70 no texto de Romanos, e uma vez no capitulo 8, versículo 7 da perícope, e sempre tem uma das três conotações:

1. Revelação de Deus e da sua santidade; 

2. Foi dada para esclarecer o que é o pecado,

3. Existe para orientar aquele que crê.

Da mesma maneira, a palavra carne é sempre utilizada em Romanos com um dos quatro sentidos:

1. Natureza fraca do homem, Rm: 6:19;

2. Natureza velha do cristão Rm: 7:18;

3. Natureza humana de Cristo, Rm: 8:8;

4. Natureza não regenerada Rm: 8:8 da perícope. 

 

Conclusão:

Através da elaboração desta exegese, aprendemos que a lei da vida do Espírito é superior a lei da carne e da morte, e que as pessoas que vivem de acordo com a sua natureza humana não podem agradar a Deus.

Paulo disse que Jesus Cristo é a resposta à necessidade mais urgente do homem, a libertação da morte espiritual.

O capítulo 8 afirma que Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) trabalha para a salvação dos fiéis.

É um capítulo que consola todos que lutam contra o pecado no serviço ao Senhor. São livres em Cristo, aqueles que estão em Cristo estes, foram libertados da condenação, da lei do pecado e da lei da morte.

Em Cristo, Deus fez o que a lei não podia fazer. Jesus veio na carne para fazer o que a lei não fez por causa da fraqueza da carne. Deus, através de Jesus, condenou o pecado.

Assim ele cumpre o propósito da lei em nós.

A lei do Espírito era oposta ao pecado “condenou o pecado”, e venceu o pecado. As pessoas sujeitas à lei da carne, ainda andam na carne e estão sujeitas à morte.

Em Jesus, Deus condenou e venceu o pecado. Aqueles que participam dessa vitória andam segundo o Espírito, não segundo a carne.

Desta forma, não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus nos libertou da lei do pecado e da morte. 

De fato era impossível à lei Espírito atuar, porque estava enfraquecida pela carne, mas Deus, enviando o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado e em vista do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que o preceito da Lei do Espírito se cumprisse em nós que não vivemos mais segundo a carne, mas sim, segundo o Espírito.

No estudo do capitulo 8: 5 - 8, o que Paulo exorta aos cristãos de Roma, é justamente que a pessoa quando se torna um cristão, ele tem que permitir que o Espírito de Deus comece a operar uma transformação na sua vida, libertando-a da prática de certos hábitos que eram comuns na vida não cristã, precisa ser abandonado porque impede a execução do processo de santificação.

É como passar por uma reciclagem material e espiritual, na sua vida, mudando a maneira como se vivia antes no pecado para uma novidade de vida; é como vai se portar a partir de então, e esta mudança é nada mais nada menos do que mudar os usos e costumes do cotidiano de antes, para um novo estilo de vida.

E a necessidade de mudança de postura do padrão antigo para o novo, vem causando polemica na história da Igreja, entre os cristãos, além da extrema rejeição pela maioria das pessoas que se confessam cristãos; só porque abandonou a antiga religião e converteu-se ao cristianismo evangélico.

Aqui nasce o crente oportunista, a partir de uma distorção ao seu favor, onde o crente espiritualmente carnal se apóia.

Através de um método sutil, ele troca o sentido da palavra converter que significa (transformar) utilizando o recurso da linguagem, e substitui a palavra (transformar) para a palavra (transmudar); e por meio deste recurso da gramática, ele faz a sua hermenêutica distorcida; onde o sentido de (transformar), é substituído pelo sentido de (mudar), daí elabora a sua hermenêutica, aplica este sentido a mensagem do texto, e cria uma nova doutrina; onde os crentes avessos à santidade e sem compromisso com a verdade, adota este ensinamento como a mais pura expressão da verdade.

É comum ouvirmos testemunhos de pessoas que tiveram as suas vidas mudadas, porém transformadas são poucos os casos conhecidos.

Este mal teve inicio nos primórdios da Igreja primitiva, e vem subsistindo nos tempos afetando e contaminando as Igrejas; atingindo os cristãos de todos os níveis, do menos instruídos passando por pastores, lideranças de Igrejas até os estudiosos da teologia, e o que todos eles tem em comum é a condição de que são desprovidos da unção através da transformação pelo Espírito de Deus.

Portanto, o crente carnal nada mais é do que o oportunista, que faz uma exegese a partir de um trecho que ele isola de versículos ou capítulos da Bíblia, cria uma hermenêutica, estabelece a uma doutrina com base neste principio, prega -a como uma verdade fundamental, atrai adeptos com igual pensamento, funda uma instituição que denomina de Igreja, e concorre diretamente com os crentes verdadeiramente transformados pelo poder do Espírito de Deus, a salvação, sem a necessidade da santidade que sem ela ninguém verá a Deus.

Esta é a verdade. 

Então temos o cristão que mudou da religião ou da igreja antiga, por conseqüência disto, mudou a sua realidade de vida, adotou a confissão de fé da nova Igreja na nova religião, trouxe consigo os costumes de outrora; não experimentaram a transformação pelo Espírito de Deus, estes tais são os que vivem cegamente nos desígnios da carne.

Desde os primórdios da Igreja isto vem acontecendo, e isto foi observado pelo Apóstolo na Igreja de Roma, os cristãos daquela época provavelmente estavam vivendo esta crise, adaptando a Bíblica à sua realidade de vida, ao invés de experimentarem a verdadeira transformação das suas vidas pelo verdadeiro ensino de Cristo, mas isto requeria abandonar as coisas do mundo, abolir a pratica de certos hábitos mundanos nocivos à vida espiritual, deixando o Espírito de Deus operar uma profunda transformação na vida contaminada pelo pecado.

Este método ainda vem sendo praticado pela Igreja atual, e não exige muito esforço para ver a discrepância entre os crentes que “servem” a Deus após terem suas vidas transformadas pelo Espírito de Deus, daquelas as pessoas que “seguem”, vivendo segundo o espírito que opera sobre a carne. Os verdadeiros adoradores, que adoram a Deus em Espírito e em verdade, que são aqueles cujo estilo de vida foi transformado, estes hoje são estigmatizados como “santarrões”, exemplo: os cristãos das Igrejas pentecostais, cujos ensinamentos doutrinários mais se aproxima dos ensinamentos desta epístola, na minha concepção.

Com efeito, os que vivem segundo a carne desejam as coisas da carne, e os que vivem segundo o espírito, as coisas que são do espírito.

Esta é a verdade absoluta. 

 

Bibliografia:

 

Aprenda o grego do Novo Testamento, CPAD, Rio de Janeiro, 1994.

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Bíblia de Jerusalém- edição de 1998 - 4a impressão, 2006 - © PAULUS.

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Bíblia Versão Nova Tradução da Linguagem de Hoje.

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Bíblia Explicada S. E Mcnair, 4ª Edição - RJ, 1999 – CPAD.

Bíblia de Estudo Nova Tradução na Linguagem de Hoje – S B Brasil 2005.

Bíblia de Estudo Thompson, Almeida Edição Contemporânea, 1992 – Editora Vida.

Bíblia Nova Versão InternacionalNVI.

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Bíblia Plenitude – SBB Almeida Revista e Atualizada.

Bíblia Shedd, Revista e Atualizada no Brasil, 1998, Editora Vida.

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Dicionário Houaiss da Língua portuguesa.

Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento - Edições Vida Nova.

Dicionário do Novo Testamento Grego, Juerp, Rio de Janeiro, 1991 - Taylor, W. C.

Greek New Testament Brook F. Westcott and Fenton J. A. Hort (1881)

Noções do Grego Bíblico, Edições Vida Nova, São Paulo, 1993 - Rega Lourenço Stelio.

Manual Bíblico, edições Vida Nova, São Paulo, 1993 - Halley, H. H.

O Novo Comentário da Bíblia, Ed. Vida Nova, São Paulo - Davidson, F.

Panorama do Novo Testamento, Edições Vida Nova, São Paulo, 1991.

The Greek New Testament, United Bible Societies, USA, 1994.

 

Primeira - Revisão: 04/05/2016

Cornelio A.Dias

 

               Revisão Agosto-28-2016 

 

Em Cristo.

Shalon.

Por Cornelio A.Dias  

 

"Feito perfeito, é imperfeito; como criação, o meu eu; natureza humana! C. A. Dias.

 

 

              

 

 

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